Dez foram os títulos pré-selecionados pelo comitê eleito pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood nessa categoria. Segundo eles mesmos, 114 filmes estavam qualificados – ou seja, um trabalho imenso até chegar aos cinco finalistas. Desses, apenas um já ganhou lançamento oficial no Brasil em uma plataforma de streaming, ainda que outros sejam facilmente localizáveis, em suas versões originais, no YouTube – e na íntegra! Os três, aliás, possuem crítica no Papo de Cinema. Curiosamente, é esse trio também que mais tem se destacado tanto nas premiações prévias como, obviamente, também nas previsões dos ditos especialistas – tanto para o bem, quanto para o mal. E diante desse contexto, confira as nossas apostas para Melhor Documentário em Curta-metragem.
Indicados
- Colette (Anthony Giacchino, Alice Doyard)
- A Concerto is a Conversation (Ben Proudfoot, Kris Bowers)
- Do Not Split (Anders Hammer, Charlotte Cook)
- Hunger Ward (Skye Fitzgerald, Michael Scheuerman)
- Uma Canção para Latasha (Sophia Nahli Allison, Janice Duncan)
FAVORITO
Uma Canção para Latasha
Tanto Sophia Nahli Allison (diretora) quanto Janice Duncan (produtora) estão concorrendo ao Oscar como estreantes na premiação. Mas já chegam na condição de favoritas. Muito em função de contarem com um empurrão de peso a favor delas: o filme foi comprado pela Netflix e está disponível no mundo todo, inclusive no Brasil. Consequentemente, é provavelmente o mais visto dos cinco concorrentes. O que de nada adiantaria, é preciso reconhecer, se o conjunto não fosse admirável – o que, de fato, é. Aliás, nós já escrevemos sobre ele – você pode conferir a nossa crítica aqui – e dado a alta nota que recebeu por estas bandas, é bem provável que a vitória lhe esteja bem próxima. Exibido nos festivais de Sundance e Tribeca, foi indicado ao International Documentary Association e premiado nos festivais de New Orleans, Camden, Blackstar e, principalmente, no American Film Institute Docs, um dos mais importantes e reconhecidos do gênero. Ou seja, é aquele a ser batido – o que dificilmente acontecerá.
AZARÃO
A Concerto is a Conversation
Tanto Ben Proudfoot quando Kris Bowers, os produtores indicados, estão concorrendo ao Oscar pela primeira vez. Mas não se pode dizer que sejam novatos: Proudfoot foi responsável pelo making of de Mulheres do Século XX (2016) – que foi indicado em 2017 – enquanto que Bowers assinou a trilha sonora de Green Book: O Guia (2018) – premiado como Melhor Filme em 2019. Em A Concerto is a Conversation – disponível na íntegra e no original no YouTube – os dois mergulham no histórico da família de Bowers até chegar ao avô dele, Horace Bowers Sr., um senhor de mais de 90 anos, destacando como a relação entre os dois se fortaleceu através da música. Por mais que tenha uma estrutura bastante simples e se ocupe basicamente com a conversa entre neto e avô à frente de um piano, há muito a ser dito – e, principalmente, aprendido por meio dos exemplos dados de um para o outro. Assumidamente universal em sua narrativa – você pode conferir a nossa crítica aqui – é um título que tem conseguido se comunicar com o público com bastante força, e por isso não se pode descartar a possibilidade de chegar à festa do dia 25 com boas chances de levar consigo a cobiçada estatueta dourada.
SEM CHANCES
Do Not Split
Essa indicação já foi uma imensa vitória, e é pouco provável que a Academia decida comprar uma briga ainda maior oferecendo a Do Not Split a vitória. E por que isso? Porque o filme de 35 minutos, que se ocupa em relatar os protestos contra a ocupação britânica em Hong Kong em 2019, foi motivo de um boicote da China contra a cerimônia de premiação – que não será exibida no país, como você pode entender melhor aqui. E ainda que tenha sido premiado no AFI Docs Festival com uma menção honrosa e selecionado para o Festival de Sundance, é pouco para enfrentar toda a pressão contra mais esse reconhecimento. É uma questão política, fato, mas parece ser também fílmica, já que parece que este é um filme que tem feito, como diria Shakespeare, muito barulho por nada – você pode conferir a nossa crítica aqui.
ESQUECIDO
O que Sophia Loren Faria?
Alguns podem ter visto como mais uma peça promocional da Netflix para celebrar o retorno da diva Sophia Loren às telas com o longa Rosa e Momo (2020). Mas, acontece que o curta documental O que Sophia Loren Faria? tem qualidades suficientes para chegar por conta própria ao Oscar – tanto é que ficou entre os dez semifinalistas da categoria, superando mais de uma centena de outros concorrentes. Dirigido por Ross Kauffman, que se debruçou sobre a história de sua própria avó, Nancy Kulik, e a admiração dela por Loren – chegando até mesmo a promover um emocionante encontro entre as duas senhoras – este é um curta engraçado e comovente, um relato universal de uma mulher que passou por muito ao longo de sua vida e, mesmo assim, segue firme e bem-humorada em sua maneira de ver o mundo, seja ela uma dona de casa ou uma das maiores estrelas que Hollywood já conheceu! Já à disposição no Brasil, merece ser conhecido pelo maior público possível – e, para tanto, uma justa indicação pela Academia certamente teria vindo bem a calhar.
:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2021 ::
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