Várias são as premiações que podem ser apontadas como fortes precursoras nas categorias de documentários. Infelizmente, nenhuma delas possui grande repercussão, nem mesmo nos Estados Unidos – então, imagina aqui no Brasil. As principais são a International Documentary Association e o Critics Choice Documentary Awards – e cada uma dessas agremiações escolheu como melhor do ano um título diferente. O foco, portanto, acaba se transferindo para reconhecimentos não específicos, mas de maior alcance, e que mesmo assim acabam exercendo um olhar sobre a produção documental, como o Bafta, o Film Independent Spirit Awards e o National Board of Review. E o que acontece ao se observar essas escolhas? Outras vitórias, diferentes também das demais. Ou seja, com um cenário bastante confuso, qualquer um parece ser o favorito… ou quase isso. Sendo assim, confira as nossas apostas para Melhor Documentário em Longa-metragem!
Indicados
Professor Polvo
Por um processo básico de eliminação, é possível dizer que Professor Polvo seja o favorito do ano – mesmo que nem todo mundo tenha adorado o filme, como o crítico aqui do Papo de Cinema (você pode conferir a crítica de Bruno Carmelo aqui). Mas, dois fatores contam a seu favor: foi lançado pela Netflix – ou seja, muita gente teve acesso a ele – e se trata de uma história bastante emotiva – a improvável relação de amizade entre um mergulhador profissional e um polvo (ou, melhor, uma polva) – que tem levado muitos espectadores às lágrimas (para ter uma prova disso, basta ler os comentários dos leitores aqui mesmo no site, após a nossa crítica). Sem contar que o longa dirigido por Pippa Ehrlich e James Reed conta com empurrões de peso, como as vitórias no Bafta e no PGA (Producers Guild of America, o Sindicato dos Produtores de Hollywood), além de reconhecimentos paralelos no Critics Choice Documentary (Melhor Documentário sobre Natureza e Melhor Fotografia), International Documentary Association (Prêmio Especial Pare Lorentz e Melhor Trilha Sonora) e o troféu dos críticos de Houston. Ou seja, é aquele candidato muito falado a respeitado, e se foi para os votantes da Academia assistirem a ao menos um dos concorrentes, pode apostar que foi esse aqui. Consequentemente, deve ser o que acabou levando também os votos.
Collective / Crip Camp / Time
Entre estes três, é difícil apontar o com mais chances, ainda que Time pareça estar um pouquinho (mas bem pouco mesmo) à frente dos demais. Premiado no Festival de Sundance, no Gotham Awards, na Online Film & Television Association, no National Board of Review e na Sociedade Nacional dos Críticos dos EUA, ele ganhou também importantes prêmios regionais da crítica especializada, como em Atlanta, Dallas-Fort Worth, Georgia, Los Angeles, Nova Iorque, Filadélfia e San Diego. Crip Camp, por outro lado, foi escolhido o melhor pela International Documentary Association e pelo júri popular no Festival de Sundance – além de ter entre os produtores o ex-presidente dos EUA Barack Obama, cuja produtora foi responsável por Indústria Americana (2019), vencedor nessa mesma categoria no ano passado. Por fim, o romeno Collective é o único dos cinco indicados a estar disputando não apenas uma, mas duas estatuetas – concorre ainda a Melhor Filme Internacional – e foi premiado como melhor documentário do ano no Satellite e European Film Awards, além dos críticos de Boston, Londres, New Mexico, São Francisco, St. Louis, Toronto e Vancouver. Ou seja, todos tem boas chances. E justamente por isso, por essa disputa pelo segundo lugar estar tão equilibrada, é que Professor Polvo parece ser a aposta mais segura de vitória.
Agente Duplo
Como em 2020 o longa Honeyland, da Macedônia do Norte, conseguiu o feito inédito da indicação dupla no Oscar como Melhor Filme Internacional e Melhor Documentário em Longa-metragem, muitos outros países tentaram alcançar o mesmo feito – inclusive o Brasil, que selecionou o documentário Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou à disputa dos longas estrangeiros. E não estavam completamente errados, pois a Romênia se deu bem nisso – como explicado no parágrafo acima. Outro país que se guiou por essa linha foi o Chile, mas o seu sucesso foi apenas em parte: Agente Duplo mirou as duas indicações, mas teve efeito apenas aqui, entre os docs. Isso já deve ser suficiente, portanto, para perceber que tem menos força que seu colega imediato – Collective – certo? Indicado ainda ao Independent Spirit Award e apontado como um dos cinco melhores do gênero pelo National Board of Review, o longa dirigido por Maite Alberdi pode ser cheio de coração – é uma das mais inesperadas e emocionantes produções dos últimos tempos – mas assume uma narrativa tão próxima do ficcional que tem deixado muita gente em dúvida. Tanto é que, das mais de vinte indicações que recebeu nessa temporada, coleciona, até o momento, apenas três vitórias. E tal cenário certamente não deverá mudar na festa do dia 25 de abril.
As Mortes de Dick Johnson
Entre os 15 títulos pré-selecionados pela Academia, mas que não conseguiram se colocar entre os finalistas, estão outros longas já exibidos no Brasil, como Até o Fim: A Luta Pela Democracia, Boys State e Welcome to Chechnya. Esses são os que quase chegaram lá. Mas a impressão é que nenhum outro ficou tão próximo da indicação quando As Mortes de Dick Johnson. Já disponível na Netflix, o longa de Kirsten Johnson foi o grande vencedor do Critics Choice Documentary Awards – premiado em três das cinco categorias a que concorria, entre elas como Melhor Documentário do Ano (superando, inclusive, Crip Camp, Professor Polvo e Time, todos indicados ao Oscar). Foi escolhido ainda como o melhor pelos críticos de Chicago, Columbus, Detroit, Indiana, Iowa, Carolina do Norte e Utah, além de ter sido premiado no Festival de Sundance, no Top 5 do National Board of Review, pela Online Film Critics Society e pela International Documentary Association (Melhor Roteiro e Melhor Montagem). Por fim, está concorrendo também ao Independent Spirit Awards. Ou seja, era aquele que não poderia ter ficado de fora. E a nossa crítica – que você pode conferir aqui – aprova!
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