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Oscar 2018 :: Melhor Ator Coadjuvante

Publicado por
Robledo Milani

Dois policiais – um prestes a morrer, o outro completamente sem noção. Um desenhista homossexual. O gerente de um hotel de beira de estrada. E o homem mais rico do mundo. Esses são os cinco personagens que, graças às impressionantes performances de seus intérpretes, acabaram figurando como finalistas em uma das categorias mais disputadas desta temporada. Afinal, o favorito não só não é o mais premiado do ano, como também enfrenta concorrência de uma outra atuação do seu próprio filme. E além do concorrente do longa recordista em indicações, há também aquele que quebrou recordes e marca presença no ritmo das denúncias de abuso e assédio sexual que têm atormentado Hollywood há uns bons meses. Qual deles levará o ouro para casa? Em uma coisa todos concordam: a estatueta estaria feliz nas mãos de qualquer um deles. Mas só um, na última hora, a levará para casa. Façam suas apostas!

 

Indicados

 

FAVORITO: Sam Rockwell, por Três Anúncios Para um Crime
Esta é a primeira indicação de Sam Rockwell ao Oscar – ele é o único novato dentre os cinco indicados – mas não é seu primeiro trabalho merecedor de tal reconhecimento. Tanto que o astro já foi premiado nos festivais de Berlim, Seattle, Sundance e Boston – e cada um por um filme diferente – em anos anteriores. Ou seja, a Academia estava, mesmo, em débito com ele. Porém, nenhum dos seus trabalhos prévios teve impacto igual ao do policial preconceituoso de Três Anúncios para um Crime, performance que já lhe valeu nesta temporada os principais “termômetros”: Globo de Ouro, Screen Actors Guild e Critics Choice, além dos troféus dos críticos de Dallas-Fort Worth, Florida, Houston, Las Vegas, Nevada, North Texas, Phoenix, San Diego e Washington. Ao que tudo indica, portanto, chegou a sua vez. E quem ousaria dizer que ele não merece?

 

TORCIDA:  Richard Jenkins, por A Forma da Água
Esta é a segunda indicação de Richard Jenkins, que já concorreu, porém na categoria principal, por O Visitante (2007). Naquela vez, no entanto, ele representou a única lembrança daquele filme. E o que vemos agora é justamente o contrário: A Forma da Água é o campeão de indicações deste ano. Será que com tantas opções para premiar o belo filme do diretor Guillermo del Toro, irão lembrar da delicada e sensível performance do artista gay, vizinho da protagonista, que a ajuda em sua jornada de paixão e liberdade? Até o momento, Jenkins tem sido indicado a praticamente tudo, porém, premiado, mesmo, foi apenas pelos críticos de St. Louis. É pouco para que seu nome cresça junto aos votantes da Academia. Mas não impossível. Afinal, ele oferece, sem sombra de dúvidas, a atuação mais sutil e comovente dentre todos os concorrentes. E se o voto vier do coração, como não o ter como número um?

 

COM (MUITAS) CHANCES: Willem Dafoe, por Projeto Flórida
Esta é a terceira indicação de Willem Dafoe – que até hoje não foi premiado – e a única de Projeto Flórida. Poderia ser a grande chance de reconhecer não apenas o filme, um dos mais elogiados desta temporada, mas também o astro, um dos veteranos de trabalho mais consistente em Hollywood, habituado a se destacar tanto em blockbusters como em projetos independentes. Tanto que ele é o mais premiado da temporada até o momento, tendo sido lembrado pelas associações de críticos de Austin, Boston, Central Ohio, Chicago, Denver, Detroit, Indiana, Iowa, Kansas, Los Angeles, Nova Iorque, North Carolina, Oklahoma, São Francisco, Seattle, Toronto, Utah e Vancouver, além do National Board of Review e da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA. Faltou, no entanto, ao menos um reconhecimento da indústria – e são esses que fazem, no final das contas, a diferença. Ou não? Enfim, ele está na disputa e pode surpreender como a reviravolta que estão todos esperando.

