É curioso que os dois maiores veteranos entre os concorrentes da vez – Martin Scorsese, nove indicações nessa categoria, 14 ao todo, e uma vitória; e Quentin Tarantino, três indicações nessa categoria, oito ao todo, e duas vitórias, mas ambas como roteirista – sejam justamente aqueles numa posição intermediária na disputa. Não são favoritos, mas se ganharem ninguém ficará surpreso. Por outro lado, os demais ocupam espaços extremos. Há desde o responsável pelo filme campeão de indicações do ano, o estrangeiro que se tornou o queridinho do público e da crítica nesta temporada e o antigo premiado que, após anos se dedicando a projetos mais comerciais, está de volta com um longa que tem deixado muita gente de queixo caído. Qual deles é o favorito, e quem não tem a menor chance? Confira as nossas apostas em Melhor Direção!
- Martin Scorsese, por O Irlandês
- Todd Phillips, por Coringa
- Sam Mendes, por 1917
- Quentin Tarantino, por Era uma Vez em…Hollywood
- Bong Joon-Ho, por Parasita
FAVORITO
Sam Mendes, por 1917
Vencedor do Oscar de Melhor Direção por Beleza Americana (1999), Sam Mendes não mais havia sido lembrado pela Academia desde então. E isso que nesse intervalo ele dirigiu astros como Paul Newman, Tom Hanks, Daniel Craig, Leonardo DiCaprio, Kate Winslet e Jake Gyllenhaal, realizou longas que arrecadaram mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais e produziu séries para a televisão. Nada que o fizesse ser lembrado durante a temporada de premiações, no entanto. Mas tudo mudou com esse épico de guerra estrelado por dois semi-desconhecidos que deixou muita gente se perguntando como tamanho virtuosismo foi possível. Tanto é que já ganhou o prêmio do Sindicato dos Diretores da América, o Globo de Ouro, o Critics Choice e o prêmio dos críticos de Dallas-Fort Worth, Denver, Kansas, North Texas, Phoenix e Utah, além de estar concorrendo ao Bafta. Ou seja, talvez ele nem seja o mais premiado, todavia ganhou nas disputas mais importantes – e, no final das contas, isso é o que acaba fazendo a diferença. Um prêmio muito justo, ainda que surpreendente.
AZARÃO
Bong Joon-Ho, por Parasita
Imagina se um diretor asiático, responsável por um filme estrangeiro – ou seja, legendado, algo que sempre despertou preconceito nos norte-americanos – teria alguma chance no Oscar? Bom, no primeiro caso, temos o sempre ótimo exemplo de Ang Lee, cineasta taiwanês vencedor de dois Oscars de Direção – no entanto, ambos foram por filmes falados em inglês. Por isso mesmo a vitória de Bon Joon-Ho seria tão surpreendente! Azarão por excelência, despontou na bolsa de apostas quando o seu Parasita conquistou nada menos do que seis indicações – inclusive a Melhor Filme e Melhor Filme Internacional! E ele não chega despreparado na disputa: premiado pelos críticos de Atlanta, Austin, Boston, Central Ohio, Chicago, Georgia, Houston, Los Angeles, Nova Iorque, Carolina do Norte, Phoenix, São Francisco, Seattle, Toronto, Vancouver e Washington, ganhou também o Critics Choice (empatado com Sam Mendes) e concorre ainda ao Bafta, além de ter disputado o Globo de Ouro e o DGA. Não é carta fora do baralho, de forma alguma, como se percebe.
SEM CHANCES
Todd Phillips, por Coringa
Por Todd Phillips ser mais acostumado a filmes como Um Parto de Viagem (2010) e a trilogia Se Beber Não Case, ninguém se surpreenderia se essa fosse sua primeira indicação ao Oscar. Mas se engana quem pensa assim, pois o cineasta já havia concorrido pelo roteiro adaptado de Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (2006)! Deixando as comédias de lado, ele somou dessa vez mais três indicações: como produtor, roteirista e diretor de Coringa, o filme mais nominado deste ano, na disputa por 11 estatuetas! Indicado ainda ao Globo de Ouro e ao Bafta, ele falhou em ser lembrado no DGA – o sindicato da categoria – e no Critics Choice, além de não ter sido finalista em absolutamente nenhuma premiação regional (ou mesmo nacional) de críticos em todos os Estados Unidos! Ou seja, sem respaldo crítico e nem mesmo respeito dos colegas, é até motivo de indagação, como foi mesmo que ele conseguiu essa vaga decorativa, pois absolutamente ninguém parece considerar que ele tenha a mínima possibilidade de vitória.
ESQUECIDA
Greta Gerwig, por Adoráveis Mulheres
É curioso. Adoráveis Mulheres é um dos melhores filmes do ano, tem duas das melhores atuações (atrizes indicadas), tem um dos melhores roteiros e, mesmo assim… sua direção não foi suficiente para ser reconhecida nessa categoria! Em toda a história do Oscar, apenas cinco mulheres foram indicadas como diretoras, e somente uma foi premiada. Tamanha injustiça, não é mesmo? E uma delas foi justamente Greta Gerwig, que concorreu por seu longa anterior, Lady Bird: A Hora de Voar (2017). Conhecida como atriz de filmes como Frances Ha (2012) e Mistress America (2015), ela aparentemente abandonou essa carreira – seu último longa diante das câmeras foi Mulheres do Século XX (2016) – e tem se dedicado cada vez mais ao trabalho de direção. Por Adoráveis Mulheres, no entanto, ela até concorre ao Oscar, mas pelo Roteiro Adaptado. Como diretora, foi esnobada também no Bafta e no Globo de Ouro, mas foi indicada nas premiações dos críticos de Austin, Boston, Central Ohio, Chicago, Denver, Florida, Iowa, Seattle, Washington e no Critics Choice – sem esquecer que ganhou o troféu da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA! Ou seja, pelo que se vê, mérito suficiente ela demostra em seu filme para merecer uma vaga, não é mesmo?
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