INDICADOS:
A categoria de Melhor Diretor deste ano é, sem sombra de dúvidas, a mais polêmica dos últimos tempos. E tem tudo para ser ainda mais caso Argo saia vencedor do grande prêmio da noite, deixando seu diretor Ben Affleck a ver navios, visto que não foi indicado em sua categoria. Explico: não é regra, mas geralmente o melhor filme vem atrelado a um melhor diretor, uma figura que colocou todos os ingredientes da produção em sintonia fina, merecendo os louros juntamente com o longa-metragem em questão. Já aconteceu (inclusive na última década) um diretor levar o prêmio e o filme não recebê-lo – e vice-versa – mas há anos não acontecia do diretor nem ser lembrado. A última vez? Em 1990, com Conduzindo Miss Daisy, quando o cineasta Bruce Beresford não foi indicado à estatueta. O que houve este ano? Deslize dos votantes? Despreparo em razão da novidade da votação online? Não se sabe. Mas o embaraço da Academia com a situação pode fazer com que mudanças sejam orquestradas para os próximos anos. Com o número maior de indicados a Melhor Filme, não chegaria a hora disso acontecer também com os diretores?
Favorito: Steven Spielberg está contido como nunca em Lincoln e, por comandar uma história importante para os Estados Unidos, mostrando um dos presidentes mais emblemáticos daquele país, o cineasta deve receber sua terceira estatueta na festa da Academia. Curiosamente, se o prêmio se confirmar e Argo realmente for o Melhor Filme, Spielberg novamente passaria pela experiência de ganhar o Oscar sem vencer na categoria principal. Quando recebeu sua segunda estatueta, pela direção magnífica de O Resgate do Soldado Ryan, o cineasta teve que se contentar em ver Shakespeare Apaixonado lhe tomar o grande louro da noite. Será que esta história se repetirá em 2013?
Torcida: Michael Haneke dirige mais uma obra-prima em Amor e, sabendo da sua predileção em comandar produções em sua língua natal, é pouco provável que seja indicado novamente. Portanto, a estatueta deste ano serviria não só como um prêmio ao trabalho no filme atual, mas também pelo conjunto de sua obra, que conta com pérolas como A Fita Branca (2009), Caché (2005) e A Professora de Piano (2001).
Azarão: O jovem Benh Zeitlin dirige uma produção belíssima, de forma quase artesanal em Indomável Sonhadora. Comandando atores não profissionais e extraindo atuações impressionantes de seus talentos brutos, Zeitlin merece figurar na lista dos cinco melhores diretores até como um incentivo pelo seu trabalho. Ainda que não vença – as chances são poucas – a lembrança da Academia abrirá muitas portas para este jovem talento.
Esquecido: Por onde começar? Quentin Tarantino por seu ótimo “Southern” Django Livre? Kathryn Bigelow por mais uma vez conseguir deixar o espectador na ponta da cadeira com A Hora Mais Escura? Não. O nome realmente esquecido foi Ben Affleck, com seu possível vencedor do Oscar Argo. Vencedor do Sindicato dos Diretores, do Bafta, do Globo de Ouro e de tantos outros prêmios, Affleck seria um nome perfeito para figurar entre os cinco mais do ano. Esquecimento imperdoável.
As análises dos indicados nas demais categorias você confere no Especial Oscar 2013!
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.