INDICADOS
O vencedor desta categoria no Writers Guild Awards, ou seja, na premiação do Sindicato dos Roteiristas de Hollywood, foi… Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)! A questão é que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, ao contrário da associação, decidiu que o de Moonlight se tratava de um roteiro adaptado – supostamente, parte de uma peça de teatro nunca encenada. Lá, também, quem ganhou como Adaptado foi A Chegada (2016), e agora os dois disputam na mesma categoria do Oscar.
Quem sobra, portanto, para levar a estatueta dourada aqui? Perderam para Moonlight os também indicados a Melhor Filme A Qualquer Custo (2016), Manchester à Beira-Mar (2016) e La La Land (2016). O Lagosta (2016) e Mulheres do Século 20 (2016), dois dos melhores longas dentre todos os 47 indicados nas 24 categorias da premiação, conseguiram aqui suas únicas indicações. Fato que os deixa, infelizmente, já de fora da disputa.
Os especialistas afirmavam: a disputa no WGA estava entre… Moonlight e Manchester! Com a saída do primeiro do páreo aqui no Oscar, o caminho parece ter ficado livre para o trabalho de Lonergan. Cineasta bissexto – este é o seu terceiro longa em quase vinte anos de carreira – parece que, enfim, receberá o reconhecimento merecido. E apresenta um trabalho à altura dessa expectativa, feito com o esmero de um artesão, que oferece o mesmo peso e força tanto para as palavras dos seus bem estudados diálogos como para os silêncios que os ligam e as poderosas imagens que os ilustram. Além disso, esta tem tudo para ser a única vitória do filme na premiação – o que não deixa de ser, diante de uma análise mais racional, uma tremenda injustiça.
Que coisa mais linda seria uma vitória de La La Land, um musical! Dizem que o trabalho aqui está todo nas canções, mas o que seria do esforço do compositor Justin Hurwitz sem o talento do diretor e roteirista Damien Chazelle para conectá-las com extrema e delicada precisão? E estamos falando também do filme campeão de indicações – 14 no total! Se os membros da Academia se deixarem levar pela emoção e decidirem premiá-lo em toda categoria possível, essa deve ser uma das primeiras a chegar a um consenso!
Infelizmente, o longa de David Mackenzie, um dos mais surpreendentes desta temporada, disputa apenas quatro categorias – e em nenhuma está na condição de favorito. Se sonhar com o prêmio de Melhor Filme ou de Ator Coadjuvante parece ser algo quase impossível, e na categoria de Montagem o resultado é mais técnico e sem tanta paixão, esta aqui seria a vitória a ser mais comemorada. Talvez seja pedir demais, mas como é bom quando surpresas como essa, eventualmente, acontecem!
Dos cinco indicados nessa categoria no WGA, o único que não conseguiu repetir o mesmo feito no Oscar foi o longa escrito e dirigido por Jeff Nichols. Realizador ainda muito subestimado, vem construindo, com o passar dos anos, uma carreira de respeito e bastante digna. Aqui, ele apresenta uma das suas histórias mais emocionais e femininas, além de ser a primeira inspirada em um episódio real. Um reconhecimento aqui seria perfeito para coroar esse novo rumo que o cineasta começou a desenhar em sua filmografia.