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Dos cinco indicados, apenas um está num longa que não concorre ao prêmio de Melhor Filme. Curiosamente, Richard E. Grant, ao menos até o início do ano, era considerado o favorito nesta categoria, tendo sido eleito o melhor por diversas associações de críticos pelos Estados Unidos. No entanto, talvez por não ser um nome muito pop, alguém com um histórico tão impressionante ou mesmo uma figura mais familiar – ele é inglês e atuou a maior parte da sua carreira na Inglaterra – acabou sendo negligenciado nas premiações de maior destaque, como o Globo de Ouro e o Screen Actors Guild, promovidas pela imprensa e a indústria cinematográfica de Hollywood. Com isso, abriu-se a oportunidade para outros que estão chegando na festa da Academia pela primeira vez – Adam Driver, Sam Elliott – e aqueles que foram premiados recentemente e buscam duplicar essa glória – Mahershala Ali, Sam Rockwell. Qual deles se sairá melhor? Confira as nossas apostas!

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Indicados

 

20190201 mahershala ali papo de cinemaFAVORITO
Mahershala Ali, por Green Book: O Guia
Seria Mahershala Ali o novo Christoph Waltz? A pergunta é justa, pois se o astro austríaco, com apenas duas indicações, levou ambas as estatuetas para casa – por Bastardos Inglórios (2009) e por Django Livre (2012) – tudo indica que o mesmo deverá se repetir com Ali, que após ter ganhado em sua primeira indicação – por Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016) – está de novo na condição de favorito nesta sua segunda lembrança ao prêmio máximo da Academia. A questão se faz ainda mais urgente se levarmos em conta que, se em Moonlight ele não era mais do que uma presença forte apenas no terço inicial da trama, em Green Book: O Guia ele é quase um co-protagonista, estando em cena durante todo o desenrolar da história, dividindo em pé de igualdade as atenções com o seu colega Viggo Mortensen. Levantando temas polêmicos como racismo, preconceito, homofobia e aceitação, ele é a verdadeira alma do filme, e após ganhar o Globo de Ouro, o Screen Actors Guild, o Critics Choice e os prêmios dos críticos de Washington, Phoenix, North Texas, Los Angeles, Iowa, Houston, Denver e Dallas-Fort Worth, a lógica aponta que todas as chances estão em seu nome. Alguém duvida?

 

20181221 sam elliott papo de cinemaAZARÃO
Sam Elliott, por Nasce Uma Estrela
É surpreendente se dar conta de que, com mais de cinquenta anos de carreira e exatos 99 créditos em sua filmografia, esta é a primeira indicação ao Oscar de Sam Elliot. Felizmente, ele recebeu a devida consideração, em um papel mínimo, porém tão marcante que chega a ofuscar as atuações dos colegas – e também indicados – Bradley Cooper e Lady Gaga. Como o irmão mais velho do protagonista, ele é uma figura de autoridade que inspira respeito e admiração, servindo de bússola moral ao astro em decadência que busca voltar ao topo. Sam Elliot pode não ser uma opção óbvia – afinal, ele aparece em menos de 15 minutos de um filme que dura mais de duas horas – e mesmo tendo sido ignorado pelo Globo de Ouro e pelo Bafta, ficou entre os finalistas do Critics Choice e do Screen Actors Guild, além de ter ganhado o National Board of Review e os prêmios dos críticos de Atlanta, Las Vegas, New Mexico e Georgia. Ou seja, combinaria uma atuação específica memorável com um reconhecimento que se espalharia por uma vida dedicada à arte. Como ele mesmo chegou a declarar ao saber da indicação, “já estava mais do que na hora, po**a!”

 

20181221 sam rockwell papo de cinemaSEM CHANCES
Sam Rockwell, por Vice
O que Sam Rockwell está fazendo nessa lista? Ele surge em menos de 10 minutos de um filme com mais de 130 min, e, mesmo assim, sua aparição mais marcante é aquela em que convence Dick Cheney a ser o seu parceiro de chapa, enquanto come asas de galinha – uma sequência, aliás, vista quase na íntegra no trailer do filme. Então, o que há de novo? Só há uma explicação: uma vez aceito no clube, por um bom tempo você deverá gozar de seus privilégios. Vencedor nesta mesma categoria no ano passado, por Três Anúncios de um Crime (2017), Rockwell volta a figurar entre os melhores do ano por Vice, um trabalho curioso, até mesmo divertido, mas longe de ser inesquecível – se formos ficar apenas no mesmo personagem, Josh Brolin foi um George W. Bush muito mais interessante em W. (2008). Indicado ao Globo de Ouro e ao Bafta, foi ignorado no Screen Actors Guild e no Critics Choice, além de ter ganhado em absolutamente nenhuma associação regional de críticos. O mais sintomático é que performances muito mais relevantes da sua filmografia, como Confissões de uma Mente Perigosa (2002) e Lunar (2009), todas pré-Oscar, passaram ao largo das grandes premiações. Ou seja, justiça tardia, portanto.

 

20190201 timothee chalamet papo de cinemaESNOBADO
Timothée Chalamet, por Querido Menino
Um dos grandes injustiçados do Oscar 2018, quando perdeu o troféu de Melhor Ator (que concorria por Me Chame Pelo Seu Nome, 2017) para um exageradamente maquiado Gary Oldman (indicado por O Destino de uma Nação, 2017). A Academia tinha tudo para reparar esse deslize apenas um ano depois, se tivesse dado mais atenção ao incrível trabalho que o jovem de 23 anos apresenta no drama Querido Menino (2018). No papel de um rapaz entregue ao vício das drogas, Timothée Chalamet chega a disputar as atenções com o igualmente delicado desempenho de Steve Carell, que aparece como o pai disposto a (quase) tudo para ajudar o filho. Tanto é que Chalamet foi indicado ao Globo de Ouro, ao Bafta, ao Screen Actors Guild, ao Critics Choice e aos prêmios dos críticos de Central Ohio, Chicago, Dallas-Fort Worth, Georgia, Houston, Kansas, Los Angeles, North Texas, St. Louis e Washington, além de ter ganho o de San Diego. Ou seja, seu nome estava em todos os lados – menos no Oscar. Seria muito reconhecimento para alguém tão jovem? Ou faltou o filme ter despertado mais curiosidade e ter emplacado também em outras categorias? Tudo, pelo jeito, é possível. Menos ignorar um talento que desde cedo vem se demonstrando como um dos maiores desta geração.

:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2019 ::

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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