Esta categoria está, diante de uma análise mais apurada, completamente em aberto. E por um motivo bastante simples: aquele que estava sendo apontado como o grande favorito não chegou, sequer, a ser indicado. Com a ausência do que despontava nas premiações regionais, até então, o campo ficou sem um destaque real, permitindo que qualquer um dos cinco finalistas possa mostrar seus méritos. E entre os concorrentes temos um musical, uma aventura de super-heróis, dois dramas de fortes cores raciais e uma animação, dois veteranos com antigas indicações – um deles premiado em mais de uma ocasião – e dois novatos, além de um concorrendo pela segunda vez. E quem deverá levar o ouro para casa? Olha, é possível que qualquer um deles acabe sendo chamado ao palco no próximo dia 24 de fevereiro. As nossas apostas, portanto, são mais instintivas que afirmativas. Confira!

Indicadas

 

FAVORITO
Se a Rua Beale Falasse, de Nicholas Britell
Concorrendo pela segunda vez ao Oscar, Nicholas Britell foi indicado antes por Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016), outro trabalho feito em parceria com o diretor Barry Jenkins. Como naquela vez acabou perdendo justamente para Justin Hurwitz – o nosso esnobado deste ano, como você poderá ver logo abaixo – terá chegado a vez de, enfim, dar o troco? Indicado também ao Bafta e ao Critics Choice, neste ano foi premiado pelos críticos de Boston, Central Ohio, Chicago, Iowa, Los Angeles, Nova Iorque (online), Phoenix e Washington. E se o respaldo crítico é importante, basta assistir ao filme para perceber o quanto o trabalho executado pelo compositor é fundamental para se acompanhar esse drama de um homem injustamente acusado de ter cometido um estupro e a luta de sua família para livrá-lo da condenação. Concorrendo em três categorias, esta é uma das disputas em que Se a Rua Beale Falasse chega com maior força.

 

AZARÃO
O Retorno de Mary Poppins, de Marc Shaiman 
Neste ano, Marc Shaiman conseguiu sua sexta e sétima indicações ao prêmio da Academia, ambas por seu excelente trabalho em O Retorno de Mary Poppins (concorre ainda a Melhor Canção Original, por The Place Where Lost Things Go). Em edições anteriores, foi indicado por seu trabalho em Sintonia do Amor (1993), Meu Querido Presidente (1995), O Clube das Desquitadas (1996), Patch Adams: O Amor é Contagioso (1998) e pelo infame – e hilário – South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes (1999). Ou seja, fazia quase duas décadas que suas composições não eram lembradas. Agora, ele não apenas está de volta, mas também – e não por acaso – em um musical. Ou seja, não seria nada mal ver um dos mais respeitados profissionais da área em Hollywood ser, enfim, reconhecido, não é mesmo? Indicado também ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao Bafta, ganhou o prêmio dos críticos de New Mexico. Pode parecer pouco, mas quem sabe o inesperado acontece? Seria mais que justo – e merecido.

 

SEM CHANCES
Ilha dos Cachorros, de Alexandre Desplat
Dono de nada menos do que 10 indicações ao Oscar, o francês Alexandre Desplat ganhou nos dois últimos anos em que esteve na festa da Academia, por O Grande Hotel Budapeste (2014) e por A Forma da Água (2017). Será que ele conseguirá o feito de se tornar tricampeão na sequência? Pouco provável. Parceiro habitual de Wes Anderson, pela animação Ilha dos Cachorros ele foi indicado também ao Globo de Ouro, ao Bafta e ao Critics Choice, além das premiações dos críticos de Denver, Georgia, Houston, Iowa, Los Angeles, Phoenix, São Francisco. Ganhou, no entanto, somente o troféu dos críticos de Dallas-Fort Worth. Como se percebe, esteve em quase todas as festas, mas sempre como convidado de honra, nunca como o centro das atenções. É respeitado, mas não o suficiente para contar com uma forte torcida – ao menos não nesta temporada.

 

ESQUECIDO
O Primeiro Homem, de Justin Hurwitz
Vencedor de dois Oscars por La La Land: Cantando Estações (2016) – Trilha Sonora e Canção Original – Justin Hurwitz era aposta certa no Oscar 2019 por seu trabalho em O Primeiro Homem, nova e mais recente parceria com o diretor Damien Chazelle. No entanto, mesmo tendo ganhado o Globo de Ouro, o Satellite e o Critics Choice, além dos prêmios dos críticos de Atlanta, Florida e Georgia, entre outras tantas indicações, acabou ficando de fora dos selecionados como finalistas. O que foi uma grande injustiça, pois as composições sutis, porém bastante pontuais, são determinantes para criar o clima austero perseguido pelo realizador ao contar a história de Neil Armstrong, vivido em cena por Ryan Gosling. Também causou surpresa a ausência de Nasce uma Estrela, premiado nessa categoria com o Bafta e com o prêmio dos críticos de Detroit.

:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2019 ::

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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