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Oscar 2019 :: Melhor Atriz

Publicado por
Robledo Milani

A grande surpresa desta temporada de premiações nos Estados Unidos, indiscutivelmente, foi a presença da cantora pop Lady Gaga em praticamente todas as listas, e não apenas em uma categoria, mas em duas: Canção Original e, para deixar muita gente de queixo caído, também na de Melhor Atriz. Mas vamos combinar: o trabalho que ela desempenha como protagonista feminina de Nasce uma Estrela merece, mesmo, todo esse barulho? Ela está longe de ser a favorita, e também não pode ser apontada para a vaga de “azarão” do ano, pois parece que ninguém está levando muito a sério sua indicação – além do National Board of Review (que adora estar na contramão) e de um empate no Critics Choice, ela foi premiada apenas pelos críticos de Las Vegas, Washington e de Phoenix, e mais em lugar nenhum – apesar de ter sido indicada a quase tudo. Ela está num meio termo, portanto, não tanto na liderança, mas também longe de ser uma carta fora do baralho. E o que dizer da estreante Yalitza Aparicio, que em seu primeiro trabalho no cinema conseguiu ser a estrela do longa campeão de indicações do ano? Talvez não seja suficiente para fazer dela uma campeã, mas é o bastante para que ela não seja ignorada. E as demais concorrentes, quais são as suas chances? Confira as nossas apostas!

Indicadas

 

FAVORITA
Glenn Close, por A Esposa
Sete indicações ao Oscar. E quantas vitórias? Nenhuma. Ao menos até agora. Pois tudo indica que a situação de Glenn Close deverá mudar no próximo dia 24 de fevereiro. Afinal, esse histórico, aliado a um trabalho impressionante em A Esposa, a faz a concorrente a ser superada por todas as demais neste ano. Dona de uma carreira de mais de quarenta anos, a veterana de 71 anos está prestes a colocar as mãos pela primeira vez na cobiçada estatueta dourada, por um trabalho bastante sutil, mas que hipnotiza qualquer um mais atento aos detalhes de uma atuação repleta de nuances e sentimentos contidos. Como a esposa de um vencedor do Prêmio Nobel de Literatura ela já ganhou o Globo de Ouro (Atriz em Drama), o SAG, o Critics Choice, o Satellite e os prêmios dos críticos de New Mexico e San Diego, além de ter recebido outra dúzia de indicações diversas. Pode parecer pouco, mas num universo em que talento conta quase tanto quanto os contatos que se faz, é mais do que esperado o momento dessa estrela brilhar. E, após seis ocasiões em que foi eclipsada por outras garotas da ocasião, é chegado, enfim, o seu grande momento.

 

AZARÃO
Olivia Colman, por A Favorita
Em seu primeiro trabalho de destaque no cinema, Olivia Colman já desponta como uma forte concorrente ao Oscar. Vai ganhar? Tem chances, mas não as maiores. E isso porque concorre contra uma veterana que há muito já merecia ter levado, e somente agora parece ter chegado a sua vez. Em qualquer outro cenário, no entanto, Colman já poderia estar cantando vitória. Afinal, ela ganhou o Bafta, o Globo de Ouro (Atriz em Comédia), o Critics Choice (Atriz em Comédia) e o prêmios dos críticos de Atlanta, Austin, Central Ohio, Chicago (como coadjuvante), Dallas-Fort Worth, Denver, Iowa, Kansas, Los Angeles, Southeastern, Toronto, Utah (como coadjuvante) e Vancouver, além do Festival de Veneza e do prêmio da Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos EUA. É, possivelmente, a atriz mais premiada do ano. No entanto, muita gente somente está ouvindo falar do nome dela agora – sua carreira, até então, era quase que restrita à televisão – e isso, não podemos ser tolos, conta bastante. Sem contar a confusão dela estar concorrendo como protagonista, sendo que é, indiscutivelmente, coadjuvante em seu filme (tanto que ganhou alguns troféus nessa condição). Se tivesse concorrido desde o começo nessa categoria, seria imbatível. No entanto, ao almejar algo mais disputado, suas chances diminuíram. Mas quem sabe algo inesperado não acontece na última hora? Uma coisa podemos afirmar: não seria nada injusto.

 

SEM CHANCES
Melissa McCarthy, por Poderia Me Perdoar?
No papel da escritora Lee Israel, Melissa McCarthy conquistou sua segunda indicação ao Oscar – a primeira foi como coadjuvante pela comédia Missão Madrinha de Casamento (2011). A impressão, no entanto, é que sua presença por aqui apenas é justificada pelo fato de ter deixado de lado as comédias escrachadas que a tornaram uma das atrizes mais populares dos Estados Unidos para, enfim, encarnar uma personagem mais séria e, por que não, também trágica. Por esse drama, foi indicada também ao Globo de Ouro, ao Bafta, ao Critics Choice, ao SAG e aos prêmios dos críticos de Austin, Central Ohio, Chicago, Dallas-Fort Worth, Denver, Detroit, Houston, Carolina do Norte, North Texas, San Diego e Washington, tendo ganho apenas junto aos críticos de São Francisco, Phoenix, Boston e de Florida. No entanto, faltou em figurar entre as finalistas do Film Independent Spirit Awards – o Oscar do cinema independente norte-americano. Ou seja, ter chegado até aqui não foi surpresa para ninguém. Mas, ir além, é bem pouco provável.

 

ESQUECIDA
Emily Blunt, por O Retorno de Mary Poppins
Indicada ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao Screen Actors Guild Awards, Emily Blunt – que foi premiada no SAG como Melhor Atriz Coadjuvante neste ano por Um Lugar Silencioso – pode ser considerada a esnobada duplamente, portanto. Mas se a vitória pelo suspense dirigido pelo maridão John Krasinski foi uma surpresa, ao menos a indicação pelo musical da Disney era dada como certa – ao menos até a véspera do anúncio das nominações. A sequência do clássico de 1964 recebeu quatro indicações ao Oscar, mas apenas em categorias técnicas, e falhou também por não receber respaldo da crítica – Blunt não foi lembrada por nenhuma associação regional. Uma lástima, pois ela é fundamental para que o filme possa recriar a mesma ambientação fantástica e encantadora do sucesso estrelado por Julie Andrews – de quem ela obteve a benção para viver a personagem. Andrews, aliás, ganhou o Oscar por esse papel. Não teria sido lindo observar Blunt seguindo o mesmo caminho?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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