Nas categorias técnicas, enquanto premiações prévias como o Globo de Ouro, o Critics Choice e o Bafta podem funcionar como um bom indicativo, nada é melhor, no entanto, do que estar atento aos escolhidos pelos sindicatos específicos. São eles que, afinal, são votados – e premiados – por quem realmente entende do assunto. Nesse ano, dos cinco finalistas ao Oscar, quatro concorreram também ao prêmio da American Society of Cinematographers – ou seja, é fácil saber quem são os favoritos (basta ver quem ganhou) e quem é o esnobado do ano (o que ficou de fora). Mesmo assim, é uma pena verificar que outros excelentes trabalhos nessa área, como os de Hong Kyung-pyo (Parasita) e Hoyte Van Hoytema (Ad Astra) ou Natasha Braier (Honey Boy) – todos laureados e/ou indicados em ao menos uma premiações nesta temporada – não tenham aparecido na lista final. Sendo assim, vamos às nossas apostas em Melhor Fotografia!

Indicados

 

FAVORITO
Roger Deakins, por 1917
O veterano Roger Deakins já contava com nada menos do que 13 indicações ao Oscar quando, finalmente, ganhou sua primeira estatueta – conquistada por Blade Runner 2049 (2017)! Mas se havia sobre ele alguma maldição que o tornava o maior perdedor da categoria, essa parece ter sido deixada de lado de uma vez por todas. Tanto é que, logo na sua indicação seguida – essa, por 1917 – ele já aparece, mais uma vez, como favorito absoluto! Mesmo que não seja, foi a sua técnica a principal responsável por criar na audiência a impressão de assistir a um filme que se passa em tempo real – há diversos cortes, mas eles estão tão bem disfarçados que tudo parece um plano-sequência de quase duas horas. O longa de Sam Mendes, no entanto, não é apenas virtuosismo técnico, e muito do coração e da alma deste grande projeto está nas imagens hipnotizantes registradas por Deakins, que aqui tem, indiscutivelmente, um dos pontos altos de sua carreira. Tanto é que ganhou o ASC, o Critics Choice, o National Board of Review, a Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA e os prêmios dos críticos de Austin, Atlanta, Central Ohio, Chicago, Dallas-Fort Worth, Florida, Georgia, Havaí, Houston, Kansas, Las Vegas, Nevada, Nova Iorque, Carolina do Norte, North Texas, Phoenix, San Diego, Seattle, Southeastern, St. Lois, Utah e Washinton. Como se pode perceber, não tem pra mais ninguém nesse ano!

 

AZARÃO
Jarin Blaschke, por O Farol
Também premiado pela ASC, ganhou, no entanto, um troféu especial – o Spotlight – que geralmente é destinado às grandes revelações na área. Algo bastante justo, portanto. Em seu segundo trabalho com o diretor Robert Eggers (ambos estiveram juntos também em A Bruxa, 2015), Blaschke está em sua primeira indicação ao Oscar. E concorre também ao Bafta, ao Film Independent Spirit e ao Critics Choice, além de ter sido escolhido o melhor do ano pelos críticos de New Mexico, Philadelphia e San Diego, entre outras premiações. Suas chances, no entanto, são pequenas – afinal, é também a única indicação do filme ao Oscar – e como O Farol é um longa de suspense/terror (gênero geralmente desprezado pela Academia), uma possibilidade de vitória por aqui se tornou ainda menor. O que não deixa de ser uma enorme lástima.

 

SEM CHANCES
Lawrence Sher, por Coringa
Esse é um daqueles caso em que a indicação veio quase que por default. Ou seja, estavam indicando o filme a quase tudo, qual o problema de nominá-lo também aqui? Coringa é o campeão de indicações neste ano – concorre em 11 categorias – e Lawrence Sher (também em sua primeira indicação ao Oscar) disputou ainda o ASC, Bafta, Critics Choice, Satellite e as premiações dos críticos do Havaí, Houston e St. Louis – sem ganhar em nenhuma das ocasiões, no entanto. Isso não quer dizer que o trabalho dele não seja bom – ou mesmo fundamental para a história que está sendo contada – apenas não o suficiente para suplantar candidatos de maior destaque.

 

ESQUECIDO
Phedon Papamichael, por Ford vs Ferrari
Indicado ao Oscar pela bela fotografia em preto-e-branco de Nebraska (2013), Phedon Papamichael concorreu, por Ford vs Ferrari, ao prêmio da American Society of Cinematographers – ele é o quinto indicado! – e também ao Bafta, Critics Choice, Satellite e ao prêmio dos críticos de San Diego, North Texas e Chicago. Sem esquecer de mencionar que, basta assistir ao filme para entender que, sem o trabalho dele, como seria possível transportar o espectador para dentro dos carros de corrida que ocupam grande parte da trama? Um desempenho fenomenal que, no entanto, não foi suficiente para lhe garantir uma vaga na disputa pela cobiçada estatueta dourada!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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