INDICADOS
Talvez esta seja uma das categorias mais controversas do ano. Se nas primeiras previsões o Oscar parecia ir certo para as mãos de Michael Keaton, muita coisa aconteceu desde o início da temporada de premiações. E o melhor de tudo: é briga das boas, pois os papeis masculinos deste ano foram interessantíssimos, deixando muitos merecedores de fora por conta da limitação de apenas cinco indicados. Pois bem. Keaton estreia na Academia por Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) com quase 30 prêmios por sua performance. Além dele, há outros três atores que aparecem pela primeira vez aqui. Benedict Cumberbatch foi indicado à maioria dos prêmios, mas não levou quase nenhum por O Jogo da Imitação. Steve Carell sofre do mesmo mal por Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo, além de ter o agravante de ter sido lembrado como coadjuvante no Bafta, por exemplo. Eddie Redmayne é a grande pedra no sapato de Keaton por A Teoria de Tudo, ainda mais após as vitórias no Globo de Ouro, no Bafta e, especialmente, no Sindicato dos Atores, que tem sua parcela importante de votantes no Oscar. O único veterano da lista é, justamente, a surpresa entre os indicados: Bradley Cooper não foi indicado a quase nada por Sniper Americano.
Não é apenas por Birdman ser um dos grandes filmes do ano e ter sido um dos recordistas de indicações em 2015. O longa também levou o prêmio de Melhor Elenco no SAG, o que parece ter sido uma “divisão política” para ter deixado o ator de fora pelo trabalho solo. Hollywood e a Academia adoram uma “volta por cima” e é justamente isso que Keaton entrega no longa. Aliás, o próprio personagem é ninguém menos que o alterego do próprio. Como deixar esta metalinguagem de fora ao entregar uma estatueta? Ainda mais na dosagem mais do que intensa entre drama e comédia que o personagem entrega. Coisa para poucos.
Ele já levou três dos principais prêmios da temporada. E não foi injustamente. Sua personificação do gênio Stephen Hawking é assombrosa, tanto na personalidade quanto na deficiência física imposta por sua doença. O calcanhar de Aquiles é o próprio longa. A Teoria de Tudo pode ser tudo, menos uma abordagem densa da incrível história real do cientista. E na hora de escolher seu favorito, isto pode pesar contra o jovem ator.
Era a indicação que ninguém esperava. Não havia sido lembrado em quase nada antes, premiado apenas no Critics Choice Award (mas não na categoria principal, e sim na de “Ator de Ação”) e pelos Críticos de Denver (empatado com Ralph Fiennes), foi indicado ainda em mais dois estados dos EUA, mas sem grande alarde. Em sua terceira indicação consecutiva, Cooper pode se beneficiar de uma possível polarização de votos entre os dois mais fortes concorrentes e acabar levando o ouro para casa, ainda mais que Sniper Americano está muito bem de bilheteria (mais de 300 milhões de dólares arrecadados só nos EUA), o que chama muito a atenção da Academia por conta da popularidade. Não se espante o careca dourado for parar em suas mãos.
Aqui a lista é grande. Como ousaram deixar de fora a versatilidade de Ralph Fiennes como o divertíssimo Monsieur Gustave de O Grande Hotel Budapeste ou o trabalho irretocável de David Oyelowo como Martin Luther King em Selma? Mais grave que estas duas faltas, só o esquecimento de Jake Gyllenhaal como o oportunista quase psicopata de O Abutre. Indicado ao Globo de Ouro, Bafta, SAG, além de praticamente todos os prêmios existentes, o ator entrega uma submersão pouco vista nos últimos que vai muito além da perda de muitos quilos para se adequar ao físico de seu personagem. Seu Louis Bloom é uma mente doente, de caráter duvidoso, completamente fechado em seu próprio mundo, onde moral e ética são conceitos mais do que ultrapassados, algo que o ator demonstra a todo instante em sua incorporação. Sim, porque esta não é apenas uma interpretação, e sim algo em outro patamar. Talvez tenha sido indigesto demais para a Academia.
Confira a lista completa de indicados e as chances de cada um no nosso Especial Oscar 2015