Neste momento em que paramos e olhamos para trás, para os 365 dias que passaram e que agora encerram mais um ciclo em nossas vidas, percebemos que 2011 foi um ano muito bom para o cinema mundial. Neste período geralmente elencamos os nossos favoritos dos últimos 12 meses, e dessa vez foi difícil limitar-me a apenas 10 favoritos. Por isso que esta lista será composta pelo dobro – ou seja, por 20 títulos.
Como já é mais do que sabido, basta fazermos qualquer tipo de enumeração para incorrermos em injustiças e levantarmos desacordos. Pois então, a minha proposta aqui não é bater o martelo nem oferecer algo definitivo. É apenas a minha visão deste instante. Talvez daqui a um mês a fizesse diferente. Mas neste momento ela me parece bem representativa, não somente apontando o que de melhor, de mais ousado e diferente se fez, mas também o que mais me emocionou, envolveu e, acima de tudo, me divertiu. Afinal, cinema é arte, técnica e experimentação, mas acima de tudo é também entretenimento. Vamos aos 20 + de 2011!
20. Não me abandone jamais (Never let me go, USA/Inglaterra, 2010)
Dirigido pelo realizador de videoclipes Mark Romanek, esse poderia ser um caso perfeito em que o visual se sobressairia à história. Felizmente, não é o que acontece. Keira Knightley, Andrew Garfield e, principalmente, Carey Mullligan são ideais para esse conto de amor e separação sobre um futuro em que clones existem apenas para servirem aos humanos. Dolorido e encantador.
Rotten Tomatoes: 70%
Box Office: custou US$ 15 milhões / arrecadou US$ 9 milhões
19. O Discurso do Rei (The King’s Speech, Inglaterra, 2010)
O grande vencedor do Oscar 2011 não era o meu favorito particular – se fosse um lista de 5 indicados, ele nem estaria entre os finalistas – mas isso de forma alguma quer dizer que se trata de um filme ruim. Muito pelo contrário, possui méritos inegáveis, sendo talvez o maior deles a impressionante performance de Colin Firth.
Rotten Tomatoes: 95%
Box Office: custou US$ 15 milhões / arrecadou US$ 414 milhões
18. Saturno em Oposição (Saturno Contro, Itália/França/Turquia, 2007)
Esse drama gay italiano foi bastante comentado na Europa, mas passou em branco no resto do mundo. O que talvez explique sua demora para chegar ao Brasil – quatro anos! A trama é comum – grupo de amigos precisa enfrentar, juntos, uma tragédia – mas é justamente essa simplicidade que encanta e envolve. O elenco é primoroso, e o roteiro do turco Ferzan Ozpetek é um primor.
Rotten Tomatoes: –
Box Office: –
17. Namorados para Sempre (Blue Valentine, EUA, 2010)
Michelle Williams conseguiu sua segunda indicação ao Oscar por esse triste e dolorido drama amoroso. Lançado no Brasil de uma forma estúpida e incompreensível – com um título sem relação com a história e no Dia dos Namorados – fala de um casal em que a paixão já não mais existe, apenas o amor dele e o desprezo dela. Ryan Gosling é outro destaque, indicado por este trabalho ao Globo de Ouro.
Rotten Tomatoes: 88%
Box Office: custou US$ 1 milhão / arrecadou US$ 12 milhões
16. Um Conto Chinês (Un Cuento Chino, Argentina/Espanha, 2011)
Ricardo Darín se firmou como o maior astro internacional do cinema argentina com essa comédia de absurdos que mesmo assim consegue ser comovente e emocionante. Ele aparece como um turrão dono de uma ferragem que abriga um chinês perdido em Buenos Aires que, mesmo sem conseguir dizer uma só palavra em espanhol, irá lhe ensinar como melhor se relacionar com as pessoas ao seu redor que só lhe querem bem. O final, com a vaca na parede, é ímpar.
Rotten Tomatoes: –
Box Office: –
15. Incêndios (Incendies, Canadá/França, 2011)
Esse drama canadense indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é um legítimo soco no estômago. A história de dois irmãos que só descobrem a verdadeira história da própria mãe após a morte dela é ao mesmo tempo emocionante e terrível, envolvendo sem concessões ou meio-termos. Um trabalho precioso.
