INDICADOS:
Em 2010 decidiu-se aumentar o número de candidatos ao Oscar de Melhor Filme, a categoria mais cobiçada de todas, dobrando os tradicionais 5 finalistas para uma seleção de 10 títulos. Esta nova regra durou apenas dois anos, e desde 2012 o sistema de votação permite que seja de 5 (mínimo) a 10 (máximo) candidatos, sem um número fixo. No entanto, tanto no ano passado quanto dessa vez a quantidade de finalistas se restringiu a 9 obras. Se o objetivo dessa mudança era promover uma diversidade de gêneros entre os melhores filmes do ano, em 2013 isso ficou mais claro do que nunca, com uma cinebiografia, um thriller “inspirado em fatos reais”, um drama extremamente íntimo e pessoal, uma fantasia infantil, uma aventura fantástica, um suspense investigativo, uma comédia romântica, uma trama de ação ao estilo do velho oeste e um musical nos moldes clássicos. Tem para todos os gostos, portanto. E é justamente por isso que apontar um legítimo favorito nunca foi tão difícil.
Com nove indicados a melhor filme e apenas cinco destes lembrados também na de melhor direção, quatro títulos ficariam, virtualmente, prejudicados. Desde 1990 – ou seja, há mais de vinte anos – que não ganha um longa que não tenha tido seu diretor também indicado. O último caso foi Conduzindo Miss Daisy, que mesmo com seu realizador Bruce Beresford de fora da disputa pela estatueta foi agraciado como Melhor Filme do ano. E, antes desse, somente Grande Hotel, de 1932 (!), e Asas, de 1928 (!!),conseguiram tal feito! No entanto, tudo indica que esta mesma situação irá se repetir mais uma vez.
As eliminações de Ben Affleck, Quentin Tarantino, Kathryn Bigelow e Tom Hooper da lista de indicados em Direção foi polêmica, mas nem tudo foi perdido. Affleck deverá ser premiado aqui, pois Argo é, de fato, o filme do ano. Tarantino tem mais chances como roteirista, enquanto que Bigelow e Hooper obtiveram vitórias recentes – ela por Guerra ao Terror, em 2010, e ele por O Discurso do Rei, em 2011. Entre os demais títulos, talvez apenas Indomável Sonhadora, a grande revelação da temporada, saia da festa de mãos abanando – um resultado, no mínimo, injusto. Mas o ouro não está disponível a todos – e é por isso que, agora, iremos verificar quais as reais chances de cada um dos indicados ao principal prêmio do cinema mundial.
Argo despontou como favorito ao prêmio máximo desde sua estreia, ainda em meados do segundo semestre de 2012. Por ter sido lançado tanto tempo antes do final do ano muitos argumentaram que talvez a febre ao seu redor se dissipasse, e quando Ben Affleck foi deixado de fora da categoria de Direção seu fim estava praticamente determinado. Mas houve um movimento contrário, e desde então o longa sobre o resgate de diplomatas americanos no Irã no início dos anos 1980 tem conquistado praticamente tudo: Globo de Ouro, Sindicato dos Editores, Sindicato dos Atores, Sindicato dos Diretores, Sindicato dos Produtores, BAFTA, Critics Choice Award, críticos da Florida, Southeastern e de San Diego, além de ter sido apontado como um dos melhores do ano pelo National Board of Review. Será uma vitória quase sem precedentes. Mas qual melhor momento para se fazer história e quebrar recordes do que, simplesmente, agora?
Com 7 indicações, tem grandes chances em Filme, Roteiro Adaptado e Edição.
É praticamente impossível encontrar alguém que fale mal dessa nova obra prima de Ang Lee: o filme é simplesmente perfeito! No entanto, com tantas indicações em categorias técnicas e nenhuma nas de atuação, que são as mais celebradas, acabou se tornando uma “segunda opção” para a maioria, e por isso mesmo deverá se contentar apenas com prêmios de consolação. Uma injustiça, pois trata-se de uma história de superação, fantasia, emoção e com um visual de encher os olhos. Apesar de ter sido indicado em praticamente todas as premiações prévias, foi escolhido como Melhor Filme apenas pelos críticos de Las Vegas!
Com 11 indicações, tem grandes chances em Fotografia, Trilha Sonora e Efeitos Visuais.
Campeão de indicações do ano, recebido com entusiasmo pelo público (mais de US$ 170 milhões arrecadados nos Estados Unidos) e tendo como foco um dos ex-presidentes mais admirados pelos americanos, tem a seu favor ainda o fato de ser dirigido pelo mestre Steven Spielberg, uma verdadeira instituição em Hollywood. Apesar de ter sido escolhido como Melhor Filme somente pelos críticos de Dallas-Fort Worth, foi indicado em todas as premiações prévias, e viu suas chances aumentarem com o significativo favoritismo de Spielberg entre os diretores – afinal, a dobradinha Filme/Direção se repetiu na grande maioria das edições do Oscar nestes 85 anos!
Com 12 indicações, tem grandes chances em Direção, Ator e Ator Coadjuvante.
