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Oscar 2019 :: Melhor Curta Documentário

Publicado por
Robledo Milani

Dos cinco concorrentes nesta categoria, apenas dois podem ser vistos no Brasil, através da plataforma de streaming da Netflix. Não por acaso, são esses os que disputam a preferência dos votantes. Com durações que variam de sete a até 40 minutos, os temas abordados são os mais amplos possíveis, e merecem um olhar mais próximo. O ideal, neste caso, é que o conjunto aqui apresentado sirva de guia e estimule os espectadores a irem atrás dessas produções e conhecer um pouco mais sobre o que de melhor está sendo feito no cinema mundial, ainda que um tanto longe dos holofotes hollywoodianos. Fica a dica, portanto. E quanto ao provável vencedor na premiação do dia 24 de fevereiro, é melhor ficar atento às apostas a seguir!

Indicados

 

FAVORITO
Absorvendo o Tabu, de Rayka Zehtabchi, Melissa Berton
Produção original da Netflix – já disponível no Brasil – esse documentário lança seu olhar sobre uma pequena vila no interior da Índia, lugar em que as mulheres estão começando uma quieta revolução, tentando, com isso, acabar com o estigma da menstruação, ainda um tabu naquela região. Com bastante cuidado e sensibilidade, a diretora Rayka Zehtabchi já foi premiada no AFI Fest, nos festivais de Cleveland, Port Townsend, Santa Fe, Savannah e Traverse, entre outros. Com 26 minutos de duração, tem os elementos necessários para despertar o interesse dos aficionados pelo gênero, e também a curiosidade e a atenção de todos os demais cinéfilos de plantão. Por essa combinação de valores, tudo indica que levará, também, o ouro para casa.

 

AZARÃO
A Partida Final, de Rob Epstein, Jeffrey Friedman
Exibido no Festival de Sundance, essa produção original da Netflix – também já disponível no Brasil – acompanha o trabalho de médicos visionários dedicados a trabalhar no limite entre a vida e a morte, sempre com muito cuidado e precisão. O tema nem sempre é dos mais acessíveis, mas a direção em conjunto de Rob Epstein e Jeffrey Friedman torna o todo sempre interessante e curioso. Outro ponto que pode contar a favor dos dois são seus históricos: Epstein conta com dois Oscars na estante – The Times of Harvey Milk (1984) e Caminhos Cruzados (1989), ambos na categoria de Documentário em Longa-metragem. Este, aliás, foi co-dirigido por Friedman. Uma combinação atraente, que pode ser suficiente para levá-los, mais uma vez, até a vitória.

 

SEM CHANCES
Uma Noite no Madison Square Garden, de Marshall Curry
Dos três demais concorrentes, esse é o único que não ganhou nada nesta temporada de premiações – e conta com apenas três indicações no currículo (participou dos festivais de Sundance, SXSW e Camden). Marhsall Curry, por outro lado, está em sua terceira indicação ao Oscar – concorreu, antes, por Briga de Rua (2005) e por If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front (2011), ambos na categoria de Documentário em Longa-metragem – porém sem vitória, ao menos até o momento, junto à Academia. Teria chegado o tão esperado momento? Melhor não colocar suas fichas por aqui. Por mais que o tema dessa vez abordado seja digno de atenção – um encontro nazista ocorrido em 1939 em pleno Madison Square Garden, no centro de Nova Iorque – a técnica empregada é que parece afastar o espectador de ocasião. Afinal, estamos falando de um filme de arquivo, apenas com imagens registradas à época do evento. Aliado a sua pouca duração – são apenas sete minutos – há o potencial de que o conjunto, por mais pertinente que seja, possa ser visto somente como uma curiosidade, longe de todo o potencial pretendido. E quando a disputa é acirrada, um erro de percepção pode ser fatal.

 

ESQUECIDO
Zion, de Floyd Russ
Ao total, 104 curtas-metragens de todo o mundo se candidataram a uma vaga nessa categoria no Oscar 2019. Destes, apenas 10 foram pré-selecionados. Ficaram de fora ’63 Boycott, Los Comandos, My Dead Dad’s Porno Tapes, Women of the Gulag e Zion. Destes, tanto ’63 Boycott quanto Women of the Gulag não foram premiados – nem ao mesmo selecionados – em festival algum. Los Comandos foi apenas indicado ao prêmio da Associação Internacional de Documentaristas, enquanto que Fitas Pornôs do Meu Pai Morto (talvez o título mais curioso) foi premiado no SXSW Film Festival, mas foi esquecido pela associação da categoria. Portanto, Zion soa como a aposta mais segura dentre os esnobados. Tanto é que foi premiado nos festivais de Atlanta, Cleveland, Indy Shorts, Hot Docs Canadian, Omaha, Rhode Island e pela Associação Internacional de Documentaristas, ter sido exibido no Festival de Sundance – além de ter uma produção oficinal da Netflix, o que significa um apoio desde o início da sua realização. Retrato do jovem lutador Zion Clark, que nasceu sem pernas e foi criado em lares de adoção, parece ser o retrato de superação que tanto costuma atender ao gosto dos votantes da Academia. E, justamente por isso, sua ausência é a que se faz a mais sentida.

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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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