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Oscar 2019 :: Melhor Atriz Coadjuvante

Publicado por
Robledo Milani

Duas vencedoras em edições anteriores, uma campeã de indicações – e ainda sem vitória – e duas estreantes na premiação. Esse é o perfil das cinco indicadas a Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar 2019. E isso que, até chegarmos a esses nomes, a disputa foi bem acirrada. Estrelas como Nicole Kidman (Boy Erased), Michelle Yeoh (Podres de Ricos), Margot Robbie (Duas Rainhas) e Elizabeth Debicki (As Viúvas), entre outras mais ou menos cotadas – a nossa maior esnobada apontamos no final deste artigo – tiveram que ficar de fora para abrir espaço às reais finalistas. E se, ironicamente, as duas representantes de A FavoritaEmma Stone e Rachel Weisz – não são, de fato, as favoritas ao prêmio, tudo parece indicar que uma deverá seguir no balcão, apenas observando tudo de longe (Amy Adams), enquanto as novatas na festa sentarão em lados opostos: Regina King já pode pensar no discurso de comemoração; e Marina de Tavira deve estar soltando fogos simplesmente por ter recebido esse convite tão especial. Confira as nossas apostas!

Indicadas

 


FAVORITA
Regina King, por Se a Rua Beale Falasse
Uma favorita inesperada. Afinal, mesmo com uma carreira de quase 30 anos, essa é a primeira indicação de Regina King ao Oscar. Dona de três Emmys, ela ganhou o Globo de Ouro e o Critics Choice, apesar de não ter sido, sequer, lembrada no Screen Actors Guild ou no Bafta. Pelo jeito, não está em todas, mas quando aparece, é pra ganhar. Se levarmos em conta que Se a Rua Beale Falasse é dirigido por Barry Jenkins, o mesmo do oscarizado Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), aumenta-se as expectativas em relação ao trabalho dela. No papel da mãe da uma garota que vê seu noivo sendo injustamente acusado de um crime e tendo que pagar por isso, ela é a força moral do filme, em uma atuação contida, porém nunca menos que segura. Premiá-la não apenas seria o reconhecimento à altura de um filme que investe pesado na emoção, mas também homenagem a uma grande intérprete, dona de uma trajetória que sempre esteve à procura da oportunidade certa. Bom, e não é que esse momento chegou?

 

AZARÃO
Amy Adams, por Vice
Esta é, nada mais, nada menos, do que a sexta indicação de Amy Adams ao Oscar. E sabe quantas dessas disputas ela ganhou até hoje? Nenhuma! Tá mais do que na hora, não é mesmo? Bom, mas ao que tudo indica, também não será dessa vez que a injustiça histórica será reparada. Afinal, tanto Weisz quanto Stone já foram premiadas antes – e pelo simples fato de estarem concorrendo pelo mesmo filme, meio que se anulam. Se Tavira não tem a menor chance e King é a favorita, o que sobre para Adams? Apenas esse apelo de serviços bem prestados. Como a esposa de Dick Cheney, personagem-título de Vice, ela tem participação discreta na trama, mas bastante pontual – cada vez que entra em cena, não passa desapercebida. Indicada ao Globo de Ouro, ao Bafta, ao Screen Actors Guild, ao Critics Choice e em diversas premiações de críticos, ela conta com nenhuma vitória a seu favor. Ou seja: eterna dama de honra, nunca a noiva.

 

SEM CHANCES
Marina de Tavira, por Roma
A mexicana Marina de Tavira entrou para a história do Oscar com essa indicação. E sabe por quê? Pelo simples fato de ter conseguido se posicionar entre as finalistas sem nem sequer ter sido lembrada por alguma premiação prévia durante toda essa temporada, seja no México, nos Estados Unidos ou na Europa. Nada, absolutamente ninguém pensou no nome dela. Nem os críticos de cinema de Pindamonhangaba (se é que existe essa associação) chegaram a incluí-la entre as melhores performances do ano. Portanto, só o fato de ter aparecido na festa aos 45 minutos do segundo tempo já foi uma conquista e tanto. Agora, ir além desse ponto… bem, já são – definitivamente – outros quinhentos…

 

ESQUECIDA
Claire Foy, por O Primeiro Homem
Com quatro indicações, o drama do diretor Damien Chazelle chegou aos cinemas com pinta de vencedor, mas acabou sendo lembrado apenas em disputas técnicas – Efeitos Visuais, Edição de Som, Mixagem de Som e Design de Produção. E por mais de o próprio Chazelle ou até mesmo o protagonista Ryan Gosling pudessem ter sido lembrados em suas categorias, talvez a que mais tenha feito falta seja essa de atriz coadjuvante, para Claire Foy. Afinal, ela esteve presente em praticamente todas as premiações prévias – Globo de Ouro, Bafta, Critics Choice e Satellite, além de diversas associações de críticos. Sem falar que a performance dela é a com mais “cara de Oscar” de todo o filme, inclusive com um momento feito especialmente para ser exibido quando seu nome fosse lido junto às demais finalistas (quando ela confronta o chefe do marido em busca de mais informações sobre o seu paradeiro no espaço). Talvez tenha sido pré-formatado demais. E num momento em que a espontaneidade parece ser cada vez mais importante, esse foi o seu maior pecado.

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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.