 

VOTO DE PROTESTO:  Christopher Plummer, por Todo o Dinheiro do Mundo
O ano de 2017 ficará marcado por um movimento muito especial, que começou a dar vozes às minorias em Hollywood, homens e, principalmente, mulheres vítimas de abuso e assédio sexual. E um dos primeiros e serem denunciados, após o produtor Harvey Weinstein, foi o ator Kevin Spacey. Para ficar longe da polêmica, o diretor Ridley Scott agiu rápido: convocou Christopher Plummer e refilmou todas as cenas de Spacey em Todo o Dinheiro do Mundo, quando o filme já estava praticamente pronto, com o novo ator. A estratégia funcionou, e o thriller inspirado em fatos sobre o milionário J. P. Getty, que se recusou a pagar a quantia exigida por sequestradores para liberarem seu neto, chegou às telas dentro do cronograma inicial. Porém, veja bem: votar em Plummer – que se tornou recordista, como o intérprete mais velho, aos 88 anos, a ser indicado a uma categoria de atuação no Oscar – não é apenas um reconhecimento da excelência do seu trabalho, da sua dedicação e comprometimento, mas também um voto contra os atos condenáveis cometidos por Spacey. E vale lembrar: Plummer é o único dos cinco indicados já premiado – ele ganhou nesta mesma categoria por Toda Forma de Amor (2010).

 

AZARÃO:  Woody Harrelson, por Três Anúncios Para um Crime
Muitos apostavam que, se algum filme fosse ter dois indicados nessa categoria, seria Me Chame Pelo seu Nome, com as inclusões de Armie Hammer e Michael Stuhlbarg. O tema – uma história de amor gay – no entanto, deve ter afastado os mais conservadores. Com isso, as chances de Harrelson se concretizaram, dando-lhe sua terceira indicação ao prêmio máximo do cinema mundial. Como um delegado vítima de câncer que se vê na mira de uma mãe indignada por não terem encontrado o culpado pela morte de sua filha, ele foi indicado ainda ao BAFTA, Screen Actors Guild, British Independent, e pelos críticos de Central Ohio, Dallas-Fort Worth, Denver, Londres, North Carolina, San Diego e St. Louis, tendo sido premiado apenas pelos da Filadélfia. E, veja bem, ele foi esnobado pelos votantes do Globo de Ouro e do Critics Choice, por exemplo. Ou seja, seu desempenho é excelente, como momentos muito tocantes, porém tem pouco tempo em cena – ainda mais se compararmos com seu colega de elenco, Sam Rockwell. E, diante desse cenário, só ter conseguido figurar entre os finalistas já deve ser visto como uma vitória!

 

ESNOBADO: Michael Stuhlbarg, por Me Chame Pelo Seu Nome
Michael Stuhlbarg merecia estar entre os cinco indicados. Tudo bem que no drama do diretor Luca Guadagnino ele possui uma única grande cena – mas que cena, hein? É a sequência mais marcante do filme, aquela que todo mundo sai comentando após o término da sessão, a ponto, inclusive, de eclipsar a performance do seu colega Armie Hammer – que, aliás, também merecia uma vaga nesta seleção, como bem apontou o Globo de Ouro e o Critics Choice, que o colocaram entre os finalistas na categoria. Stuhlbarg, no entanto, possui o corpo de trabalho mais impressionante: além deste filme, tem presença marcante também no campeão de indicações do ano, A Forma da Água, e em outro dos concorrentes a Melhor Filme, The Post: A Guerra Secreta. Neste, sua participação é mais pontual, fato, mas ele poderia muito bem ter sido lembrado por qualquer um dos outros dois. Caso a Academia permitisse indicações acumuladas por mais de um filme, ele seria forte candidato ao prêmio – fato que se verificou junto à diversas associações de críticos. No entanto, esse não é o caso do Oscar, e com isso ele viu suas chances se dividirem – uns devem ter votado nele pelo primeiro, outros pelo segundo, e é possível até encontrar aqueles que tenham optado pelo terceiro. E essa é a maior lástima desta temporada!

:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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