É engraçado notar o quanto a montagem é uma das peças-chave de um filme e, ao mesmo tempo, que a técnica não recebe a devida importância na maior parte das premiações. Não adianta uma direção concisa e um roteiro eficiente se os dois não estiverem em sintonia com as imagens, o tempo de tela e a cronometragem das cenas. Ao menos no Oscar os montadores são bem lembrados. E não se engane. Muitas vezes, o prêmio desta categoria dá bons indícios de quem será o grande laureado da noite – ainda que nos últimos anos os premiados tenham batido longe dos vencedores de Melhor FIlme. No dia 26 de janeiro foi realizada a cerimônia do Eddie Awards, organizada pela American Cinema Editors, ou seja, o que poderíamos chamar de Sindicato dos Montadores de Hollywood. É o termômetro mais confiável para saber quem pode levar o ouro para casa. Neste ano, dois dos vencedores, um dramático e outro de comédia, estão entre os indicados. Será que a decisão final vai ser entre os dois ou terá algum azarão pelo caminho? Confira as chances de cada indicado!
Indicados
- Em Ritmo de Fuga (Jonathan Amos e Paul Machliss)
- Dunkirk (Lee Smith)
- Eu, Tonya (Tatiana S. Riegel)
- A Forma da Água (Sidney Wolinsky)
- Três Anúncios Para um Crime (Jon Gregory)
FAVORITO: Dunkirk (Lee Smith)
Lee Smith é um dos veteranos da categoria. Já foi indicado em outras duas vezes, por Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo (2003) e Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008), mas ainda não ganhou o prêmio. Será que desta vez vai? Indícios não faltam para isso. Ele já recebeu praticamente mais da metade dos prêmios da crítica pelo trabalho no filme de Christopher Nolan. O principal: foi o grande vencedor de Montagem em Drama no Eddie Awards. Além de tudo, Dunkirk é um dos filmes com mais indicações neste ano – a maior parte nas categorias técnicas. Seria uma forma – bem justa, diga-se – de reverenciar a bela realização de Smith.
INIMIGO Nº 1: Em Ritmo de Fuga (Jonathan Amos e Paul Machliss)
Eu já disse que Dunkirk levou mais da metade dos prêmios nesta categoria, seja pelos críticos ou demais associações de classe. Porém, o filme que ganhou os outros troféus (ou a maior parte deles) foi justamente a produção capitaneada por Edgar Wright. Realmente, a montagem é uma das forças desta comédia de ação. Porém, os realizadores podem ter sido ofuscados pelo escândalo de Kevin Spacey, parte importante do elenco aqui. Será que por isso mesmo o longa-metragem não levou o Eddie de Montagem em Comédia? Se for o caso, a situação pode se repetir e a dupla de montadores dar adeus ao careca dourado.
OLHA O BUZZ…: Três Anúncios Para um Crime (Jon Gregory)
Jon Gregory só levou um prêmio por esse trabalho: o Independent Awards britânico. Então, o que pode lhe dar forças é justamente a ausência de Martin McDonagh na categoria de Melhor Direção. E o que isso tem a ver? Bom, lembram-se do caso Argo (2012), há cinco anos? Ben Affleck também foi excluído da disputa pela estatueta de Direção, mas o filme, grande vencedor da noite, teve entre seus troféus o de Montagem, a categoria mais próxima de Direção. Então, se o falatório em torno de Três Anúncios Para um Crime voltar com tudo, não duvide do potencial deste concorrente aqui.
AZARÃO: Eu, Tonya (Tatiana S. Riegel)
O trabalho de Tatiana S. Riegel foi lembrado pela crítica em vários estados norte-americanos, mas sem levar o ouro. Porém, ganhou o Eddie de Montagem de Comédia, batendo adversários de peso como Em Ritmo de Fuga, até então o grande favorito, e Três Anúncios Para um Crime – dois dos indicados aqui. Quem sabe esse humor ácido com uma edição totalmente maluca que, em compensação, faz absoluto sentido, não sai vitorioso? Sem contar que Tatiana é a única mulher indicada neste ano.
NÃO VAI, NÃO VAI…: A Forma da Água (Sidney Wolinsky)
Das 13 indicações do filme de Guillermo del Toro, esta é uma das de vitória menos provável. Não por falta de qualidade. Afinal, nem estaria aqui se esse fosse o caso. Porém, com uma cerimônia que, parece, vai ser diluída entre os laureados, Sidney Wolinsky não precisa ter muitas esperanças. As chances da história de amor entre uma faxineira muda e um deus-monstro das águas estão direcionadas para outras categorias.
ESQUECIDO: Blade Runner 2049 (Joe Walker)
Houve belos trabalhos que mereceriam a lembrança, como o de Mako Kamitsuna – ignorada em todas as premiações – por Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi, ou a agilidade de Nick Houy em Lady Bird: A Hora de Voar. Porém, a ausência mais notada e quase injustificável é a de Joe Walker, que já foi indicado duas vezes (sem vitória) por A Chegada (2017) e 12 Anos de Escravidão (2014), belos filmes que já mereceriam o prêmio. Com Blade Runner 2049 dá pra contar nos dedos as associações e premiações as quais Walker ficou de fora. Será que o fato de Ridley Scott, diretor do filme original oitentista, ter reclamado da duração do novo capítulo influenciou em algo? Nunca saberemos. A gente só entende que é uma grande injustiça esta ausência.
:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::
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