O que acontece quando o franco favorito até a véspera do anúncio dos indicados falha em figurar entre os finalistas do prêmio mais disputado da temporada? A confusão se instaura, é claro, pois a partir dessa ausência, tudo pode acontecer. É exatamente o que vimos quando Ethan Hawke, reconhecidamente o mais elogiado pela crítica, ficou de fora da premiação. Com isso, aumentaram-se as chances de Rami Malek e Christian Bale, os dois vencedores do Globo de Ouro (um em drama, outro em comédia), assim como Bradley Cooper e Viggo Mortensen não podem ser desconsiderados – afinal, um está em sua sétima indicação, e o outro na terceira, e ambos seguem sem vitória. Não seria o momento de fazer justiça? E o que dizer de Willem Dafoe, outro veterano que há muito já deveria ter obtido esse reconhecimento e segue de mãos abanando? Será que entre tantos históricos dignos de aplausos, a cobiçada estatueta dourada irá, mesmo, parar nas mãos daquele que recém-chegou? Confira as nossas apostas!

Indicados

 

FAVORITO
Rami Malek, por Bohemian Rhapsody
Vencedor do Emmy por sua performance como o protagonista da série Mr. Robot (2015), Rami Malek como Freddie Mercury em Bohemian Rhapsody pode não ter o apoio da crítica – apenas os profissionais de Los Angeles (online), Iowa e de North Texas o apontaram como o melhor dessa temporada – mas se tornou, desde o início do ano, o queridinho das premiações de maior visibilidade. Não por nada, já colocou suas mãos no Globo de Ouro (ator em drama), Bafta e Screen Actors Guild, além de ter sido indicado ao Critics Choice. Ou seja, é uma combinação quase impossível de ser batida. E o jovem californiano de origem egípcia fez tudo como manda a cartilha: ele parece ter incorporado o músico e líder da banda Queen, reproduzindo à perfeição até os mínimos trejeitos do cantor. Sua transformação foi tão impressionante que muitos foram ao cinema apenas para sentirem a sensação de estar em um concerto de rock. E o mérito, em grande parte, é dele mesmo. Apenas para constar, essa é sua primeira indicação ao Oscar.

 

AZARÃO
Christian Bale, por Vice
Premiado com o Globo de Ouro (ator em comédia) e com o Critics Choice (ator e ator em comédia), Christian Bale é o único que pode tirar a estatueta dourada das mãos de Rami Malek. Afinal, assim como outros colegas de Hollywood – vide Robert De Niro, Charlize Theron e Matthew McConaughey, entre outros – ele também não se contentou em apenas estudar a personalidade real que deu vida na tela grande – no caso, o ex-vice-presidente norte-americano Dick Cheney – mas também transformou o próprio corpo, engordando muitos quilos e usando várias camadas de maquiagem e perucas para adquirir o visual do biografado. E como esse tipo de esforço parece compensar, é bom estar atento – Bale tem chances reais de vitória, sim. Mas serão elas suficientes? Esta, aliás, é a quarta indicação do astro ao Oscar, sendo que ele já foi premiado uma vez – como Melhor Ator Coadjuvante por O Vencedor (2010).

 

SEM CHANCES
Willem Dafoe, por No Portal da Eternidade
Premiado como Melhor Atuação Masculina no Festival de Veneza, Willem Dafoe foi eleito, neste ano, também o melhor ator em drama no Satellite Awards. Suas indicações, no entanto, foram mais frequentes: concorreu ainda ao Globo de Ouro, Critics Choice e aos prêmios dos críticos de Denver, Florida, São Francisco, St. Louis e Toronto. E mais nada. Se levarmos em conta que esta é a única indicação de No Portal da Eternidade ao Oscar, sua presença entre os finalistas parece ser ainda mais surpreendente. Não que o filme seja desprovido de méritos para ocupar essa – ou qualquer outra – vaga. Muito pelo contrário. Talvez seja bom demais para os votantes da Academia. Mas Willem Dafoe é um veterano com luz própria, que chega, neste ano, a sua quarta indicação. Não vai levar, assim como nas ocasiões anteriores. Mas merecia, e muito.

 

ESQUECIDO
Ethan Hawke, por Fé Corrompida
Contado na ponta do lápis, é bem provável que Ethan Hawke seja o ator mais premiado desta temporada. Afinal, ele foi escolhido como dono da melhor atuação masculina do último ano pelos críticos de Atlanta, Austin, Boston (online), Chicago, Denver, Detroit, Georgia, Indiana, Kansas, Las Vegas, Londres, Los Angeles, Nova Iorque, Oklahoma, Phoenix, San Diego, São Francisco, Seattle, Southeastern, St. Louis, Toronto, Utah e Vancouver, além de ter ganhado o prêmio da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos Estados Unidos e de ter sido indicado ao Critics Choice e ao Film Independent Spirit, entre tantos outros. Mesmo assim, com toda essa impressionante performance, acabou ficando de fora dos finalistas do prêmio da Academia. E isso que Hawke não é nenhum novato – ele já possui quatro indicações ao Oscar no currículo! Ou seja, a única explicação possível é um caso de cegueira coletiva, pois nada mais parece fazer sentido nesse caso!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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