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Oscar 2018 :: Melhor Atriz

Publicado por
Robledo Milani

Cinco mulheres. Num ano em que a presença feminina foi tão discutida, principalmente no mundo cinematográfico, com denúncias de assédio e abuso sexual surgindo a todo instante, é mais do que provável que essa seja a categoria que irá captar o maior número de atenções no próximo dia 04 de março. E qual será consagrada com a melhor performance do ano? Temos duas veteranas já premiadas – e, entre elas, a maior recordista de todos os tempos em indicações – além de uma novata concorrendo pela primeira vez. Há também uma jovem que, com apenas 23 anos, já soma sua terceira indicação, enquanto a última é, nada menos, do que a protagonista do filme do ano. Aliás, um fato surpreendente: quatro das concorrentes estão em longas indicados a Melhor Filme – em 2017 tínhamos apenas uma, em 2016, duas, em 2015, uma, em 2014, três, e precisamos voltar até 2013 para encontrar também quatro. E a última vez em que a premiada era também a estrela do melhor filme foi em 2005, com Hilary Swank e o drama Menina de Ouro (2004), há mais de uma década. Será que veremos esse feito se repetir agora? Façam suas apostas!

 

Indicadas

 

 

FAVORITA: Frances McDormand, por Três Anúncios Para um Crime
Vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Fargo (1996), Frances tem aqui a sua quinta indicação ao prêmio máximo do cinema mundial. E tem tudo para repetir a conquista. Afinal, pela composição de uma mãe decidida a encontrar os culpados do assassinato de sua filha, em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, ela já ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama, o Screen Actors Guild Award, o Critics Choice e os prêmios dos críticos de Austin, Boston, Detroit, Las Vegas, North Texas, Phoenix, Texas, St. Louis, Toronto e Washington, sem falar dos reconhecimentos dos críticos Áfrico-Americanos e do Círculo de Críticos Negros (que, geralmente, visam ressaltar performances de intérpretes negros) e das indicações ao BAFTA e ao Independent Film Spirit Award, cujas vencedoras ainda serão anunciadas. Ou seja, dona dos principais “termômetros” do ano, já pode se imaginar, ao menos, com uma das mãos na cobiçada estatueta dourada.

 

NO PÁREO: Saoirse Ronan, por Lady Bird: A Hora de Voar
Indicada pela primeira vez quando tinha apenas 14 anos, como Atriz Coadjuvante, por Desejo e Reparação (2007), Saoirse Ronan está concorrendo pela segunda vez na categoria principal – a anterior foi por Brooklin (2015). Se levarmos em conta que a média de idade das vencedoras do Oscar de Melhor Atriz é inferior a 40 anos, percebemos uma clara preferência dos votantes da Academia por intérpretes mais jovens. E, neste ano, Ronan tem tudo para ser a preferida desse tipo de eleitor: já foi premiada com o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, e ganhou também junto aos críticos de Chicago, Denver, Indiana, Iowa, Nova York, Seattle e Vancouver, além de concorrer ao BAFTA, ao Film Independent Spirit e ter ganhado o Gotham Independent Film Award. Como uma garota em conflito com a mãe e consigo mesma, em plena adolescência, ela é a única das concorrentes a ter sido dirigida por uma mulher, e, num ano como o atual, isso também tem seu peso.

 

TORCIDA: Sally Hawkins, por A Forma da Água
Indicada anteriormente como coadjuvante por Blue Jasmine (2013), Sally Hawkins tem aqui sua primeira indicação nesta categoria, quase uma década após ter sido esnobada pela incrível performance em Simplesmente Feliz (2008), que naquele ano lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, o Urso de Prata no Festival de Berlim e o troféu da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA, além das premiações dos críticos de Los Angeles, Boston, São Francisco e Nova York, apenas para ficarmos nas de maior destaque. Ou seja, a Academia está em débito com ela há bastante tempo. Teria chegado a hora de pagar essa dívida? Como a faxineira de uma instalação militar que se apaixona por um monstro marinho, ela já foi indicada a absolutamente tudo – Globo de Ouro, BAFTA, Critics Choice, Screen Actors Guild – e ganhou, até agora, os troféus dos críticos de Boston, Central Ohio, Dallas-Fort Worth, Houston, Kansas, Nevada, North Carolina, Oklahoma, Filadelfia, Phoenix, Southeastern, Utah e Los Angeles. Auxiliada pelo fato de ser a estrela do filme com o maior número de indicações do ano, é certo que ela está na disputa e pode surpreender – além de ser a nossa favorita!

