Dos cinco indicados, quatro disputam também o prêmio de Melhor Filme, enquanto o quinto concorrente é um veterano que há muito merecia esse reconhecimento. Quem irá colocar a mão no ouro, portanto? Green Book: O Guia, após ganhar o Globo de Ouro nessa categoria, parecia ser o favorito, mas já foram tantas polêmicas em torno dessa produção desde então – como denúncias de assédio sexual do diretor, no passado, e declarações racistas na internet de um dos roteiristas – que todos parecem estar fazendo força, agora, para ignorar essa presença. E se Adam McKay é o único já premiado por aqui – ganhou o Oscar pelo roteiro original de A Grande Aposta (2015) – pouco indica que ele deverá repetir essa conquista. Restam, portanto, Schrader, Cuarón e a dupla formada por Deborah Davis e Tony McNamara. E quais as chances de cada um deles? Confira as nossas apostas!
Indicados
A Favorita, de Deborah Davis, Tony McNamara
Ambos em suas primeiras indicações ao Oscar, Deborah Davis e Tony McNamara já devem estar comemorando antecipadamente essa vitória. Afinal, por mais que esteja concorrendo em 10 categorias – é um dos campeões de indicações neste ano – A Favorita não é, exatamente, “favorito” em muitas dessas disputas. A exceção, portanto, é aqui, pois tem tudo para que um resultado positivo evite que o drama histórico do diretor Yorgos Lanthimos volte de mãos abanando para casa. É o vencedor do Bafta, ganhou nessa categoria também junto aos críticos de Atlanta, Dallas-Forth Worth, Houston, Kansas, Londres, Nevada, Novo México, Nova Iorque, Phoenix, Seattle, Southeastern, Toronto e Washington, além de ter concorrido ao Globo de Ouro e ao Critics Choice, entre tantos outros.
Fé Corrompida, de Paul Schrader
Roteirista de filmes como Taxi Driver (1976), Touro Indomável (1980), Gigolô Americano (1980), A Marca da Pantera (1982), A Última Tentação de Cristo (1988) e Temporada de Caça (1997), entre tantos outros, Paul Schrader recebeu neste ano, para espanto de todos, a sua primeira indicação ao Oscar. E o feito veio através de Fé Corrompida, drama religioso estrelado por Ethan Hawke que tem aqui sua única indicação – o que muitos consideram uma gigantesca injustiça. Ignorado pelo Sindicato dos Roteiristas, Schrader por este trabalho foi premiado pelos críticos de Boston (online), Chicago, Indiana, Nova Iorque, Oklahoma, São Francisco, Toronto e Vancouver, além de ter ganhado também o Critics Choice, o Gotham e o National Board of Review. Suporte crítico, portanto, tem de sobra. Falta, apenas, uma recepção mais calorosa dos membros da Academia. Se forem pela razão, este é o verdadeiro campeão moral do ano. Agora, se outros fatores entrarem nessa matemática, talvez ainda não tenha chegado a vez do veterano colocar a mão na cobiçada estatueta dourada.
Roma, de Alfonso Cuarón
Chega a ser quase surreal perceber que um dos filmes campeões de indicações nesse ano é, ao mesmo tempo, aquele com menos chances de ser premiado na categoria de Melhor Roteiro Original! Quer dizer, como pode ser tão bom em tudo, menos na história que conta? Alfonso Cuarón abraçou todas as frentes possíveis em Roma – ele, pessoalmente, recebeu cinco das dez indicações do longa (Melhor Filme, Filme Estrangeiro, Direção, Fotografia e Roteiro Original) – e se as chances dele sair premiado em duas, três ou até mesmo quatro dessas disputas, aqui elas são inversamente proporcionais. Premiado durante a temporada única e exclusivamente no Satellite (que possui relevância mínima), por esse trabalho foi indicado ao Globo de Ouro, ao Bafta, ao Critics Choice e às premiações dos críticos de Austin, Central Ohio, Chicago, Georgia, Londres, Carolina do Norte, Oklahoma, São Francisco, Seattle, Toronto e Washington, além do Sindicato dos Roteiristas, sem ganhar em nenhuma dessas seleções. E pode apostar: no Oscar não será diferente.
Oitava Série, de Bo Burnham
Vencedor do prêmio do Sindicato dos Roteiristas, o trabalho de estreia do diretor e roteirista Bo Burnham foi reconhecido como o Melhor Roteiro Original do ano também nas premiações dos críticos de Central Ohio, San Diego, Utah e Georgia, entre tantas outras indicações. Oitava Série foi também eleito o melhor filme do ano por diversas associações críticas, e sua protagonista, e novata Elsie Fisher, foi indicada ao Globo de Ouro e premiada no Critics Choice Awards, por exemplo. Ou seja, motivos haviam de sobra para que se prestasse um pouco mais de atenção nesta comédia dramática juvenil que entrega muito mais do que promete. Infelizmente, acabou sendo completamente ignorada pelos votantes da Academia. O que é uma tremenda lástima.
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