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Oscar 2021 :: Apostas para Melhor Documentário em Longa-metragem

Publicado por
Robledo Milani

Várias são as premiações que podem ser apontadas como fortes precursoras nas categorias de documentários. Infelizmente, nenhuma delas possui grande repercussão, nem mesmo nos Estados Unidos – então, imagina aqui no Brasil. As principais são a International Documentary Association e o Critics Choice Documentary Awards – e cada uma dessas agremiações escolheu como melhor do ano um título diferente. O foco, portanto, acaba se transferindo para reconhecimentos não específicos, mas de maior alcance, e que mesmo assim acabam exercendo um olhar sobre a produção documental, como o Bafta, o Film Independent Spirit Awards e o National Board of Review. E o que acontece ao se observar essas escolhas? Outras vitórias, diferentes também das demais. Ou seja, com um cenário bastante confuso, qualquer um parece ser o favorito… ou quase isso. Sendo assim, confira as nossas apostas para Melhor Documentário em Longa-metragem!

 

Indicados

 

 

FAVORITO
Professor Polvo
Por um processo básico de eliminação, é possível dizer que Professor Polvo seja o favorito do ano – mesmo que nem todo mundo tenha adorado o filme, como o crítico aqui do Papo de Cinema (você pode conferir a crítica de Bruno Carmelo aqui). Mas, dois fatores contam a seu favor: foi lançado pela Netflix – ou seja, muita gente teve acesso a ele – e se trata de uma história bastante emotiva – a improvável relação de amizade entre um mergulhador profissional e um polvo (ou, melhor, uma polva) – que tem levado muitos espectadores às lágrimas (para ter uma prova disso, basta ler os comentários dos leitores aqui mesmo no site, após a nossa crítica). Sem contar que o longa dirigido por Pippa Ehrlich e James Reed conta com empurrões de peso, como as vitórias no Bafta e no PGA (Producers Guild of America, o Sindicato dos Produtores de Hollywood), além de reconhecimentos paralelos no Critics Choice Documentary (Melhor Documentário sobre Natureza e Melhor Fotografia), International Documentary Association (Prêmio Especial Pare Lorentz e Melhor Trilha Sonora) e o troféu dos críticos de Houston. Ou seja, é aquele candidato muito falado a respeitado, e se foi para os votantes da Academia assistirem a ao menos um dos concorrentes, pode apostar que foi esse aqui. Consequentemente, deve ser o que acabou levando também os votos.

 

AZARÕES
CollectiveCrip Camp /  Time
Entre estes três, é difícil apontar o com mais chances, ainda que Time pareça estar um pouquinho (mas bem pouco mesmo) à frente dos demais. Premiado no Festival de Sundance, no Gotham Awards, na Online Film & Television Association, no National Board of Review e na Sociedade Nacional dos Críticos dos EUA, ele ganhou também importantes prêmios regionais da crítica especializada, como em Atlanta, Dallas-Fort Worth, Georgia, Los Angeles, Nova Iorque, Filadélfia e San Diego. Crip Camp, por outro lado, foi escolhido o melhor pela International Documentary Association e pelo júri popular no Festival de Sundance – além de ter entre os produtores o ex-presidente dos EUA Barack Obama, cuja produtora foi responsável por Indústria Americana (2019), vencedor nessa mesma categoria no ano passado. Por fim, o romeno Collective é o único dos cinco indicados a estar disputando não apenas uma, mas duas estatuetas – concorre ainda a Melhor Filme Internacional – e foi premiado como melhor documentário do ano no Satellite e European Film Awards, além dos críticos de Boston, Londres, New Mexico, São Francisco, St. Louis, Toronto e Vancouver. Ou seja, todos tem boas chances. E justamente por isso, por essa disputa pelo segundo lugar estar tão equilibrada, é que Professor Polvo parece ser a aposta mais segura de vitória.

 

SEM CHANCES
Agente Duplo
Como em 2020 o longa Honeyland, da Macedônia do Norte, conseguiu o feito inédito da indicação dupla no Oscar como Melhor Filme Internacional e Melhor Documentário em Longa-metragem, muitos outros países tentaram alcançar o mesmo feito – inclusive o Brasil, que selecionou o documentário Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou à disputa dos longas estrangeiros. E não estavam completamente errados, pois a Romênia se deu bem nisso – como explicado no parágrafo acima. Outro país que se guiou por essa linha foi o Chile, mas o seu sucesso foi apenas em parte: Agente Duplo mirou as duas indicações, mas teve efeito apenas aqui, entre os docs. Isso já deve ser suficiente, portanto, para perceber que tem menos força que seu colega imediato – Collective – certo? Indicado ainda ao Independent Spirit Award e apontado como um dos cinco melhores do gênero pelo National Board of Review, o longa dirigido por Maite Alberdi pode ser cheio de coração – é uma das mais inesperadas e emocionantes produções dos últimos tempos – mas assume uma narrativa tão próxima do ficcional que tem deixado muita gente em dúvida. Tanto é que, das mais de vinte indicações que recebeu nessa temporada, coleciona, até o momento, apenas três vitórias. E tal cenário certamente não deverá mudar na festa do dia 25 de abril.

 

ESQUECIDO
As Mortes de Dick Johnson
Entre os 15 títulos pré-selecionados pela Academia, mas que não conseguiram se colocar entre os finalistas, estão outros longas já exibidos no Brasil, como Até o Fim: A Luta Pela Democracia, Boys State e Welcome to Chechnya. Esses são os que quase chegaram lá. Mas a impressão é que nenhum outro ficou tão próximo da indicação quando As Mortes de Dick Johnson. Já disponível na Netflix, o longa de Kirsten Johnson foi o grande vencedor do Critics Choice Documentary Awards – premiado em três das cinco categorias a que concorria, entre elas como Melhor Documentário do Ano (superando, inclusive, Crip Camp, Professor Polvo e Time, todos indicados ao Oscar). Foi escolhido ainda como o melhor pelos críticos de Chicago, Columbus, Detroit, Indiana, Iowa, Carolina do Norte e Utah, além de ter sido premiado no Festival de Sundance, no Top 5 do National Board of Review, pela Online Film Critics Society e pela International Documentary Association (Melhor Roteiro e Melhor Montagem). Por fim, está concorrendo também ao Independent Spirit Awards. Ou seja, era aquele que não poderia ter ficado de fora. E a nossa crítica – que você pode conferir aqui – aprova!

 

:: Confira aqui tudo sobre o Oscar 2021 ::

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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