Rotten Tomatoes: 92%
Box Office: custou US$ 7 milhões / arrecadou US$ 3,5 milhões
14. Melancolia (Melancholia, Dinamarca/Suécia/França/Alemanha, 2011)
O polêmico realizador dinamarquês Lars von Trier lançou a controvérsia do ano ao afirmar, durante o Festival de Cannes, que compreendia as motivações de Adolf Hitler. Com isso se tornou persona non grata no evento, o que não impediu de que seu filme tenha sido premiado como Melhor Atriz, para Kirsten Dusnt. A história da noiva que desiste do casamento no dia da festa, nas vésperas do fim do mundo, é absurdamente bela e assustadoramente provocadora.
Rotten Tomatoes: 78%
Box Office: – / arrecadou US$ 15 milhões
13. O Garoto da Bicicleta (Le Gamin au Vélo, Bélgica/França/Itália, 2011)
Premiado no Festival de Cannes e indicado ao Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro, a nova produção dos irmãos Dardenne é simples, direta e comovente. Um filme sem rodeios, sobre um menino abandonado pelo pai que encontra numa cabelereira a única pessoa a lhe dar carinho. Mesmo assim, luta para conter sua alma rebelde. Um filme de poucas palavras mas imensos significados.
Rotten Tomatoes: 92%
Box Office: –
12. Tudo Pelo Poder (The Ides of March, EUA, 2011)
A quarta incursão do astro George Clooney por trás das câmeras é também o seu melhor filme como realizador. Corre o risco, no entanto, de ser eclipsado por outros trabalhos de Clooney e do protagonista Ryan Gosling desse mesmo período. Mesmo assim, esse drama político sobre o candidato democrata à presidência dos EUA é surpreendente e ardiloso como uma boa tragédia shakespeariana. O elenco estrelado é outro destaque.
Rotten Tomatoes: 86%
Box Office: – / arrecadou US$ 57 milhões
11. Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris, EUA/Espanha, 2011)
E desde quando quantidade não gera qualidade? Há tempos se dizia que a impressionante produtividade de Woody Allen – que lança ininterruptamente um novo filme a cada ano – havia desgastado seu talento, mas em 2011 ele provou que todos estavam errados ao lançar um dos melhores trabalhos de toda sua carreira e também o seu maior sucesso de bilheteria. Um feito e tanto, ainda mais se considerarmos que o mestre já está chegando a sua 50° produção!
Rotten Tomatoes: 93%
Box Office: custou US$ 17 milhões / arrecadou US$ 145 milhões
10. A Pele que Habito (La Piel que Habito, Espanha, 2011)
Já na lista dos 10 finalistas, obviamente um que não poderia ficar de fora é o que marca a volta do mestre espanhol Pedro Almodóvar às telas, uma obra que serviu também como reencontro com o icônico Antonio Banderas, depois de mais de 20 anos. Suspense, drama, vingança, paixão, família e muito amor são os sentimentos que movimentam essa trama sobre um homem obcecado pela morte de sua esposa e a criação da pele perfeita por um genial cirurgião plástico. Um dos filmes mais perturbadores de 2011.
Rotten Tomatoes: 79%
Box Office: – / arrecadou US$ 30 milhões
09. O Palhaço (O Palhaço, Brasil, 2011)
Essa é recém a segunda incursão de Selton Mello, um dos mais bem sucedidos atores brasileiros, por trás das câmeras. Mas foi o que bastou para consagrá-lo não somente como um dos mais impactantes realizadores da atualidade, como também definiu seu casamento com o público. Afinal, a história do palhaço em crise de identidade que decide abandonar o circo onde cresceu e sempre trabalhou para se reencontrar levou mais de um milhão e quinhentos mil espectadores aos cinemas nacionais. E isso não é pouco, não!
Rotten Tomatoes: –
Box Office: –
08. Quebrando o Tabu (Quebrando o Tabu, Brasil 2011)
Luciano Huck dois um dos produtores que acreditaram na proposta do jovem Fernando Grostein Andrade (o mesmo de Coração Vagabundo, sobre Caetano Veloso) em realizar um contundente documentário nacional sobre a problemática das drogas no país. E não é que deu certo? A rapaz conseguiu depoimentos de nomes como Fernando Henrique Cardoso, Bill Clinton, Jimmy Carter, Paulo Coelho, Gael Garcia Bernal e Dráuzio Varella, entre tantos outros, e chocou a todos com revelações provocadores e verdades incontestáveis. Um dos melhores socos no estômago do ano.
