INDICADOS:
Assim como o Sindicato dos Diretores de Arte, o dos Figurinistas também determina três categorias de cinema em sua premiação anual: Filmes de Época, Contemporâneos e de Fantasia. Dos trezes títulos selecionados neste ano, apenas três deles foram indicados também ao Oscar. Tal resultado, por um lado, demonstra a falta de repercussão que a entidade possui entre os eleitores do prêmio da Academia. Por outro, afunila os favoritos entre estes selecionados – ainda mais que somente um deles saiu vitorioso. E entre candidatos sem a menor repercussão prévia – o chinês O Grande Mestre chegou a ser reconhecido como um dos cinco melhores filmes estrangeiros do ano pelo National Board of Review, mas não foi indicado nesta categoria a absolutamente nada – e outros que parecem embalados por uma vitória certa, o resultado deve apontar para um caminho que reconheça uma carreira impressionante ou a um trabalho mais convencional, porém de grande impacto visual.
Favorito: O Grande Gatsby ou 12 Anos de Escravidão? Esta parece ser a grande questão no que diz respeito a esta categoria no Oscar 2014. O filme de Baz Luhrmann sai um pouco na frente pelo retrospecto: ganhou o Bafta, o Critics Choice e os críticos de Phoenix. Catherine Martin, no entanto, já ganhou nesta categoria por Moulin Rouge (2001). Já o drama histórico de Steve McQueen, por outro lado, foi o vitorioso do Costume Designers Guild Awards e no críticos de Las Vegas, além de ser esta a sexta indicação de Patricia Norris, uma veterana – sua primeira indicação foi por Cinzas no Paraíso (1978) – que nunca ganhou. E como ela está em um dos filmes do ano, é bem provável que tenha, afinal, chegado a sua vez. E é nela também que fazemos as nossas apostas!
Torcida: Trapaça é o filme que, nesta divisão entre os dois favoritos, pode ganhar espaço e conquistar aqui a preferência do público menos especializado. Indicado ao Bafta, ao Critics Choice, ao CDGA e ao prêmio dos críticos de Phoenix, o trabalho de Michael Wilkinson é exuberante e detalhado, revelando em cada pormenor a personalidade complexa dos seus personagens, que se apoiam em perucas, adereços, vestidos e sapatos para comporem suas histórias. É um exercício muito difícil e extremamente bem executado, que merece essa distinção com justiça.
Azarão: The Invisible Woman foi uma das surpresas deste ano. Indicado ao Bafta e premiado no Satellite, foi ignorado na premiação dos figurinistas, mas Michael O’Connor é um nome que não pode ser ignorado: ele ganhou por A Duquesa (2008) e foi indicado também por Jane Eyre (2011). Seu estilo, como se pode perceber por estes trabalhos, aponta para uma impressionante e detalhada reconstituição histórica de um certo período, mas o trabalho dele é amplo a ponto de compreender filmes de ficção (Dredd, 2012) e obras contemporâneas (O Último Rei da Escócia, 2006), compondo um cenário bem diversificado. Não tem muitas chances, principalmente devido a concorrência, entretanto.
Esquecido: Walt e os Bastidores de Mary Poppins foi indicado a praticamente tudo – ao Bafta, Critics Choice, Costume Designers Guild Awards, Satellite, críticos de Phoenix e de San Diego – mas não ganhou nada. No entanto, o delicado trabalho de Daniel Orlandi merecia ter sido finalista, principalmente por combinar diferentes épocas e lugares, combinando origens e confrontos. Já os outros vencedores do CDGA refletem um gosto muito específico e sem maiores repercussões: Blue Jasmine ganhou como Filme Contemporâneo (à frente de concorrentes como Ela), enquanto que Jogos Vorazes: Em Chamas foi o melhor em Filme de Fantasia (superando O Hobbit: A Desolação de Smaug, por exemplo).
Tudo sobre todos os indicados ao maior prêmio do cinema mundial você confere no Especial Oscar 2014!
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.