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Oscar 2017 :: Melhor Curta Documentário

Publicado por
Conrado Heoli

INDICADOS

  • 4.1 Miles
  • Extremis
  • Joe’s Violin
  • Os Capacetes Brancos
  • Watani: My Homeland

 

Eis a categoria que, histórica e geralmente, mais influencia o seu, o meu, o nosso bolão. Não por termos assistidos a todos os concorrentes ou torcermos para um ou outro trabalho em particular, mas, principalmente, por basearmos nossas apostas em pura intuição. Fique tranquilo: estamos aqui para te ajudar. Neste ano, quatro dos cinco curtas documentais em competição estão voltados para denúncias sociais pontuais, sendo três (Watani: My Homeland, 4.1 Miles e Os Capacetes Brancos) sobre a crise na Síria. Ao lado deles, Extremis e Joe’s Violin dão perspectivas diferentes sobre vida e morte, o primeiro em seu sentido mais literal e o segundo, mais poético.

Watani: My Homeland acompanha a migração de uma família de Aleppo para uma pequena comunidade na Alemanha; 4.1 Miles narra a interessante história de um capitão da Guarda Costeira grega e seu trabalho diário no resgate de refugiados; Os Capacetes Brancos também viaja para Aleppo, mas a fim de retratar o trabalho dos primeiros voluntários pós-tragédia que assola a comunidade síria, numa produção da Netflix; a gigante do streaming também assina Extremis, que mostra o trabalho de uma médica paliativa em facilitar decisões de pacientes e familiares sobre a morte; Joe’s Violin, por fim, apresenta a emocionante amizade de um sobrevivente do Holocausto e uma adolescente que recebe a doação do precioso violino dele. Sem mais delongas, vamos às nossas apostas:

 

FAVORITO: Os Capacetes Brancos
Dirigido e produzido pelo time indicado recentemente ao Oscar por Virunga (2015), esta produção de 41 minutos de duração corre na liderança por sua pontualidade: além de representar um terrível conflito civil recente com uma fagulha de esperança, ela ganhou as manchetes por ser protagonizada por um voluntário que não poderia comparecer à cerimônia do Oscar pela limitação na entrada de imigrantes nos Estados Unidos – algo que foi finalmente revogado. O lema dos Capacetes Brancos do título, que colaboram com sobreviventes dos bombardeios em Aleppo, é o de que salvar uma vida é salvar toda a humanidade. Foi pensado originalmente para ser um longa-metragem, mas o diretor Orlando von Einsiedel decidiu finalizar a produção o quanto antes pela importância da denúncia quanto à situação na Síria, lançando, então, uma história de fé e otimismo em tempos sombrios. Quer mais motivos para dar o Oscar para ele?

 

TORCIDA/AZARÃO: Joe’s Violin
Na contracorrente está Joe’s Violin, que retrata uma amizade intergeracional e interracial tão improvável quanto apaixonante. Com uma mensagem mais sutil que as dos demais concorrentes, o curta de Kahane Cooperman segue Joseph Feingold, sobrevivente do Holocausto que doa um violino que o acompanhou por 70 anos. O instrumento acaba nas mãos de Brianna Perez, estudante do Bronx que tem quase 80 anos a menos que o antigo dono do instrumento. A história que segue é um conto de proporções inimagináveis com personagens cativantes e passagens agridoces, das que inevitavelmente levam seus espectadores às lágrimas. As perspectivas humanas, sociológicas e políticas que o documentário evoca são aquelas que, tantas outras vezes, conquistaram a estatueta da Academia.

 

ESQUECIDOS: The Mute’s House Close Ties
Foram 61 documentários em curta-metragem considerados elegíveis para disputar as apenas cinco vagas pela busca do Ouro, então muitos acabaram sem essa chance. Ainda assim, dois deles merecem menção, tanto por chegarem perto da indicação quanto por suas importâncias tão inegáveis e particulares. The Mute’s House, produção da The Jerusalem Sam Spiegel Film School dirigida por Tamar Kay, conta a história do pequeno Yousef e de sua mãe surda Sahar, últimos palestinos residentes na parte israelense da cidade de Hebron. Close Ties, da Polish Filmmakers Association, é o retrato íntimo da cineasta polonesa Zofia Kowalewska sobre o casal Barbara e Zdzisław, eles que vivem juntos há 45 anos, num relacionamento interrompido pelas constantes escapadas sexuais dele. Com 18 minutos e comandado por uma realizadora de apenas 22 anos, o projeto foi alardeado como um original e tocante filme sobre longevas relações amorosas e seus dilemas sobre a passagem do tempo, fidelidade, elo e companheirismo.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.

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