Rotten Tomatoes: –
Box Office: –
07. Um Sonho de Amor (Io Sono L’Amore, Itália, 2009)
Realização de um desejo pessoal da oscarizada Tilda Swinton, aqui ela aparece como a emigrante russa que se assume como matriarca de uma tradicional família italiana de Milão e que coloca tudo a perder ao se apaixonar por um amigo do seu filho. Indicado ao Oscar (Figurino) e ao Globo de Ouro (Filme Estrangeiro), é a mais emocionante história de amor do ano.
Rotten Tomatoes: 80%
Box Office: – / arrecadou US$ 11 milhões
06. Lola (Lola, França/Filipinas, 2009)
Brillante Mendoza é um dos maiores nomes do atual cinema asiático, mas foi somente em 2011, com sua nona realização, que ele finalmente estreou no Brasil. E este filme, sobre a difícil jornada de duas avós tendo que lidar com as irresponsabilidades dos netos – um assassinou o da outra, que agora precisa providenciar o funeral, enquanto que a primeira busca libertar o descendente da prisão – é uma aula universal de cinema e, acima de tudo, de humanidade. Bonito e emocionante.
Rotten Tomatoes: –
Box Office: – / –
05. Super 8 (Super 8, EUA, 2011)
A aventura escapista do ano. J. J. Abrams se revelou um substituto de Steven Spielberg (produtor do filme) à altura, criando essa fantasia sobre invasões extraterrestres e conspirações militares que nos remeteu diretamente aos melhores momentos cinematográficos dos anos 80. Divertido, envolvente e com ótimos efeitos especiais, foi o blockbuster mais original da temporada justamente por não inventar, apenas recriando as sensações que todos sentiam saudades.
Rotten Tomatoes: 82%
Box Office: custou US$ 50 milhões / arrecadou US$ 260 milhões
04. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2, EUA/Inglaterra, 2011)
Tudo bem que a Parte 1 foi lançada em 2010, mas foi em 2011 que finalmente chegamos ao final da impressionante saga do menino bruxo que durante uma década conquistou leitores e espectadores de todo o mundo. Este é o terceiro filme de maior bilheteria da história – perde apenas para Avatar (2009) e para Titanic (1997) e encerra com toda pompa e propriedade a saga do garoto que perdeu os pais logo ao nascer e que teve sua vida predestinada a um encontro mortal com o maléfico Lord Voldemort. Um épico que ficará para a posteridade.
Rotten Tomatoes: 96%
Box Office: custou US$ 125 milhões / arrecadou US$ 1.328.111.219 bilhão
03. Cisne Negro (Black Swan, EUA, 2010)
Merecidamente premiado com o Oscar de Melhor Atriz (Natalie Portman), concorreu também a Melhor Filme e por pouco os resultados não foram ainda mais positivos. Portman aparece como a bailarina atormentada por uma antiga diva, por uma nova e competitiva colega, por um instrutor que mexe com seus nervos e por uma mãe exageradamente controladora. Diferente, provocador e intrigante, é uma obra que combina cinema, literatura, dança e música com igual precisão, provocando reações extremas e torcidas fervorosas.
Rotten Tomatoes: 87%
Box Office: custou US$ 13 milhões / arrecadou US$ 329 milhões
02. Cópia Fiel (Copie Conforme, França/Itália/Bélgica, 2010)
Alguém pode descrever com toda segurança o que se passa neste filme? Esta é, provavelmente, a obra mais aberta às diversas explicações possíveis, e justamente por isso seja um dos trabalhos mais interessantes do ano. É um longa interativo, em que cada espectador forma a sua própria história de acordo com o que vê, compreende e absorve. E ainda aproveita uma das mais encantadoras atuações do ano, em uma Juliette Binoche merecidamente premiada no Festival de Cannes. O mestre Abbas Kiarostami estreou no cinema ocidental com o pé direito.
Rotten Tomatoes: 88%
Box Office: – / arrecadou US$ 5 milhões
01. A Árvore da Vida (The Tree of Life, EUA, 2011)
E quem diria que o filme mais comentado, estranho, apaixonante e encantador do ano seria uma produção hollywoodiana estrelada por dois dos maiores astros do cinema atual? Merecidamente reconhecido com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, esse emocionante épico familiar sobre a origem da vida e nosso ínfimo poder de decisão sobre os destinos das coisas é quase como uma poesia em seu radicalismo: ame ou odeie, pois não há meio termos. E sorte daqueles que estão no primeiro time, pois encontraram aqui um dos filmes mais inesquecíveis de todos os tempos.
Rotten Tomatoes: 85%
Box Office: custou US$ 32 milhões / arrecadou US$ 54 milhões
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