É, a Disney está em todas as frentes possíveis este ano no que sabe fazer melhor: animações e músicas para seus filmes. Se Frozen: Uma Aventura Congelante é ficha um nas categorias de Longa de Animação e Canção Original, É Hora de Viajar, curta-metragem estrelado por um Mickey Mouse dublado pelo próprio Walt Disney, é praticamente unânime como o grande favorito. Como esta faz parte da trinca de “categorias imprevisíveis” da cerimônia (ao lado dos curtas de documentário e ficção), é claro que tudo pode acontecer. Um dos grandes percalços no caminho do camundongo mais famoso da história do cinema é Mr. Hublot, parceria entre Luxemburgo e França vencedora de onze prêmios internacionais sobre um estranho ser com TOC que vive em casa até encontrar um robô que não para de crescer – o que pode ameaçar sua rotina. Quem pode surpreender também é o português Daniel Sousa com seu Feral, vencedor de três distinções no festival francês de Annecy além do prêmio de melhor filme de animação do Anima Mundi. Correm por fora o oriental Possessions (ou Tsukumo), este especialmente por fazer parte de Short Peace, uma antologia composta de quatro curtas dirigidos por Katsuhiro Otomo; e a animação britânica The Room on the Broom.
Favorito: Se É Hora de Viajar não levar este ano vai ser apenas porque Paperman (2012), também da Disney, levou o prêmio na categoria no ano passado. Porém, há vários motivos que podem fazer o curta ser o grande vencedor: além de ter arrebatado a categoria no Annie Awards, o Oscar da animação, o filme é o único representante dos EUA e é estrelado por Mickey, figura mais do que popular na festa da Academia e que completou 85 anos em 2013. Além de tudo, o personagem é dublado por Walt Disney e a história traça um diálogo entre presente e passado, misturando as cores e efeitos 3D com os desenhos à mão em preto e branco, algo que o Oscar tem prezado nos últimos anos. Alguma dúvida se leva?
Torcida: Se É Hora de Viajar ganhar, não ficarei nem um pouco triste ou revoltado, pois realmente é excelente. Mas Feral, o grande vencedor do Anima Mundi, conta a história de um menino selvagem que é tirado da floresta por um caçador e levado para a civilização. Lugar onde ele, obviamente, não consegue controlar seus instintos. Esta aparente simplicidade da história se aprofunda com os tons abstratos lançados na tela, dando uma nova cara às animações contemporâneas. Poderia levar o Oscar por sua ousadia e originalidade, o que pode incentivar e aumentar o leque de opções dos realizadores do gênero.
Azarão: Room on the Broom, a animação inglesa sobre a bruxa e seu gato que convidam outros animais para voarem na vassoura mágica é uma fábula divertida sobre amizade e as diferenças, mas tem alguns poréns que podem invalidar uma possível vitória: primeiro, foi exibido no Natal de 2012 na BBC One antes de chegar aos cinemas. Segundo, não foi indicado ou ganhou nenhum grande prêmio além do Annie, justamente, na categoria de curta para TV. Os membros da Academia podem acreditar que a animação é “simples” demais para levar a estatueta para casa. O que é bem verdade.
Esquecido: The Numberlys deve ter sido a animação que a Academia torceu o nariz este ano por um motivo muito simples: inovação. O curta não é apenas um filme interativo, mas também um aplicativo sobre um mundo apenas de números e a criação do alfabeto por um pequeno grupo. Alguns chamaram de “remake para crianças” de Metropolis (1926), grande obra de Fritz Lang. Poderia ser mais uma chance do Oscar mostrar que está antenado com as novas tecnologias e, especialmente, novas formas de audiovisual. Uma pena que não foi reconhecido.
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