Vamos ser sinceros: esta é uma das poucas categorias do Oscar 2019 que já está definida. Por mais que fosse bonito ver Spike Lee ser finalmente reconhecido – e se tornar o primeiro cineasta negro de toda a história a conquistar a honraria – presenciar os auteurs europeus Pawel Pawlikowski e Yorgos Lanthimos homenageados pelas obras de arte que entregaram ou verificar o incrível gênio satírico de Adam McKay ser, enfim, lembrado, a estatueta, neste caso, tem dono, e é o mexicano Alfonso Cuarón. Os demais são meros convidados de honra da grande festa. Porém, se era apenas para marcar presença, por que a resistência da Academia em incluir mulheres na seleção? Em 89 anos de Oscar, apenas uma foi premiada por aqui – Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror (2009). Depois dela, tivemos somente Greta Gerwig, por Lady Bird: A Hora de Voar (2017), no ano passado! Ou seja, será uma por década? Esta é uma realidade que, definitivamente, precisa mudar. Ao menos aquele cenário de apenas homens brancos está, enfim, se transformando: neste ano temos um latino e um negro. E merecidamente! Confira as nossas apostas.
Indicados
- Spike Lee, por Infiltrado na Klan
- Pawel Pawlikowski, por Guerra Fria
- Yorgos Lanthimos, por A Favorita
- Alfonso Cuarón, por Roma
- Adam McKay, por Vice
FAVORITO
Alfonso Cuarón, por Roma
Por este trabalho, Cuarón ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, onde o filme estreou, no ano passado. De lá para cá, levou também o Globo de Ouro, o Critics Choice e os prêmios das associações de críticos de Atlanta, Central Ohio, Chicago, Dallas-Fort Worth, Denver, Detroit, Dublin, Florida, Georgia, Indiana, Iowa, Kansas, Las Vegas, Londres, Nova York, North Texas, Oklahoma, Phoenix, Seattle, Southeastern, Toronto, Utah e Washington, sem mencionar o Satellite e a Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos EUA, e até os críticos latinos (Latino Entertainment Journalists Association Awards) e os críticos gays (Gay and Lesbian Entertainment Critics Association)! Ninguém, neste ano, foi mais premiado. E para encerrar a questão, recebeu também o troféu do Directors Guild of America Awards, ou seja, o Sindicato dos Diretores de Hollywood! E se os próprios realizadores estão dizendo que Cuarón – que já tem um Oscar na estante, por Gravidade (2013) – é o melhor ds temporada, quem são todos os demais para afirmar o contrário?
AZARÃO
Spike Lee, por Infiltrado na Klan
Dono de uma carreira que começou há exatos 40 anos, Spike Lee contava com duas indicações prévias ao Oscar e até um troféu honorário pelo conjunto de sua carreira. Porém, somente neste ano ele foi lembrado nas categorias principais de Filme e Direção (as anteriores haviam sido pelo roteiro original de Faça a Coisa Certa, 1989, e pelo Documentário em Longa-Metragem Quatro Meninas, 1997). Estava mais do que na hora, portanto, dessa justa reparação ser feita. Mas será que ele tem chances de vitória? Disputando seis categorias, Infiltrado na Klan é um filme bastante forte e pertinente, com um discurso poderoso que reflete muitos dos problemas atuais enfrentados nos Estados Unidos (e no mundo todo, por consequência). Lee, nesta temporada, tem sido indicado a tudo, mas ganhar, de fato, conseguiu apenas junto aos críticos de Nevada, St. Louis e São Francisco. Ou seja, pouco para gerar a atenção necessária à sua vitória na Academia. Se levar – e seria muito merecido caso isso ocorresse – seria mais pelo seu histórico do que pelo filme em si. Não é impossível, portanto. Mas pouco provável.
SEM CHANCES
Pawel Pawlikowski, por Guerra Fria
Para começar, o polonês Pawel Pawlikowski não foi indicado ao prêmio do Sindicato dos Diretores da America (assim como o grego Yorgos Lanthimos), o que já o coloca em desvantagem. Para piorar sua situação, Guerra Fria, o longa que assina, é o único destes cinco aqui reunidos que não está presente entre os oito finalistas a Melhor Filme – ainda que concorra a Melhor Filme Estrangeiro. Mas se Roma, do mexicano Alfonso Cuarón, está indicado nas duas categorias, isso significa que esse também poderia ter ambicionado tal reconhecimento, não é mesmo? Premiado como Melhor Direção no Festival de Cannes e no European Film Awards, foi indicado a vários prêmios nos Estados Unidos, sem obter, no entanto, agrado nessa categoria. Em sua primeira indicação como realizador, Pawlikowski já tem uma estatueta dourada da Academia em casa, pelo drama Ida (2013), premiado como Melhor Filme Estrangeiro. Ter chegado até aqui, portanto, já foi um feito e tanto. Quem sabe numa próxima ele consegue ir além?
ESQUECIDO
Bradley Cooper, por Nasce Uma Estrela
Nós gostaríamos de afirmar que as verdadeiramente esnobadas deste ano foram Chloé Zhao (vencedora da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e do Gotham Awards como Melhor Filme do ano por Domando o Destino), Marielle Heller (de Poderia Me Perdoar?, que somou três indicações ao Oscar), Debra Granik (indicada ao Film Independent Spirit por Não Deixe Rastros), Tamara Jenkins (também indicada ao Film Independent Spirit, por Mais Uma Chance) ou Lynne Ramsay (premiada pelos críticos de Boston por Você Nunca Esteve Realmente Aqui – e também indicada ao Film Independent Spirit). Seria muito bonito ver ao menos uma destas cinco mulheres entre as melhores cineastas do ano, ao menos pelos olhos da Academia. No entanto, se formos fazer uma análise a partir das principais premiações desta temporada, a ausência mais sentida é mesmo a do novato Bradley Cooper, que por Nasce Uma Estrela, seu primeiro trabalho atrás das câmeras, foi indicado ao Globo de Ouro, ao Bafta, ao Critics Choice, ao Satellite e aos prêmios das associações de críticos de Central Ohio, Chicago, Dallas-Fort Worth, Detroit, Dublin, Georgia, Houston, Iowa, Oklahoma, Seattle, Southeastern, St. Louis e Washington, sem falar de ter concorrido também ao DGA e de ter ganho o National Board of Review!
:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2019 ::
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