INDICADOS
Apesar de ser considerada uma categoria ‘técnica’ – ou seja, aquelas mais específicas que somente os iniciados no assunto se sentem em melhores condições de avaliar – a Montagem (ou Edição) é, no entanto, uma das mais importantes de toda a premiação, justamente por sua relevância e ligação com o principal prêmio da festa: o de Melhor Filme! Na grande maioria dos anos, a coincidência do mesmo filme também como montagem é mais frequente do que, por exemplo, entre Melhor Filme e Direção ou Melhor Filme e Roteiro, que à princípio seriam combinações mais óbvias. Exemplos não faltam: só nos últimos dez anos, essa repetição se deu na metade dos casos: Argo (2012), Guerra ao Terror (2009), Quem Quer Ser um Milionário? (2008), Os Infiltrados (2006) e Crash: No Limite (2005).
E é bem possível que isso mais uma vez aconteça neste ano – ou o contrário total. Afinal, há dois grandes favoritos para ganharem o maior prêmio da noite em 2015: caso o escolhido seja Boyhood: Da Infância à Juventude, seria a aposta mais previsível, uma vez que este é também o mais provável a conquistar a estatueta dourada por aqui. No entanto, se o premiado for Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), teremos uma exceção em cena: a última vez que o vencedor de Melhor Filme não foi nem indicado na categoria de Montagem (como neste caso) foi com Gente como a Gente (1980), há exatos 35 anos! Confira abaixo quem se destaca dentre os concorrentes deste ano.
Favorito para levar como Melhor Filme, o longa de Richard Linklater tem tudo para conquistar também esta estatueta. E não seria injusto. Afinal, juntar um material coletado ao longo de doze anos e ainda conseguir fazer disso um filme coeso e emocionante não é para qualquer um. Apesar desta ser a primeira indicação da montadora Sandra Adair, ela tem colecionado prêmios por este trabalho, como o do Sindicato dos Editores (categoria Drama) e os dos críticos de Boston, Los Angeles e São Francisco.
Lírico, delicado, com um ritmo frenético e completamente envolvente. Muitos são os adjetivos ao longa do diretor Wes Anderson, e isso se deve em grande parte ao excelente trabalho do montador Barney Pilling, que não deixa a peteca cair em nenhum instante, entregando um filme ao qual se acompanha do início ao fim com um fôlego só. Apesar desta ser sua primeira indicação, foi também premiado pelo Sindicato dos Editores (categoria Comédia ou Musical) e foi indicado ao Bafta e nas premiações dos críticos de Chicago, Los Angeles e San Diego.
Vencedor do Bafta e premiado pelos críticos de Chicago e de Central Ohio, Tom Cross (em sua primeira indicação) fez um trabalho absurdo e de deixar qualquer um de queixo caído. De forma alguma sua vitória seria injusta, ainda que suas chances sejam pequenas. Afinal, este é o filme de menor desempenho nas bilheterias dentre todos os indicados deste ano – o que significa, em tese, que foi o menos visto – e, feito de forma independente, já é um mérito e tanto as 5 indicações coletadas e a premiação quase certa na categoria de Ator Coadjuvante (J. K. Simmons está imbatível), o que muitos podem considerar mais do que suficiente para um projeto de estatura tão humilde.
Infelizmente, um dos filmes mais premiados deste ano nesta categoria ficou de fora do Oscar. A montagem realizada por Stephen Mirrione (premiado anteriormente por Traffic, 2000) e Douglas Crise (com apenas uma indicação prévia, ao lado de Mirrione, por Babel, 2006) é um trabalho de gênio. O falso plano-sequência contínuo exigiu muita pesquisa, estudo e preparo prévio, resultado não apenas dos esforços técnicos do diretor, do diretor de fotografia ou do roteirista, mas acima de tudo dos montadores, que precisam estabelecer com precisão quais seriam os pontos de ligação e como estes se dariam para possibilitar a continuidade dramática sem desviar a atenção do espectador para um detalhe tão específico. Ambos foram indicados ao Sindicato dos Editores e ao Bafta, além de terem sido premiados no Critics Choice Awards e pelos críticos de Phoenix e de Washington.
Confira a lista completa de indicados e as chances de cada um no nosso Especial Oscar 2015