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Oscar 2014 :: Melhor Edição

Publicado por
Matheus Bonez

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INDICADOS:

 

A categoria de Melhor Edição ou Montagem (a definição ainda é discutida na tradução) é uma das que mais pode confundir a torcida. Todos acham que, em geral, o melhor também leva o prêmio de Direção e/ou Filme do Ano. A grande verdade é que, por mais que o trabalho do editor seja tão importante para coligar as idéias do roteiro e da direção para um filme palpável, a montagem acaba isolada das categorias “mais importantes”. A coincidência entre Melhor Filme com esta categoria nem sempre é exata. No ano passado foi Argo (2012) que ganhou a estatueta, mas houve um hiato de dois antes, com Guerra ao Terror (2009) levando a melhor em 2010. Neste meio tempo, os vencedores foram A Rede Social (2010) e Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011). Este último sequer foi indicado a melhor filme, assim como em 2000, quando o vencedor foi Matrix (1999), que também não foi lembrado na categoria mais cobiçada da noite.

Com esta explicação, resta falar sobre os indicados de 2014. Em sua primeira indicação, o editor Mark Sanger, ao lado do diretor Alfonso Cuarón, conseguiu levar a estatueta por seu excelente trabalho em Gravidade (2013) no Critics Choice, além de ter sido vencedor também em outros sete prêmios da crítica. Também foi indicado ao BAFTA, em mais uma lista da crítica norte-americana, concorre ao Satellite Awards e foi lembrado no Sindicato dos Editores. Aliás, os dois vencedores do prêmio do sindicato, Trapaça (2013) e Capitão Phillips (2013), que, em tese, seriam os favoritos, tem suas chances enfraquecidas. O longa de David O. Russel levou a estatueta de Melhor Edição em Comédia na mesma premiação, mas só foi indicado ao Critics Choice e lembrado por outros três grupos de críticos. Já o filme de Paul Greengrass ganhou apenas montagem em Drama pelo Sindicato e foi indicado em outras quatro premiações. Talvez seja o único capaz de bater o favorito, pois Christopher Rouse, parceiro habitual de Greengrass, já levou o Oscar por O Ultimato Bourne (2007) e concorreu também por Voo United 93 (2006). Por outro lado, o fato de ser o único já premiado entre os indicados pode acabar com suas chances. O editor Joe Walker, em sua primeira indicação, foi nominado em dez diferentes premiações, mas não levou nada pela montagem de 12 Anos de Escravidão (2013). Situação melhor que a de Clube de Compras Dallas (2013). O filme é a zebra total da noite, pois só foi lembrado por sua montagem pela Academia e em mais nenhuma premiação.

 

Favorito: Gravidade tem tudo a seu favor, pois não basta apenas a superdireção de Cuarón, a sensível atuação de Sandra Bullock, a excelente fotografia, os incríveis efeitos visuais, a edição e mixagem de som. Sem a perfeita montagem para condensar todo este trabalho, não haveria o grande filme que vem arrancando aplausos desde sua estreia na metade do segundo semestre do ano passado. Favorito total. Merecidamente.

 

Torcida: Gravidade. Precisa dizer mais?

 

Azarão: Clube de Compras Dallas não tem uma montagem que se possa designar como um trabalho de excelência. O filme, já “quadradinho” por si, não tem grandes inovações, ainda mais na área técnica. É bem feito, é claro, mas nada fora do comum. De alguma forma, acabou caindo nas graças da Academia, ainda não se sabe bem o porquê. Não vai ganhar. Se por algum milagre do destino isto ocorrer, vai ser um daqueles prêmios que todos vão torcer o nariz. E pensar que esta vaga poderia ser de uma montagem mil vezes melhor e mais inovadora…

 

Esquecido: Poderia citar aqui os belíssimos trabalhos feitos em Ela (2013) ou O Lobo de Wall Street (2013), que foram lembrados em outras premiações. Mas a ausência mais sentida é a de Rush: No Limite da Emoção (2013), em uma excelente edição dos parceiros habituais do diretor Ron Howard. Uma parceria que já foi indicada outras três vezes e vencedora já na sua estreia (por Apollo 13, 1995). Além de colocar emoção na montagem, que lembra, e muito, as corridas da Fórmula 1 exibidas na televisão, os editores Mike Hill e Daniel P. Hanley também souberam distribuir e intercalar as histórias dos dois protagonistas sem que um sobressaísse sobre o outro. Perfeito. E respaldo havia para indicar o longa, ao menos, nesta categoria: a edição foi vencedora do BAFTA e ovacionada pelos críticos de Boston, além de ter sido lembrada em outras quatro premiações. Merecia estar aqui. Vencer, na verdade. Mas a Academia não lembrou de Rush em absolutamente nada. Shame on you!

 

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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.

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