Uma das categorias mais decepcionantes para quem assiste à premiação do Oscar no exterior – ou seja, fora dos Estados Unidos – é justamente esta, a dos Documentários em Longa-Metragem. Afinal, ao contrário das outras duas disputas de “Melhor Filme” (Longa de Ficção e Longa de Animação), essa apresenta títulos dos quais muitos estão ouvindo os nomes pela primeira vez. São produções que dificilmente viajam, permanecendo inéditas para a maioria dos espectadores estrangeiros – como é o nosso caso, portanto. Para se ter uma ideia, apenas um dos cinco candidatos já está disponível no Brasil, e numa plataforma de streaming, sem ter passado pelos cinemas. Assim, sem conseguir assistir à todos os concorrentes, nos resta analisar os resultados prévios das premiações norte-americanas. E de acordo com esses resultados, quem tem mais chances de levar o ouro pra casa? Confira as nossas apostas!
Indicados
- Free Solo, produção de Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin, Evan Hayes, Shannon Dill
- Hale County: This Morning, This Evening, produção de RaMell Ross, Joslyn Barnes, Su Kim
- Minding the Gap, produção de Bing Liu, Diane Moy Quon
- Of Fathers and Sons, produção de Talal Derki, Ansgar Frerich, Eve Kemme, Tobias Siebert
- RBG, produção de Betsy West, Julie Cohen
FAVORITO
Free Solo, produção de Elizabeth Chai Vasarhelyi, Jimmy Chin, Evan Hayes, Shannon Dill
Minding The Gap é o título mais premiado desta categoria (já são mais de 50 vitórias, e contando), porém aquele olhar sobre três jovens skatistas e as dificuldades que enfrentam em vida parece ser específico demais para atrair a atenção da maior parte dos votantes da Academia. Free Solo, por sua vez, acompanha o alpinista Alex Honnold em sua tentativa de se tornar a primeira pessoa a escalar sozinha o monte Yosemite, o que resultou em um dos maiores feitos da história na área. Escolhido como melhor documentário do ano no Bafta e premiado no Critics Choice Documentary (melhor documentário esportivo), foi eleito um dos melhores do ano pelos críticos de Austin, Central Ohio, Chicago, Dallas-Forth Worth, Denver, Detroit, Florida, Georgia, Houston, Iowa, Kansas, Los Angeles, Carolina do Norte, North Texas, Phoenix, San Diego, São Francisco, St. Louis, Toronto, Vancouver e Washington, além de ter ganhado em Seattle. Ou seja, na ausência daquele que seria o favorito natural – confira o “esnobado do ano” logo abaixo – esse é o próximo da fila.
AZARÃO
RBG, produção de Betsy West, Julie Cohen
Dos cinco concorrentes desta categoria, este é o único a ter recebido uma indicação a mais – disputa também como Melhor Canção Original. Sem esquecer que a cinebiografada, a juíza Ruth Bader Ginsburg, nesta mesma temporada também ganhou um filme ficcional para chamar de seu – o drama Suprema, com Felicity Jones como protagonista. Indicado ao Bafta e premiado no National Board of Review e no Critics Choice Documentary Awards (melhor documentário político), tem ao seu lado a popularidade da personagem, o que deve, sim, lhe valer fortes apoios.
SEM CHANCES
Hale County This Morning, This Evening, produção de RaMell Ross, Joslyn Barnes, Su Kim
O único dos cinco indicados a já estar disponível para o público brasileiro – pode ser encontrado no NET Now – este é, dos cinco candidatos, também o com menos chances de vitória. Apesar de ter ganhado o prêmio especial do júri no Festival de Sundance e ter sido o melhor documentário no Gotham Awards, pela International Cinephile Society e no Festival de Montreal, foi indicado ainda ao Film Independent Spirit e ao Directors Guild of America, mas nem chegou a ser lembrado pelo Producers Guild ou pelo Critics Choice Documentary Awards, entre outros. Esse olhar sobre a comunidade negra de Hale County, Alabama, até pode ter os seus admiradores, mas está longe de ser uma unanimidade.
ESQUECIDO
Won’t You Be My Neighbor?, produção de Caryn Capotosto, Nicholas Ma, Morgan Neville
Vencedor do Critics Choice Documentary Awards em três categorias – Filme, Direção e Montagem – Won’t You Be My Neighbor? foi eleito o melhor documentário em longa-metragem do ano pelos críticos de Atlanta, Austin, Boston, Dallas-Fort Worth, Denver, Indiana, Iowa, Kansas, Las Vegas, Los Angeles (online), Nevada, New Mexico, Nova Iorque (online), North Texas, Oklahoma, Filadélfia, São Francisco, Southeastern, St. Louis, Toronto, Utah e Washington, sem esquecer o Producers Guild Awards – o prêmio do sindicato dos produtores! Além disso, arrecadou mais de US$ 22 milhões nas bilheterias norte-americanas – um verdadeiro sucesso para docs e muito mais do que qualquer um dos títulos que, de fato, foram indicados ao Oscar. Bem-sucedido tanto junto ao público como com a crítica, faltou apenas o apoio dos próprios documentaristas, que o deixaram fora do prêmio da Academia. O que não deixa de ser algo a se lamentar.
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