INDICADOS:

 

Neste ano, esta é uma das poucas categorias em que o resultado é absolutamente previsível: quem irá ganhar é o veterano J. K. Simmons, que concorre pela primeira vez ao prêmio máximo do cinema mundial. Seu desempenho em Whiplash: Em Busca da Perfeição é tão arrebatador que deixou pouco espaço para os demais concorrentes. No entanto, este grupo de cinco tem uma formação muito específica: o favorito + três que surgem embalados pelo sucesso do filme + um veterano com longa história que conseguiu se destacar apesar da ruindade do seu longa. Dessa forma, os quatro demais concorrentes nada mais são do que convidados especiais dessa grande festa, pois a chance de qualquer um deles sair vitorioso é virtualmente impossível.

 

FAVORITO: J. K. Simmons, por Whiplash: Em Busca da Perfeição
Simmons, um ator com longa história – está na ativa desde 1986 – e mais de 140 títulos no currículo, nunca havia recebido um único prêmio em sua vida cinematográfica até este longa dirigido por Damien Chazelle ser lançado. Desde então, no entanto, já conta mais de 30 vitórias – e outras tantas indicações cujos resultados ainda estão pendentes! Ele ganhou praticamente tudo, e mesmo que alguns o considerem protagonista do filme, pode ser tranquilamente considerado o coadjuvante por excelência do ano. Ele domina cada cena em que aparece, com uma vontade e um poder poucas vezes vislumbrados. É daquelas atuações que ficam na memória do espectador mesmo muito após o término da projeção. Somente uma hecatombe nuclear poderá eclipsar essa vitória há muito anunciada – e que, felizmente, será mais do que justa.

 

TORCIDA: Edward Norton, por Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Mesmo que a vitória de Simmons seja merecida, sempre é bom torcer pelo inesperado. E, neste ano, essa opção atende pelo nome de Edward Norton, cujo desempenho neste filme campeão de indicações é nunca menos do que surpreendente. Facilmente identificável como seu melhor trabalho em muitos anos, representou também sua terceira indicação ao Oscar – a primeira em mais de quinze anos – e tal resultado seria uma conquista merecedora de aplausos. Além de ter sido ele o único a conseguir romper – em algumas breves exceções – o favoritismo avassalador do seu principal concorrente: Norton foi escolhido o melhor do ano pelos críticos online de Boston, pelos críticos de Kansas, Oklahoma, São Francisco e no National Board of Review. Uma pequena amostra de que, mesmo com poucas chances, ele tem mais do que condições de entrar com força nessa briga.

 

AZARÃO: Robert Duvall, por O Juiz
O único mérito desse filme desprezado pelo público e pela crítica é a atuação do veterano Robert Duvall, que por este trabalho foi indicado a todos os principais prêmios: Satellite, Globo de Ouro, Critics Choice, SAG e, claro, Oscar. Seu desempenho neste filme absolutamente convencional e previsível não tem nada de inovador ou surpreendente, e qualquer um que conheça sua filmografia sabe que ele é capaz de fazer muito mais, e melhor. No entanto, somente por estar na ativa há mais de 80 anos e chegando agora na marca de sete indicações (ganhou uma vez, como Ator Principal, por A Força do Carinho, 1983) é preciso ter respeito. Honraria suficiente para ter seu nome aqui citado, mas ninguém em sã consciência consegue cogitar sua vitória.

 

ESQUECIDO: Riz Ahmed, por O Abutre
Alguns nomes chegaram a despontar em prévias dessa categoria, mas nenhum deles com força suficiente para se impor perante os demais. Talvez o maior ignorado tenha sido Steve Carell (indicado ao Bafta como Coadjuvante por Foxcatcher), que inacreditavelmente está concorrendo no Oscar na categoria principal (o que é um pequeno absurdo). Assim, como a atuação de Josh Brolin em Vício Inerente – indicada ao Critics Choice e nas premiações dos críticos de Central Ohio, Chicago, Detroit, Houston, St. Louis e Toronto – ainda não foi exibida no Brasil, nossas sentidas lembranças recaem no surpreendente Riz Ahmed, que formou uma dupla e tanto com Jake Gyllenhaal no ignorado O Abutre – que concorre apenas como Roteiro Original. Ahmed, inglês filho de pai asiático, oferece neste filme aquele tipo de atuação que cresce com o desenrolar da história, contribuindo de forma decisiva não só com a própria trama, como também no trabalho dos colegas em cena. Indicado nas premiações dos críticos de Georgia, San Diego e Londres, além do Independent Spirit e do Gotham Awards, teria o perfil exato para ocupar a vaga que Barkhad Abdi preencheu no ano passado, por Capitão Phillips (2013). Infelizmente, não foi dessa vez!

 

Confira todos os indicados e as chances de vitória de cada um no nosso Especial Oscar 2015

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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