Dos cinco concorrentes nesta categoria, apenas dois podem ser vistos no Brasil, através da plataforma de streaming da Netflix. Não por acaso, são esses os que disputam a preferência dos votantes. Com durações que variam de sete a até 40 minutos, os temas abordados são os mais amplos possíveis, e merecem um olhar mais próximo. O ideal, neste caso, é que o conjunto aqui apresentado sirva de guia e estimule os espectadores a irem atrás dessas produções e conhecer um pouco mais sobre o que de melhor está sendo feito no cinema mundial, ainda que um tanto longe dos holofotes hollywoodianos. Fica a dica, portanto. E quanto ao provável vencedor na premiação do dia 24 de fevereiro, é melhor ficar atento às apostas a seguir!
Indicados
Absorvendo o Tabu, de Rayka Zehtabchi, Melissa Berton
Produção original da Netflix – já disponível no Brasil – esse documentário lança seu olhar sobre uma pequena vila no interior da Índia, lugar em que as mulheres estão começando uma quieta revolução, tentando, com isso, acabar com o estigma da menstruação, ainda um tabu naquela região. Com bastante cuidado e sensibilidade, a diretora Rayka Zehtabchi já foi premiada no AFI Fest, nos festivais de Cleveland, Port Townsend, Santa Fe, Savannah e Traverse, entre outros. Com 26 minutos de duração, tem os elementos necessários para despertar o interesse dos aficionados pelo gênero, e também a curiosidade e a atenção de todos os demais cinéfilos de plantão. Por essa combinação de valores, tudo indica que levará, também, o ouro para casa.
A Partida Final, de Rob Epstein, Jeffrey Friedman
Exibido no Festival de Sundance, essa produção original da Netflix – também já disponível no Brasil – acompanha o trabalho de médicos visionários dedicados a trabalhar no limite entre a vida e a morte, sempre com muito cuidado e precisão. O tema nem sempre é dos mais acessíveis, mas a direção em conjunto de Rob Epstein e Jeffrey Friedman torna o todo sempre interessante e curioso. Outro ponto que pode contar a favor dos dois são seus históricos: Epstein conta com dois Oscars na estante – The Times of Harvey Milk (1984) e Caminhos Cruzados (1989), ambos na categoria de Documentário em Longa-metragem. Este, aliás, foi co-dirigido por Friedman. Uma combinação atraente, que pode ser suficiente para levá-los, mais uma vez, até a vitória.
Uma Noite no Madison Square Garden, de Marshall Curry
Dos três demais concorrentes, esse é o único que não ganhou nada nesta temporada de premiações – e conta com apenas três indicações no currículo (participou dos festivais de Sundance, SXSW e Camden). Marhsall Curry, por outro lado, está em sua terceira indicação ao Oscar – concorreu, antes, por Briga de Rua (2005) e por If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front (2011), ambos na categoria de Documentário em Longa-metragem – porém sem vitória, ao menos até o momento, junto à Academia. Teria chegado o tão esperado momento? Melhor não colocar suas fichas por aqui. Por mais que o tema dessa vez abordado seja digno de atenção – um encontro nazista ocorrido em 1939 em pleno Madison Square Garden, no centro de Nova Iorque – a técnica empregada é que parece afastar o espectador de ocasião. Afinal, estamos falando de um filme de arquivo, apenas com imagens registradas à época do evento. Aliado a sua pouca duração – são apenas sete minutos – há o potencial de que o conjunto, por mais pertinente que seja, possa ser visto somente como uma curiosidade, longe de todo o potencial pretendido. E quando a disputa é acirrada, um erro de percepção pode ser fatal.
Zion, de Floyd Russ
Ao total, 104 curtas-metragens de todo o mundo se candidataram a uma vaga nessa categoria no Oscar 2019. Destes, apenas 10 foram pré-selecionados. Ficaram de fora ’63 Boycott, Los Comandos, My Dead Dad’s Porno Tapes, Women of the Gulag e Zion. Destes, tanto ’63 Boycott quanto Women of the Gulag não foram premiados – nem ao mesmo selecionados – em festival algum. Los Comandos foi apenas indicado ao prêmio da Associação Internacional de Documentaristas, enquanto que Fitas Pornôs do Meu Pai Morto (talvez o título mais curioso) foi premiado no SXSW Film Festival, mas foi esquecido pela associação da categoria. Portanto, Zion soa como a aposta mais segura dentre os esnobados. Tanto é que foi premiado nos festivais de Atlanta, Cleveland, Indy Shorts, Hot Docs Canadian, Omaha, Rhode Island e pela Associação Internacional de Documentaristas, ter sido exibido no Festival de Sundance – além de ter uma produção oficinal da Netflix, o que significa um apoio desde o início da sua realização. Retrato do jovem lutador Zion Clark, que nasceu sem pernas e foi criado em lares de adoção, parece ser o retrato de superação que tanto costuma atender ao gosto dos votantes da Academia. E, justamente por isso, sua ausência é a que se faz a mais sentida.
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