Antes chamada de Direção de Arte, a categoria de Melhor Design de Produção tem suas atenções direcionadas não apenas à recriação dos cenários – essa percepção pode existir porque muitas vezes são privilegiadas tramas de época, nos quais cenários do passado precisam ser novamente elaborados com enorme precisão – mas também o cuidado nas escolhas das melhores locações para contar cada história. Assim, neste ano temos dois títulos contemporâneos e três ambientados décadas atrás. Destes, dois se passam quase que inteiramente nos mesmos lugares – num, trata-se de um estúdio com dois ou três cômodos, enquanto que noutro se trata de um apartamento também de espaços limitados. Já os demais podem explorar não necessariamente registros recriados – bom, um tem a missão de reimaginar a Era de Ouro de Hollywood – mas também deslumbrar ambientações naturais ou vislumbrar possibilidades futuras. São dois os sindicatos que envolvem profissionais da área: o Set Decorators Society of America (SDSA) – que já divulgou seus favoritos – e o Art Directors Guild (ADG) – cujos vencedores serão anunciados em 10 de abril. A partir desses resultados, podemos fazer as seguintes apostas para Melhor Design de Produção. Confira!
Indicados
- Meu Pai, de Peter Francis, Cathy Featherstone
- A Voz Suprema do Blues, de Mark Ricker, Karen O’Hara, Diana Stoughton
- Mank, de Donald Graham Burt, Jan Pascale
- Relatos do Mundo, de David Crank, Elizabeth Keenan
- Tenet, de Nathan Crowley, Kathy Lucas
FAVORITO
Donald Graham Burt e Jan Pascale, por Mank
Dos 11 profissionais indicados nessa categoria em 2021, somente dois já foram premiados pela Academia em edições anteriores – e Burt é um deles, reconhecido pelo trabalho apresentado em O Curioso Caso de Benjamin Button (2008). Aliás, ambos estão em suas segundas indicações – Pascale concorreu antes por Boa Noite e Boa Sorte (2005), um longa também filmado em preto e branco. E se Mank pode não demonstrar tanta força nas disputas principais, será nos quesitos técnicos que deverá fazer a festa. Tanto é que foi o vencedor do SDSA como “Melhor Design de Produção em Filme de Época” – superando concorrentes como A Voz Suprema do Blues e Relatos do Mundo, entre outros – e ganhou ainda o Critics Choice, o Satellite e os prêmios dos críticos de Chicago, Georgia, Los Angeles, Nevada, New Mexico, Dakota do Norte, Phoenix, San Diego, St. Louis e Washington. Por fim, concorre ainda ao Bafta e ao ADG. Com todo esse histórico, vai ser tarefa dura para os demais concorrentes.
AZARÃO
Nathan Crowley e Kathy Lucas, por Tenet
Nathan Crowley já foi seis vezes indicado ao Oscar, enquanto Kathy Lucas está concorrendo pela segunda vez – e ambos ainda não foram premiados. Será que chegou a vez deles? Dos cinco indicados nessa categoria, três foram selecionados pela SDSA como “Filme de Época”, enquanto um foi apontado como “Filme de Fantasia/Ficção-Científica”. E foi justamente nessa disputa que Tenet saiu vitorioso. E ainda que estejam concorrendo também no ADG e tenham sido indicados ao Critics Choice, ao British Film Designers Guild e nas premiações dos críticos de Chicago, Georgia, San Diego, São Francisco, Seattle e Washington, em nenhuma dessas demais seleções saíram vitoriosos. Ou seja, material para uma vitória, possuem de sobra. Mas, precisariam superar uma resistência histórica dos membros da Academia contra filmes sci-fi, em oposição aos registros históricos. E como o longa dirigido por Christopher Nolan fez mais gente frustrada do que satisfeita, talvez seja uma tarefa por demais difícil deixarem de lado uma sensação geral a respeito da obra para se concentrar apenas nesse importante aspecto. É essa a dúvida que persiste.
SEM CHANCES
Peter Francis e Cathy Featherstone, por Meu Pai
Não há dúvidas de que o filme do diretor Florian Zeller é maravilhoso – aliás, é um dos favoritos aqui do Papo de Cinema até para a categoria principal – mas o que ele está fazendo aqui? Francis e Featherstone estão ambos concorrendo pela primeira vez ao Oscar, e apesar dos dois terem sido indicados ainda ao Bafta e ao British Independent Film Awards, foram ignorados por absolutamente todas as premiações de críticos – sem falar que ficaram de fora também das seleções dos sindicatos da área, esnobados tanto pela SDSA como pela ADG. Ou seja, se nem quem entende do assunto viu grandes méritos do que esse filme entrega (nesse aspecto, que fique claro), por que junto à Academia deveria ser diferente? Apenas para termos de comparação, os longas Destacamento Blood, Estou Pensando em Acabar com Tudo e Bela Vingança foram indicados à Melhor Design de Produção em Filme Contemporâneo tanto no SDSA como no ADG, o que quer dizer que qualquer um teria mais chances por aqui do que Meu Pai. Quer dizer, isso se tivessem conquistado essa indicação – o que não aconteceu, infelizmente.
ESQUECIDO
Michael Perry, por Bela Vingança
O longa dirigido por Emerald Fennell ficou de fora do Bafta, mas isso não tem grande peso – afinal, os britânicos esnobaram também a atriz Carey Mulligan (uma das favoritas ao Oscar), e em Design de Produção indicaram no lugar títulos que geraram barulho nenhum, como A Escavação e o malfadado remake Rebecca: A Mulher Inesquecível (assim fica difícil defendê-los!). Michael Perry, no entanto, ganhou o SDSA como “Melhor Design de Produção em Filme Contemporâneo”, além de ter sido indicado ao ADG e nas premiações dos críticos de Georgia, St. Louis, Associação dos Críticos Latinos de Cinema e na Online Film & Television Association. Talvez esse não seja um histórico dos mais impressionantes, mas certamente é um que não merecia ser desconsiderado. Que fique aqui, portanto, o nosso registro de um esnobado que merecia ter recebido maior atenção.
:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2021 ::
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