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Oscar 2017 :: Melhor Curta de Ficção

Publicado por
Marcelo Müller


INDICADOS

  • Ennemis Intérieurs
  • La Femme Et Le TGV
  • Silent Nights
  • Sing
  • Timecode

 

Esta é uma das categorias que mais costumam determinar vencedores e perdedores nos bolões. Diferentemente das disputas tidas como principais, aqui é difícil antever com muita precisão o resultado, exatamente porque o curta-metragem é um formato de certa maneira ainda marginalizado, sobretudo por não ser exatamente comercial. Proporcionalmente, são poucos os eventos voltados apenas ao formato, isso sem contar no espaço exíguo no circuito. Portanto, realmente não é lá muito simples antecipar o desfecho da votação, já que os poucos termômetros passam longe da precisão. Neste ano temos concorrente francês, húngaro, suíço, canadense e norte-americano, ou seja, ficou tudo no eixo Europa-América do Norte, sem representatividade sul-americana, asiática, africana, oceânica e médio-oriental. Uma pena que a diversidade de outras categorias passou longe desta. Vamos aos nossos prognósticos.

 

 

FAVORITO: Sing
O filme de Kristóf Deák é ambientado na capital da Hungria, Budapeste, nos anos 90. A protagonista é uma menina que descobre o lado menos bonito da fama decorrente de sua inclusão no reconhecido coro da escola local. A realização já ganhou prêmios de Melhor Curta-Metragem no Chicago International Children’s Film Festival, no Lanzarote International Film Festival, no Olympia International Film Festival for Children and Young People, no Short Shorts Film Festival & Asia e no TIFF Kids International Film Festival, além do destaque dado pela audiência do European Film Festival of Lille. Essa bagagem, aliada à força da trama centrada em dramas infantis, num cenário artístico por excelência, fazem dele o favorito.

 

TORCIDA:  Ennemis Intérieurs
Disponibilizada pelos realizadores para ser assistida antes do Oscar – uma prática incomum, porém muito bem-vinda –, esta produção francesa aborda a conturbada e tensa relação entre a França e a Argélia, por meio da interação de dois homens, um de cada nacionalidade, da qual se desprendem evidências de algo que transcende a experiência particular e circunstancial deles. O curta-metragem, com legendas em inglês, pode ser assistido até o dia 21 no site da Unifrance. Ennemis Intérieurs ganhou os prêmios do Alcalá de Henares Short Film Festival, do BOGOSHORTS Bogota Short film Festival, do Tetouan International Mediterranean Film Festival e do Vienna Independent Shorts, entre outros.

 

AZARÃO: Silent Nights
De todos os concorrentes, este é o menos premiado em festivais mundo afora. Então, dá para dizer que sua vitória seria uma grande zebra. Mas, então, por que colocá-lo aqui como uma possibilidade concreta, ainda que remota? O tema de Silent Nights está mais do que em voga, por conta dos impropérios cometidos por Donald Trump na sua ainda curta (esperamos que breve) incursão pela presidência dos Estados Unidos. O protagonista é um imigrante africano que se relaciona com uma mulher dinamarquesa. Produção estadunidense, a única a “jogar em casa”, ela pode se beneficiar da força de suas mensagens – também carrega a questão da discriminação racial – e atropelar os concorrentes rumo à estatueta dourada.

 

ESQUECIDO: Estado Itinerante
Vamos puxar a brasa para a nossa sardinha? A produção de curtas-metragens é uma das instâncias mais férteis do cinema brasileiro, vide o substancial número de filmes de qualidade que circularam pelos mais diversos festivais em 2016. Então, listamos como esquecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood o tupiniquim Estado Itinerante, como uma espécie de representante dessa boa leva que mantém viva a cultura do curta por aqui. Apontado como o melhor curta do ano passado pela ABRACCINE (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema), o filme de Ana Carolina Soares é protagonizado por uma mulher que, em meio ao início de um trabalho novo, tenta se desvencilhar de um relacionamento abusivo. Cairia muito bem na lista dos cinco indicados ao Oscar, para nossa alegria.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.