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20170208 ocar melhor curta de animacao

INDICADOS

  • Blind Vaysha
  • Borrowed Time
  • Pear Cider and Cigarettes
  • Pearl
  • Piper

 

Lá se vão 15 anos desde que a Pixar venceu o Oscar de Melhor Curta de Animação por Para os Pássaros (2001), de Ralph Eggleston. Antes disso, a principal companhia animadora norte-americana já havia arrebatado o prêmio por Tin Toy (1988), de John Lasseter, e O Jogo de Geri (1997), de Jan Pinkava. Eis que neste ano ela pode (e deve) sair do hiato com o encantador Piper (2016), de Alan Barillaro, que apresenta o rito de passagem de um passarinho à beira-mar.

Mas talvez não seja tão fácil para a Pixar, considerando a significância do denso Blind Vaysha (2016), ovacionado em festivais como os de Berlim, Toronto, Japão e Annecy. Produzido pelo National Film Board of Canada, que tem 12 Oscars por diversos outros projetos, a produção de Theodore Ushev utiliza uma técnica impressionante e incomum para narrar a história de uma mulher que tem um olho que mostra o passado e outro que apenas visualiza o futuro.

Correndo por fora, com menos chances, estão outros trabalhos igualmente interessantes: Borrowed Time (2016) é um curta independente de dois animadores egressos da Pixar, Andrew Coats e Lou Hamou-Lhadj; Pear Cider and Cigarettes (2016) é a primeira produção da Vimeo a concorrer ao Oscar, realização do diretor de videoclipes Robert Valley; e finalmente Pearl (2016), dirigido pelo vencedor do Oscar na mesma categoria Patrick Osborne (O Banquete, 2014), que experimenta realidade virtual numa produção da Google Spotlight Stories. Confira nossas apostas:

 

 

20170208 piper papo de cinema e1486524754713FAVORITO: Piper
Como dissemos antes, há 15 anos a Pixar, campeã absoluta dos prêmios de animação em longa-metragem, não vence um Oscar na categoria de curta. Esta parece a oportunidade perfeita para quebrar o tabu. Piper retoma a tradição do estúdio de testar novas tecnologias de animação com seus curtas e o resultado é um deslumbre, especialmente pela maneira com que elementos diversos, tais como penas, grãos de areia, vento e água são representados na tela, de formas nunca vistas antes. Precisamos falar que a história do passarinho com medo da água é excepcional? É muito provável que você sorria e chore em menos de 5 minutos. Outro indicativo da vitória: Piper acaba de levar para casa o Annie Awards, um dos principais termômetros do Oscar.

 

20170208 blind vaysha papo de cinema e1486524797789TORCIDA: Blind Vaysha
Esqueça a leveza e o otimismo de Piper; Blind Vaysha, adaptação de Theodore Ushev para uma história de George Gospodinov, é bem mais amargo e sombrio. Ao contrário do que acontece na Pixar, esta produção tem seu valor artístico por reinventar o uso de uma técnica centenária de linoleogravura, em que uma imagem é recortada de uma base de linóleo e colada numa de madeira. O delicado processo artesanal, manipulado digitalmente, é potente ao capturar paisagens europeias e figuras humanas disformes, o que complementa a história, numa abordagem surreal e angustiante.

 

20170208 borrowed time papo de cinema e1486524828881AZARÃO: Borrowed Time
Primeiro curta realizado fora da Pixar, mas com suas tecnologias e bênçãos, a produção dirigida por Andrew Coats e Lou Hamou-Lhadj apresenta um xerife em luto que retorna para o lugar onde ocorreu um crime que transformou sua vida. Culpa e mortalidade figuram como temas em uma produção que carrega a marca cinematográfica do faroeste clássico italiano. Pode ser o azarão da vez por somar o que os dois curtas acima carregam individualmente: inovação tecnológica a serviço de um enredo potente e adulto.

 

20170208 inner workings papo de cinema 1 e1486524883571ESQUECIDOS
O Oscar de animação em curta-metragem segue aquele modelo em que uma grande lista de possíveis indicados é apresentada aos votantes e outras listas derivam desta, cada vez com menos títulos, semelhante ao que ocorre com Melhor Filme Estrangeiro. Em um ano que a categoria de Melhor Animação em Curta-Metragem recebeu 69 inscrições, um recorde, é difícil apontar quais foram esquecidos – eles apenas não chegaram ao final da corrida. Assim, temos cinco trabalhos que quase entraram no corte, mas que acabaram ficando de fora: Happy End (2016), do tcheco Jan Saska; Une Tête Disparaît (2016), do canadense Franck Dion; Inner Workings (2016), (mais uma) produção da Disney dirigida por Leo Matsuda; Once Upon a Line (2016), da vencedora do “Oscar Acadêmico” Alicja Jasina; e Sous Tes Doigts (2016) da francesa Marie-Christine Courtès.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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