20190219 oscar 2019 melhor ator papo de cinema

De um lado, o exagero. Do outro, o discreto e subliminar. Numa disputa como essa, basta olhar ao histórico de Hollywood para saber a qual lado a balança costuma pesar – não é mesmo, Gary Oldman? Sendo assim, é quase impossível que alguém consiga evitar que a cobiçada estatueta dourada vá parar nas mãos de Joaquin Phoenix – e se isso, de fato, acontecer, não será nenhuma injustiça. Ao contrário do que se verificou na disputa para Melhor Atriz, entre os intérpretes masculinos os desempenhos foram bem mais equilibrados, e qualquer um demonstrou, nos trabalhos reconhecidos, talento suficiente para garantir o ouro para si. Mas como somente um poderá ser premiado, provavelmente será aquele que gritou mais alto, não é mesmo? Com mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias de todo o mundo, Coringa é também o campeão de indicações neste ano – concorre em 11 categorias. E se em algumas delas suas chances são perto de zero, nessa aqui o jogo se inverte, e aparece como o franco favorito. Mas será tão previsível assim? Confira as nossas apostas a Melhor Ator!

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Indicados

 

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Joaquin Phoenix, por Coringa
Em sua quarta indicação ao Oscar, Joaquin Phoenix já deveria ter sido premiado muito tempo antes – afinal, basta lembrar que ele sequer foi indicado por filmes como Ela (2013), Vício Inerente (2014), Você Nunca Esteve Realmente Aqui (2017) ou A Pé Ele Não Vai Longe (2018), por exemplo, para que fique evidente o tamanho da injustiça que vem acontecendo com o astro há um bom tempo. Foi preciso se render ao atual modismo de Hollywood – os super-heróis e outros personagens das histórias em quadrinhos – para que esse erro histórico possa, enfim, ser corrigido. Como o arqui-inimigo do Batman ele já conquistou o Globo de Ouro, o Critics Choice, o SAG e o prêmio dos críticos de Denver, Havaí, Iowa, Nova Iorque, North Texas, Phoenix e San Diego, além de concorrer ao Bafta. Ou seja, é o favorito dos críticos, dos jornalistas, da indústria e também do público, além de ser um astro de talento reconhecido e com um longo histórico de performances inesquecíveis. Como ignorar tamanho apelo?

 

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Adam Driver, por História de um Casamento
Em sua segunda indicação consecutiva – ele concorreu no ano passado, como coadjuvante, por Infiltrado na Klan (2018) – Adam Driver teve um ano em tanto em 2019 – além de História de um Casamento, esteve também no campeão de bilheterias Star Wars: A Ascensão Skywalker (é ele o vilão Kylo Ren!), no drama político O Relatório e na comédia Os Mortos não Morrem, de Jim Jarmusch! Encerrar uma temporada brilhante dessa com certa estatueta dourada na estante seria o desfecho perfeito, não é mesmo? Infelizmente, é pouco provável que isso aconteça. Além de ser o mais jovem dos indicados – ou seja, pode prevalecer o sentimento de que ele “ainda tem muito o que mostrar” – está enfrentando um veterano celebrado, um vencedor de Cannes, um dos maiores astros do planeta e um favorito quase imbatível. Complicada sua situação, não é mesmo? Ainda que esteja absurdamente perfeito em História de um Casamento – tanto que, como Charlie, foi premiado pelos críticos de Atlanta, Central Ohio, Chicago, Dallas-Fort Worth, Detroit, Florida, Georgia, Houston, Indiana, Kansas, Nevada, Carolina do Norte, Oklahoma, Philadelphia, San Diego, Seattle, Southeastern, Toronto, Utah, Vancouver e Washington, o que faz dele o concorrente mais laureado em quantidade deste ano – foi apenas indicado ao Globo de Ouro, Bafta, SAG e Critics Choice, ou seja, as premiações que ‘realmente importam’, no final das contas.

 

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Jonathan Pryce, por Dois Papas
Com quase cinquenta anos de carreira, essa é a primeira indicação ao Oscar de Jonathan Pryce. E isso que ele já esteve em papeis de destaque em filmes lembrados pela premiação, como Brazil: O Filme (1985), A Época da Inocência (1993), Evita (1996) e até mesmo o recente A Esposa (2017), por exemplo – ou seja, oportunidades para indicá-lo antes houveram, apenas não foram levadas adiante. No entanto, como o papa Francisco em Dois Papas ele oferece uma das suas performances mais calorosas, a ponto de ter sido lembrado também no Globo de Ouro e no Bafta, além dos críticos de Londres, St. Louis e do Havaí. Não foi premiado em nenhuma dessas ocasiões, no entanto. Mas para quem estava acostumado a nem ser convidado às festas, apenas a inclusão já é uma vitória, não é mesmo?

 

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Taron Egerton, por Rocketman
Poderíamos falar de Robert De Niro (se fôssemos apenas pelo coração), Christian Bale (por ter estado também no Globo de Ouro e no SAG), Eddie Murphy (pelo sentimento de ‘por onde você esteve durante todo esse tempo?’) ou até mesmo Adam Sandler (premiado pelos críticos de Austin, Boston, Las Vegas, Oklahoma, St. Louis e no National Board of Review), mas pela matemática da temporada de premiações, o grande esnobado foi mesmo o jovem Taron Egerton. Afinal, ele não apenas seguiu à risca a mesma cartilha Rami Malek em Bohemian Rhapsody (2018) – curiosamente, o vencedor desta categoria no ano passado – como foi indicado a quase tudo, do SAG ao Bafta, além de ter ganho o Globo de Ouro e o Satellite, entre outros reconhecimentos. Como Elton John, na cinebiografia Rocketman, ele cantou e dançou – ao invés de apenas dublar – além de demonstrar uma versatilidade que quase ninguém suspeitava nos tempos em que era protagonista de longas de ação como Kingsman: Serviço Secreto (2014). Merecia estar aqui? Com certeza. Mas é melhor do que ao menos um dos cinco finalistas? Pouco provável. Parece que, neste caso, a justiça foi feita, e foram indicados os melhores, mesmo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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