 

SURPRESA: Margot Robbie, por Eu, Tonya
Não que tenha sido surpreendente encontrar a protagonista de Eu, Tonya entre as finalistas deste ano – afinal, ela foi também indicada ao Globo de Ouro, ao BAFTA, ao Screen Actors Guild, ao Film Independent Spirit e ao Critics Choice, e ganhou como melhor do ano pelos críticos da Florida, São Francisco e Nova York – mas o que causou espanto, mesmo, foi descobrir que a vilã Harley Quinn, de Esquadrão Suicida (2016), era, também, uma boa atriz! Margot Robbie chamou a atenção pela primeira vez como a esposa gostosona de Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street (2013), porém, filmes seguintes, como Suíte Francesa (2014), Golpe Duplo (2015) e A Lenda de Tarzan (2016), pouco fizeram para melhorar sua imagem como intérprete de talento, e não apenas mais um rostinho bonito. Pois bem, parece que a situação mudou. Não que tenha muitas chances de vitória neste ano – apenas a indicação já é um reconhecimento e tanto – mas com mais de uma dezena de projetos engatilhados para os próximos anos, é bem provável que a veremos por aqui mais vezes.

 

DONA DA P*RRA TODA: Meryl Streep, por The Post: A Guerra Secreta
Esta é a vigésima primeira indicação ao Oscar de Meryl Streep – nenhum outro intérprete, homem ou mulher, em noventa anos de premiação, conseguiu tal façanha! Dona de três estatuetas – Coadjuvante, por Kramer vs. Kramer (1979), e protagonista, por A Escolha de Sofia (1982) e A Dama de Ferro (2011) – é uma verdadeira força da natureza. Tanto que conseguiu a única outra indicação de The Post: A Guerra Secreta, além da de Melhor Filme – o próprio diretor Steven Spielberg, ou seu colega de elenco, Tom Hanks, ambos vencedores em ocasiões passadas, não conseguiram emplacar dessa vez. E se a máxima “nunca aposte contra Meryl Streep” parece ser cada vez mais válida no tocante às indicações, o mesmo não pode se dizer a respeito de vitórias – afinal, como os números mostram, ela é, também, a maior perdedora da Academia – em 17 ocasiões anteriores saiu derrotada. Como Kay Graham, a dona do jornal The Washington Post nos anos 1970, ela entrega uma atuação tão repleta de camadas e possíveis leituras que alcança, com certeza, uma das suas melhores performances em muitos anos. Infelizmente, no entanto, seu prêmio é estar, novamente, entre as finalistas, pois suas chances de colocar a mão no ouro são mínimas. Afinal, indicada ao Globo de Ouro e ao Critics Choice, foi esnobada pelos votantes do BAFTA e do Screen Actors Guild – dois importantes “termômetros” – e sua única vitória nessa temporada foi no National Board of Review.

 

ESNOBADA: Jessica Chastain, por A Grande Jogada
Esta não é a primeira vez que Jessica Chastain chega perto, mas acaba ficando de fora da disputa no último momento. Com duas indicações ao Oscar, por Histórias Cruzadas (2011) e A Hora Mais Escura (2012), ela foi indicada ao Globo de Ouro por O Ano mais Violento (2014) e Armas na Mesa (2016), por exemplo. Neste ano, por A Grande Jogada, concorreu novamente ao Globo de Ouro e ao Critics Choice, além de ter sido premiada no Festival de Palm Springs. Como Molly Brown, uma esquiadora olímpica que se tornou alvo do FBI ao se envolver em esquemas de pôquer no alto escalão dos Estados Unidos, ela mostrou mais uma vez um talento acima de qualquer suspeita. Pena que o filme não “aconteceu” – conseguiu apenas uma indicação a Melhor Roteiro Adaptado – e ela viu, mais uma vez, suas chances se evaporarem. Injustamente.

:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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