O vencedor do Globo de Ouro nessa categoria é um dos maiores fracassos da modalidade em muito tempo. Por outro lado, o título animado de maior sucesso da História não foi indicado. Algo estranho nesse âmbito, não é mesmo? Uma produção original Netflix, um que estreou nos cinemas há exatamente um ano (como alguém ainda se lembra?) e um título francês obscuro que quase ninguém viu, são alguns dos concorrentes. Mas conseguirão eles fazer frente à continuação estrelada por alguns dos personagens mais adorados desse universo? Pouco provável. Confira, portanto, nossas apostas para Melhor Longa de Animação.

Indicados

 

FAVORITO
Toy Story 4
O anterior, Toy Story 3 (2010), faturou mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias, ganhou dois Oscars e ainda conquistou mais três indicações, inclusive a Melhor Filme. Ou seja, é difícil, mesmo, superar algo de tamanho impacto. Por isso, se Toy Story 4 não ganhar nessa categoria, será talvez a maior surpresa da noite. Indicado ainda a Melhor Canção Original – é o único dos cinco concorrentes que disputa também uma outra categoria – foi indicado também ao Globo de Ouro, ao Bafta e ao Annie, além de ter sido premiado no Critics Choice e pelas associações de críticos de Atlanta, Boston, Central Ohio, Chicago, Dallas-Fort Worth, Denver, Detroit, Georgia, Havaí, Houston, Iowa, Kansas, Nevada, Carolina do Norte, North Texas, Oklahoma, Philadelphia, Phoenix, Seattle, Southeastern, St. Louis e Washington. Sem esquecer que foi premiado também no PGA, o sindicato dos produtores, ou seja, o mais forte concorrente da categoria!

 

AZARÃO
Klaus
Produção original Netflix inédita nos cinemas, Klaus só conquistou essa posição por ter, surpreendentemente, ganhado todas as principais categorias do Annie, o Oscar da animação. Além do prêmio de Melhor Filme, ganhou também como Melhor Animação de Personagem, Design de Personagem, Design de Produção, Storyboarding, Montagem e Direção! Um resultado surpreendente, ainda mais se levarmos em conta que até então havia conquistado apenas indicações ao Bafta, Goya e às premiações dos críticos de Washington, St. Louis, São Francisco, Detroit, Denver e Austin, sem ter sido bem-sucedido em absolutamente nenhuma delas. Além disso, ficou de fora do Globo de Ouro, do Critics Choice e do PGA, ainda por cima. Ou seja, não parece ser uma aposta muito segura. Mas também não dá para duvidar do seu potencial.

 

SEM CHANCES
Perdi Meu Corpo
Após ter estreado no Festival de Cannes do ano passado – de onde saiu premiado na Semana da Crítica –, esse longa francês teve uma discreta carreira por outros eventos, tendo estreado no Brasil diretamente na plataforma de streaming Netflix, sem exibição nos cinemas. Curiosamente, também foi premiado no Annie, com os troféus de Melhor Filme Independente, Trilha Sonora e Roteiro! Vencedor também do Festival de Annecy (o mais importante evento da modalidade em todo o mundo), foi reconhecido ainda pelos críticos de Austin, Boston, Chicago, Florida, Los Angeles, Nova Iorque, San Diego, São Francisco e Utah. Pelo que se pode perceber, credenciais para estar na disputa ele tem, e de sobra. Mas será que a Academia está pronta para premiar a história de uma mão que, após ser decepada, luta contra toda sorte de adversidades para voltar ao seu corpo original? Ainda que no meio de tudo isso haja espaço para um inusitado enredo de amor, trata-se de uma trama adulta demais para uma categoria ainda vista como que voltada às produções infantis – basta ver o perfil dos outros quatro indicados.

 

ESQUECIDO
Frozen 2
Há uma curiosa estatística em relação a essa categoria: nunca houve mais de duas sequências indicadas num mesmo ano! Aliás, além dessa vez – com Como Treinar o Seu Dragão 3 e Toy Story 4 – apenas noutra ocasião duas continuações foram finalistas – quando WiFi Ralph e Os Incríveis 2 concorreram juntos! Ou seja, se a classe costuma privilegiar produções originais, é até compreensível que Frozen 2 tenha ficado de fora – afinal, dos três possíveis lembrados, este é, mesmo, o mais fraco. Mas isso não é o mesmo que dizer que se trata de um filme ruim – muito pelo contrário, aliás. Sequência de um vencedor de dois Oscars, já se tornou a animação de maior bilheteria de todos os tempos, e foi forte o suficiente para garantir ao menos uma indicação: concorre em Melhor Canção Original. Ainda assim, foi indicado ao Globo de Ouro, ao Critics Choice, Bafta, Annie e em diversas premiações de críticos. Não ganhou em nenhuma delas, e nem teria muita chance se tivesse aparecido por aqui. Mas melhor que Link Perdido, ah, isso é!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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