INDICADOS
Muita gente fica atenta às categorias técnicas do Oscar apenas porque o resultado interfere nos bolões de aposta. Contudo, por exemplo, a edição de som é de suma importância para a linguagem de um filme, pois é responsável por criar seu cenário auditivo. Entre os indicados a Melhor Edição de Som no Oscar deste ano, o veterano Alan Robert Murray, vencedor em 2007 com Cartas de Iwo Jima (2006) e lembrado pela Academia outras seis vezes, concorre com Sniper Americano. Richard King, no páreo com Interestelar (2014), já tem três estatuetas em casa – por Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo, 2003, Batman: O Cavaleiro das Trevas, 2008, e A Origem, 2010 –, além da indicação por Guerra dos Mundos (2005). Becky Sullivan e Andrew DeCristofaro, com Invencível (2014), e Aaron Glascock e Martín Hernández, editores sonoros de Birdman (2014), são do time de estreantes no Oscar. Por fim, Jason Canovas (outro estreante) e Brent Burge (nominado anteriormente por O Hobbit: A Desolação de Smaug, 2013) concorrem com O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014).
FAVORITO: Conta aqui, e muito, a trajetória de Alan Robert Murray, profissional respeitado no meio. Seu trabalho pontual em Sniper Americano é mesmo o franco favorito para levar o prêmio de Melhor Edição de Som. Aliás, a parceria duradoura com Clint Eastwood já lhe valeu uma estatueta anteriormente. Neste novo filme, Murray faz com que a arquitetura sonora participe decisivamente da narrativa, sobretudo amplificando tanto o perigo e a tensão (no front) quanto a falsa calmaria (nas cenas em que o personagem de Bradley Cooper volta para casa).
TORCIDA: Minha torcida vai para o outro veterano na parada, Richard King. O som em Interestelar é complexo, imprescindível à imersão nos diversos tipos de ambientes que a realização de Christopher Nolan nos apresenta. A vitória faria, também, alguma justiça ao próprio filme, que foi sumariamente ignorado pela Academia nas categorias principais, algo que pode estar relacionado à má vontade da instituição com o diretor, ou à dificuldade (que denota, por si, preconceito) de reconhecer obras de apelo popular.
AZARÃO: Seria algo como um prêmio de consolação se JasonCanovas e Brent Burge vencessem por O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Não há dúvida de que o trabalho deles é muito bom, principalmente se vislumbramos as dificuldades de organizar e dar sentido à diversidade de material criado numa produção grandiloquente como a dirigida por Peter Jackson. Porém, diante de concorrentes mais fortes, seria como apostar no cavalo menos provável, apenas para lucrar mais alto devido à improbabilidade.
ESQUECIDO: O grande esquecido da categoria é Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014), cuja supervisão da edição de som ficou a cargo de Craig Mann. Indicado em Mixagem de Som, ele bem que merecia ter feito uma dobradinha, emplacando seu nome em ambas as listas, reconhecimento a um esforço sonoro muito interessante que privilegia não apenas as músicas e sua inserção na ambiência, mas também a expressividade dos ruídos.
Confira todos os indicados e as chances de vitória de cada um no nosso Especial Oscar 2015
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Lendo essa análise, parece muito que foi trocado as bolas entre edição e mixagem de som. Edição é levado em conta a criação de sons. Uma espécie de "efeitos especiais" em forma de áudio. Por essa mesma razão que Whiplash não entrou nessa: as músicas (que permeiam todo o longa) não podem ser consideradas efeitos sonoros. Além disso, é levado em conta a quantidade, qualidade e relevância desses efeitos no filme. Criar cenário auditivo e dar ritmo ao filme é função da mixagem de som. Nomes trocados à parte, bom texto. Abraços!