Qual é a melhor atriz do ano? Bom, se fossem levados em conta apenas os números, não haveria a menor dúvida: Lupita Nyong’o, que por seu trabalho em Nós conquistou mais de 30 vitórias nesta temporada. Para se ter uma ideia, isso é mais do que os prêmios somados conquistados por Scarlett Johansson, Cynthia Erivo, Charlize Theron e Saoirse Ronan – juntas! Com a ausência de Nyong’o, a franca favorita ao Oscar de Melhor Atriz é Renée Zellweger, que pode não ter somado tantas vitórias, mas é a que se saiu melhor nas mais importantes. Conseguirá ela levar para casa seu segundo Oscar? É o que todos querem saber, nessa que parece ser uma das disputas mais previsíveis deste ano. Quer saber mais detalhes? Então, confira nossas apostas na categoria de Melhor Atriz!

Indicadas

 

FAVORITA
Renée Zellweger, por Judy: Muito Além do Arco-Íris
Mais de uma década se passou desde que Renée Zellweger fez seu último trabalho digno de nota, a cinebiografia Miss Potter (2006), pela qual foi indicada ao Globo de Ouro. Desde então, a vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Cold Mountain (2003) fez uma comédia esportiva com George Clooney que ninguém viu, emprestou sua voz a duas animações (ambas não eram da Disney), esteve em faroestes e em comédias românticas, drama religiosos e suspenses, e até mesmo numa inesperada sequência que ninguém havia pedido do seu maior sucesso – todos solenemente ignorados pelo público e pela crítica. Tanto é que chegou a ficar, nesse meio tempo, mas de seis anos afastada dos holofotes, sem sequer trabalhar. E eis que, depois de tudo isso, ela ressurge como Judy Garland – voltando às cinebiografias, portanto – nesse drama biográfico elogiado por todos os lugares onde tem sido exibido. Em comum, uma opinião quase unânime: ela é bem melhor do que o filme. Tanto que este garantiu apenas duas indicações, aqui e em Maquiagem & Cabelos. Por esta performance, Zellweger foi eleita a melhor do ano no Globo de Ouro, no SAG e no Critics Choice, está indicada ao Bafta e ganhou o prêmio dos críticos de Atlanta, Houston, Iowa, Las Vegas, Phoenix, no British Independent e no National Board of Review. Com a única concorrente digna de nota fora da disputa, o campo está aberto e sua vitória é tão esperada quanto certeira. Vem segundo Oscar, vem!

 

AZARÃO
Scarlett Johansson, por História de um Casamento
A única razão para Scarlett Johansson ocupar a posição de “azarão” é o fato dela ter conquistado duas indicações neste ano – concorre também como coadjuvante por Jojo Rabbit. Ou seja, não deve ganhar em nenhuma das disputas, mas ao menos teve a certeza de que tem muita gente que gosta dela, não é mesmo? História de um Casamento garantiu seis indicações ao Oscar e Scarlett foi lembrada também no Globo de Ouro, no Critics Choice, no SAG, no Bafta e pelos críticos de Austin, Central Ohio, Chicago, Havaí, Houston, Indiana, Iowa, Londres, Carolina do Norte, North Texas, Oklahoma, Phoenix, San Diego, São Francisco, Seattle, Toronto e Washington, além de ter sido premiada pelos críticos de Detroit, Florida, Dallas-Fort Worth, Nevada, St. Louis, Utah, Vancouver e Denver, além do Satellite. Um bom número, mas ainda assim pouco para fazer frente ao furacão chamado Zellweger!

 

SEM CHANCES
Cynthia Erivo, por Harriet
A presença de Cynthia Erivo é tão protocolar que chega, quase, a ser um desrespeito – é como se a Academia, com medo de ser acusada de pouca diversidade, tivesse incluído a atriz na última hora apenas para evitar maiores ataques. Vencedora do Tony, do Grammy e do Emmy, pode se tornar uma EGOT – como são chamados os artistas que conquistam as quatro maiores premiações da indústria de entretenimento dos EUA – fazendo parte, portanto, de um grupo muito seleto. Porém, suas chances, se é que existem, são bem maiores na sua outra indicação – ela, afinal, concorre em duas categorias neste ano, pois também é uma das finalistas a Melhor Canção Original, deste mesmo filme. Por Harriet, ela foi indicada o Globo de Ouro, ao SAG, ao Critics Choice e ao Satellite. Entre os críticos, no entanto, foi lembrada apenas pela associação de St. Louis. E não ganhou em absolutamente nenhuma dessas oportunidades. O que não deixa de ser uma verdadeira lástima.

 

ESQUECIDA
Lupita Nyong’o, por Nós
Vencedora do prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por 12 Anos de Escravidão (2013), Lupita Nyong’o não teve nenhum trabalho de grande destaque desde então – fez alguns longas como dubladora, apareceu em outros em papeis menores. Voltou a chamar atenção em Pantera Negra (2018), mas mesmo assim nada próximo ao que mostrou no suspense/terror Nós (2019), de Jordan Peele. Criando duas personagens completamente distintas, mas ainda assim complementares – é bom não revelar muito para não entregar spoilers – ofereceu um desempenho arrebatador e hipnotizante, suficiente para lhe garantir o posto de melhor atuação feminina do último ano pelos críticos de Washington, Toronto, Seattle, São Francisco, San Diego, Phoenix, Philadelphia, Oklahoma, Carolina do Norte, Nova Iorque, Kansas, Indiana, Georgia, Chicago, Central Ohio, Boston e Austin, além de indicações ao Critics Choice e ao SAG (o Sindicato dos Atores). Ou seja, como foi possível ter ficado de fora do Oscar? Um absurdo que só diminui os méritos das reais concorrentes e que fala muito mais da premiação do que do trabalho dessa grande atriz.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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