INDICADOS
A categoria de Melhor Ator Coadjuvante deste ano talvez seja a mais imprevisível das quatro de atuação, pela simples falta de um óbvio favorito. Como há muitos anos não acontecia, todos os indicados já foram premiados em ocasiões anteriores, o que dificulta ainda mais a torcida por aquele “menos favorecido”. Se a presença de Arkin (Melhor Ator Coadjuvante de 2006 por Pequena Missa Sunshine) como um dos finalistas tem sido lembrada por todas as premiações de maior destaque (Globo de Ouro, BAFTA, SAG), em nenhuma destas ocasiões ele foi de fato reconhecido, diminuindo suas chances. O mesmo pode ser dito de De Niro (Melhor Ator por Touro Indomável, 1980, e Melhor Ator Coadjuvante por O Poderoso Chefão II, de 1974), que segue nessa temporada de mãos vazias, além de nem ter sido indicado ao Globo ou ao BAFTA. A situação é um pouco melhor para Seymour Hoffman (Melhor Ator por Capote, 2005), que foi premiado no Festival de Veneza (Melhor Ator, ao lado do seu colega de elenco Joaquin Phoenix), com o Broadcast Film Critics Award e com alguns prêmios da crítica (Washington, Vancouver, Toronto, Southeastern, Kansas, Florida e Chicago) e para Lee Jones (Melhor Ator Coadjuvante por O Fugitivo, 1993), que ganhou o reconhecimento dos colegas no SAG, além de ter sido premiado pelos críticos de Dallas-Fort Worth, São Francisco e Las Vegas. Mais surpreendente, no entanto, é a situação de Christoph Waltz (Melhor Ator Coadjuvante por Bastardos Inglórios, 2009), que ganhou o Globo de Ouro, o BAFTA e os prêmios da crítica de Austin, Central Ohio e San Diego, e que pode também ser recompensado em nome dos demais colegas de elenco, que mereciam estar entre os finalistas de 2013!
Favorito: O fato é que qualquer um pode ganhar, pois não há um franco favorito. Mas as apostas apontam para Tommy Lee Jones por dois motivos: está no filme campeão de indicações deste ano e ganhou o prêmio do Sindicato dos Atores de Hollywood (SAG Award). Como os votantes desta premiação representam cerca de 70% dos eleitores do Oscar, é mais provável que o resultado mais uma vez se repita. No entanto, tanto Philip Seymor Hoffman como Christoph Waltz também podem surpreender.
Torcida: Ele está com poucas chances, mas é uma felicidade incrível presenciar Robert De Niro mais uma vez entregando um trabalho memorável. Há anos ele vinha atuando apenas em ponto morto, como se não tivesse nada melhor para fazer, e aqui ele finalmente mostra porque é, ainda hoje, considerado um dos melhores atores do cinema americano. Ao compor esse pai viciado em jogo, supersticioso e repleto de manias, mas ainda assim humano e familiar, ele mostra no olhar que uma vitória sua não seria nem um pouco absurda.
Azarão: Alan Arkin, evidentemente. Ele nem é o melhor coadjuvante do seu filme – John Goodman, como o maquiador John Chambers, está ainda mais iluminado – e esta é recém sua primeira indicação após a (merecida) conquista por Pequena Missa Sunshine. Sua presença só pode ser justificada pelo carisma do ator e pela força do filme, mas uma vitória é virtualmente impossível.
Esquecidos: Alguns bons nomes ficaram de fora da lista final deste ano (como o já citado John Goodman), mas foi uma grande pena ver os outros dois coadjuvante de Django Livre – Leonardo DiCaprio (premiado com o National Board of Review e indicado ao Globo de Ouro) e Samuel L. Jackson – de fora da disputa. Outro que teve sua ausência bastante sentida foi Matthew McConaughey, que por Magic Mike foi eleito o Melhor Ator Coadjuvante do ano pelo Sindicato Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e pelos Críticos de Nova York, além de ter tido desempenhos incríveis nos subestimados Killer Joe – Matador de Aluguel (2011), Bernie (2011) e The Paperboy (2012). O ano dele foi fantástico, e ele merecia esse reconhecimento!
As análises dos indicados nas demais categorias você confere no Especial Oscar 2013!
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.