O longa de Kathryn Bigelow sobre a caçada a Osama Bin Laden começou a atual temporada como um dos favoritos, mas com o passar dos dias foi perdendo suas forças. Um dos principais motivos foi a polêmica que o filme se envolveu por causa de suas fortes cenas de tortura. Bem recebido nas bilheterias, foi escolhido como melhor do ano pelos críticos de Austin, Boston, Chicago, Nova York, São Francisco, Vancouver e Washington, além de ter ganho o National Board of Review. Todos prêmios da crítica, mas nenhum da indústria. E, neste momento, estes deverão fazer a diferença.
Com 5 indicações, tem grandes chances em Edição de Som.
Este já é o trabalho de maior bilheteria da carreira de Quentin Tarantino, com quase US$ 400 milhões arrecadados nas bilheterias de todo o mundo. A saga do escravo que vira caçador de recompensas e vai em busca de sua amada em pleno século XIX no sul dos Estados Unidos tem tantos fãs quanto detratores, e a ausência de reconhecimentos nesta categoria em premiações prévias, além da exclusão de Tarantino como um dos melhores diretores do ano, praticamente eliminou suas chances.
Com 5 indicações, tem grandes chances em Roteiro Original.
Sucesso de público e de crítica, teria tudo para ser o grande vitorioso. Adaptação de uma das produções da Broadway mais celebradas de todos os tempos, o musical que resgata a obra de Victor Hugo sobre o ex-presidiário Jean Valjean e seu carcereiro Javert numa França empobrecida e revolucionária tem canções marcantes, atuações superlativas, cenários grandiosos e um roteiro envolvente. Ganhou o Globo de Ouro e até poderia fazer bonito, mas a ausência de Tom Hooper entre os indicados à Direção e o fato de musicais não serem, exatamente, um estilo em voga nos dias de hoje diminuíram consideravelmente suas chances.
Com 8 indicações, tem grandes chances em Atriz Coadjuvante e Som.
Qualquer pessoa com um mínimo de noção cinematográfica dificilmente irá riscar o trabalho de Michael Haneke da sua lista de melhores do ano. Intenso, perturbador, verdadeiro, cruel e poético, tudo ao mesmo tempo, é o representante europeu deste ano. Mas ao contrário de O Artista (2011), que levou a melhor no ano passado, desta vez este deverá se contentar com o prêmio em sua categoria específica, a de Filme Estrangeiro. Premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, ganhou ainda o European Film Awards e o prêmio dos críticos de Los Angeles e o da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos Estados Unidos. Num mundo mais justo tais resultados deveriam ter algum peso entre os eleitores do Oscar, mas estamos falando de um longa falado em francês… e todo mundo sabe que os americanos odeiam ler legendas!
Com 5 indicações, tem grandes chances em Filme Estrangeiro.
Ótimos diálogos, um roteiro inteligente, atores em estado de graça – concorre nas quatro categorias de atuação, algo que não acontecia desde Reds, em 1981 – e uma direção precisa. Tudo isso pesa a seu favor. Ganhou também o Satellite Award e foi apontado como Melhor Comédia do ano pelo Critics Choice Award. Então, por que não é o favorito? Talvez nem os próprios votantes da Academia saibam. O fato é que ninguém esperava algo tão positivo deste romance entre dois seres bipolares, ele recém saído de uma instituição mental e ela tentando se recuperar da recente viuvez. É bom, muito bom. Mas será o suficiente?
Com 8 indicações, tem grandes chances em Atriz.
Sua carreira de sucesso começou no início do ano passado, quando saiu agraciado com o Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance, a grande janela de lançamentos do cinema independente norte-americano. Ganhou ainda o prêmio da crítica no Festival de Cannes, além de ter sido apontado como um dos melhores do ano pelo National Board of Review. Mas a história da garotinha que precisa lidar com inúmeras adversidades após o pai adoecer talvez seja pequena demais para uma consagração tão intensa. Com pouco mais de US$ 10 milhões arrecadados nas bilheterias dos Estados Unidos, tem nestas indicações seu maior prêmio, pois foi somente com elas que conseguiu aumentar seu potencial e, assim, atingir um público mainstream.
Com 4 indicações, não tem grandes chances em nenhuma categoria.
Aplaudido no Festival de Veneza, de onde saiu com os prêmios de Direção e de Atuação Masculina, o longa de Paul Thomas Anderson foi escolhido o melhor do ano pelos críticos de Toronto e de Kansas, mas falhou em conquistar reconhecimentos de maior destaque. Considerado ‘difícil’ por muitos, é uma obra intensa e perturbadora, com um trio de atores em estado de graça e uma trama – sobre um ex-soldado que sofre com a forte influência de uma nova seita – que, infelizmente, não foi tão bem aceita quanto deveria. No entanto, é o tipo de filme que só cresce com o tempo, e daqui há alguns anos deverá ser ainda maior e mais relevante. Quem viver, verá.
Com 3 indicações, não tem grandes chances em nenhuma categoria.
As análises dos indicados nas demais categorias você confere no Especial Oscar 2013!