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Oscar 2020 :: Apostas para Melhor Roteiro Original

Publicado por
Robledo Milani

Uma situação curiosa nessa categoria em 2020: o grande favorito nem sequer disputou o prêmio do sindicato, o mais forte indicativo de vitória no Oscar, por um fato muito simples: o autor do texto não é sindicalizado! Ou seja, será que considerar o vencedor do Writers Guild of America como provável vitorioso é algo que pode ser levado a sério? Difícil dizer. Por isso, aqui elencaremos um e outro, como Favorito e Azarão, mas é bom ter uma coisa em mente: na real, qualquer um dos dois pode ser premiado, e colocar todas as fichas apenas num é bastante arriscado! Entre os demais, temos um dos campeões de indicações e um que deve muito do seu sucesso ao bom desempenho do elenco – e aos precisos diálogos entre eles! Por fim, apenas um dos cinco não concorre também na categoria de Melhor Filme – o que já facilita, ao menos, para apontar qual não tem a menor chance de vitória! Confira nossas apostas na categoria de Melhor Roteiro Original!

Indicados

 

FAVORITO
Quentin Tarantino, por Era uma Vez em…Hollywood
Vencedor de dois Oscars nessa categoria – pelos roteiros de Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994) e de Django Livre (2012) – Quentin Tarantino tem nesse ano sua quarta indicação como roteirista (disputou também por Bastardos Inglórios, 2009). Mas se o amor de Hollywood pelo cineasta tem seus limites – violento demais para ganhar como Melhor Filme ou escrachado demais para ser levado a sério como Melhor Diretor, talvez? – aqui parece ser o espaço ideal para lhe conceder o devido reconhecimento. Premiado no Globo de Ouro, no Critics Choice e pelos críticos de Boston, Las Vegas, Nevada, St. Louis, Toronto e Nova Iorque, parece quase irresistível não lhe conceder mais essa estatueta, sobretudo diante da anunciada aposentadoria do cineasta, prevista para começar após o seu próximo trabalho. Outro motivo forte, e que não pode ser ignorado, é a excelência de Era uma Vez em…Hollywood, que combina o estilo anárquico do cineasta com uma singela – e até mesmo comovente – a era de ouro do cinema norte-americano. E quem gosta mais de Hollywood do que… a própria Hollywood?

 

AZARÃO
Bong Joon-Ho e Jin Won Han, por Parasita
Escolhido melhor roteiro original do ano no WGA, Parasita ganhou também nessa categoria no Bafta e nas premiações dos críticos afro-americanos, críticos latinos, na aliança das mulheres críticas de cinema, e nas associações de críticos de Atlanta, Austin, Central Ohio, Chicago, Georgia, Carolina do Norte, Seattle, Southeastern, Utah e São Francisco, além de ter sido premiado também pela Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA. São resultados que não podem ser desconsiderados, e certamente pesam na votação dos membros da Academia. Por outro lado, perdeu essa disputa no Globo de Ouro e no Critics Choice, além de outras tantas associações regionais de críticos de maior peso, como Los Angeles, Washington e Nova Iorque, por exemplo. O fato é: a crítica está enamorada pelo longa de Bong Joon-Ho, mas será que a indústria não considera que apenas as seis indicações – e a vitória certa como Melhor Filme Internacional – não está já de bom tamanho?

 

SEM CHANCES
Rian Johnson, por Entre Facas e Segredos
Diretor do filmes cultuados como Looper: Assassinos do Futuro (2012) e de sucessos como Star Wars: Os Últimos Jedi (2017), Rian Johnson conseguiu sua primeira indicação ao Oscar com uma comédia detetivesca em que emula os melhores momentos de Agatha Christie. Entre Facas e Segredos garantiu três indicações ao Globo de Ouro – inclusive a Melhor Filme – e muita gente apostava que emplacaria em mais categorias no Oscar, mas acabou marcando presença apenas por aqui. Ou seja, é mais uma citação de prestígio por um bom trabalho feito do que um concorrente com reais chances de vitória. Mesmo assim, foi indicado também ao Bafta, ao Critics Choice e ao WGA, além de ter sido premiado pelos críticos de Denver, Chicago, Houston, Kansas, Las Vegas, Philadelphia, Phoenix e Oklahoma!

 

ESQUECIDO
Emily Halpern, Sarah Haskins, Katie Silberman e Susanna Fogel, por Fora de Série
Nenhuma dessas quatro roteiristas já foram indicadas ao Oscar. Portanto, é compreensível que não sejam escolhas óbvias. No entanto, qualquer um dos poucos que assistiram ao trabalho de estreia da atriz Olivia Wilde por trás das câmeras sabe que o filme merecia estar presente em várias categorias, e nessa mais do que em qualquer outra. Indicado a melhor roteiro original também no Bafta e no prêmio do Sindicato dos Roteiristas (o único que não chegou na Academia), concorreu a melhor atriz no Globo de Ouro, a melhor filme de estreia no Film Independent Spirit e a melhor filme de comédia no Critics Choice. Talvez não fossem créditos suficientes para uma vitória, ok. Mas deveriam ter bastado para ao menos ocupar uma das cinco vagas, abrindo espaço para uma produção inteligente e jovial, que ainda coloca duas garotas como protagonistas em uma trama que guarda uma surpresa a cada minuto. Uma das verdadeiras pérolas do último ano, que merece ser descoberta.

:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2020 ::

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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