INDICADOS
Historicamente, grandes produções têm vantagens sobre filmes menores na categoria Melhor Edição de Som, porém La La Land: Cantando Estações (2016) e seu orçamento modesto (30 milhões de dólares) pode virar o jogo nesta edição do Oscar. Outro fator que favorece o musical de Damien Chazelle é a constatação de que, desde a divisão das categorias de som entre edição e mixagem, há 13 anos, sete vezes o mesmo filme foi laureado em ambas: King Kong (2005), O Ultimato Bourne (2007), Guerra ao Terror (2009), A Origem (2010), A Invenção de Hugo Cabret (2011), Gravidade (2013) e Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Então La La Land é o vencedor, certo? Não, a matemática não é tão simples quanto parece. A aposta mais provável é outra, vencedora dos principais prêmios da Motion Picture Sound Editors, e já lhe justificaremos os motivos. Vamos às nossas apostas.
Há de se considerar que Até o Último Homem (2016), além de concorrer nas duas categorias de som, entra para a estatística de superprodução (de guerra, ainda por cima!), que tem mais chances de faturar as categorias técnicas. Diferentemente da delicadeza atmosférica que dá o tom do romance entre Ryan Gosling e Emma Stone, o drama de Mel Gibson conta com toda aquela pirotecnia sonora de explosões e camadas de áudio que fazem o espectador sentir o filme na pele. Na marra. E isso agrada bastante os votantes da Academia, sem dizer que, em sua grande maioria, eles não fazem a menor ideia do que diferencia edição e mixagem de som. Então fica mais fácil eleger aquele filme que grita ao invés do que sussurra, não é mesmo?
Assim como os editores de Até o Último Homem, Ai-Ling Lee e Mildred Iatrou Morgan também foram indicadas ao Oscar pela primeira vez neste ano – e pela primeira vez compõem um time unicamente feminino nesta categoria. Nossa torcida fica com a complexidade sonora que dá vida e movimento ao longa de Chazelle, muito mais rica do que a artificialidade dos sons fabricados e pouco originais daquele que apontamos como provável vencedor. O que vai contra La La Land em categorias técnicas como esta é a constância de sua aparição em 14 indicações; acredite ou não, muitos votantes não marcam o mesmo filme excessivamente para dividir os prêmios e deixar mais gente feliz. Esta é Hollywood.
Se há um filme para roubar o Oscar na categoria de Edição de Som, este filme é A Chegada. Também indicado pela primeira vez ao Oscar, Sylvain Bellemare já colaborou antes com Denis Villeneuve como o responsável pelo departamento de som de Incêndios (2010), que na época foi indicado como Melhor Filme Estrangeiro. Premiada na categoria de Melhor Som no BAFTA, a ficção conta com um trabalho primoroso e denso no que se refere às camadas sonoras e audíveis da produção, responsáveis por grande parte das sensações atmosféricas que o filme proporciona.
É tão surpreendente quanto curioso que este derivado da franquia Star Wars tenha ficado de fora desta categoria, considerando suas constantes aparições em apostas sobre possíveis indicados e até mesmo suas nomeações em premiações técnicas de som. Matthew Wood e Christopher Scarabosio foram indicados juntos nesta mesma categoria por Star Wars: O Despertar da Força (2015) e possuem, cada um, duas outras nominações por trabalhos distintos, sendo que Scarabosio está no time que concorre na categoria de mixagem por este mesmo Rogue One, aqui esquecido.