A categoria de Melhor Maquiagem e Cabelos costuma ser uma daquelas disputas “menores”, que ninguém demonstra muito interesse e parece servir apenas para atrapalhar o bolão dos torcedores. Desde que agrupadas as duas equipes técnicas – os maquiadores e os cabeleireiros –, previsões parecem ter se tornado ainda mais confusas. Afinal, é preciso encontrar um candidato excelente em ambos os aspectos – de nada adianta ter uma maquiagem espetacular, por exemplo, se os penteados e perucas não surpreenderem (ou o contrário). Assim, na hora de apontar os favoritos deste ano, o importante é manter o olho atento aos dois quesitos, avaliando mais questões técnicas do que o conjunto da obra. Entre os cinco indicados, temos apenas um concorrente ao prêmio máximo de Melhor Filme. Da mesma forma, temos títulos que passaram praticamente em branco nas demais disputas, mas que aqui podem surgir com força. Quais, enfim, serão os melhores? Confira a seguir as nossas apostas para Melhor Maquiagem e Cabelos!

 

Indicados

  • Emma.de Marese Langan, Laura Allen, Claudia Stolze
  • Era Uma Vez um Sonho, de Eryn Krueger Mekash, Matthew Mungle, Patricia Dehaney
  • A Voz Suprema do Blues, de Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal, Jamika Wilson
  • Mank, de Gigi Williams, Kimberley Spiteri, Colleen LaBaff
  • Pinóquio, de Mark Coulier, Dalia Colli, Francesco Pegoretti

 

FAVORITO
Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson, por A Voz Suprema do Blues
Os três indicados nesta categoria por A Voz Suprema do Blues estão concorrendo ao Oscar pela primeira vez. No entanto, não se tratam de novatos, pois participaram de filmes e séries como How to Get Away with Murder (2014-209) – Lopez-Rivera é um antigo parceiro da protagonista Viola DavisA Vida Imortal de Henrietta Lacks (2017) – Neal ficou responsável exclusivamente pelas perucas de Oprah Winfrey – e As Viúvas (2018) – Wilson é também uma das preferidas de Davis. O trio disparou nas apostas ao ganhar nas duas categorias a que disputava no Hollywood Makeup Artist and Hair Stylist Guild Awards – o sindicato dos Maquiadores e Cabeleireiros de Hollywood, o mais forte precursor da área. Escolhido como Melhor Maquiagem em Filme de Época e Melhor Penteado em Filme de Época, o longa de George C. Wolfe despontou como o favorito nos dois quesitos. Além desse forte reconhecimento, foi premiado também no Bafta e no Critics Choice, além de ganhar as premiações dos críticos de Chicago, da Associação dos Críticos Latinos e do Hollywood Critics Association. Ou seja, essa estatueta já tem dono!

 

AZARÃO
Eryn Krueger Mekash, Matthew W. Mungle e Patricia Dehaney, por Era uma Vez um Sonho
Dos cinco indicados nesta categoria, quatro concorreram em ao menos uma das tantas categorias do Hollywood Makeup Artist and Hair Stylist Guild Awards (HMANHSGA). O único, no entanto, além do favorito, a ser indicado tanto em Maquiagem como em Penteados, sabe qual foi? Exatamente: Era uma Vez um Sonho. Por algum motivo misterioso, os votantes se impressionaram com a peruca desgrenhada de Glenn Close e com o visual acabado de Amy Adams. Tanto é que o trio de profissionais indicados – que inclui veteranos como Patricia Dehaney, premiada por Vice (2018), e Matthew W. Mungle, oscarizado por Dracula de Bram Stoker (1992) – foi indicado a praticamente tudo, como Bafta e Critics Choice, além do Gold Derby Awards, Sociedade dos Críticos do Havaí, Hollywood Critics Association e Online Film & Television Association, premiado no International Online Cinema Awards. Já no HMANHSGA o filme somou três indicações – mais, até, do que A Voz Suprema do Blues – tendo concorrido em Melhor Maquiagem em Filme de Época, Melhores Efeitos de Maquiagem e Melhor Penteado em Filme de Época. Ou seja, é um competidor de respeito, mas que, por um motivo ou outro – talvez pelo fato do longa de Ron Howard ser ruim de doer? – acabam sempre morrendo na praia.

 

SEM CHANCES
Marese Langan, Laura Allen e Claudia Stolze, por Emma.
Dos cinco concorrentes nesta categoria, o único que não recebeu nenhuma indicação no Sindicato dos Maquiadores e Cabeleireiros de Hollywood foi justamente Emma. Então, como foi aparecer aqui no Oscar? Um dos tantos mistérios da premiação. No entanto, somou algumas indicações prévias em premiações paralelas, como Critics Choice, Gold Derby Awards, críticos de Chicago, Associação dos Críticos Latinos e Online Film & Television Association, não vencendo nenhuma dessas disputas. Apenas para constar, os três profissionais indicados estão concorrendo ao Oscar pela primeira vez – o que já é um feito e tanto, certo?

 

 

ESQUECIDO
Adruitha Lee, Deborah La Mia Denaver e Vincent Van Dyke, por Aves de Rapina
A malfadada aventura da DC Comics estrelada pela vilã Arlequina deixou muita gente decepcionada – tendo estreado nos cinemas pouco antes do início da pandemia do Covid-19, arrecadou cerca de US$ 200 milhões nas bilheterias de todo o mundo – mas, ao mesmo tempo, surpreendeu em muitos dos seus quesitos técnicos. Afinal, se levarmos em consideração que a aparição anterior da personagem, o igualmente decepcionante Esquadrão Suicida (2016), não somente foi indicado, como ganhou o Oscar na categoria, essa omissão é, de fato, estranha. Tanto é que Aves de Rapina venceu as duas categorias disputadas na premiação do Sindicato dos Maquiadores de Cabeleireiros de Hollywood: Melhor Maquiagem de Filme Contemporâneo e Melhor Penteado em Filme Contemporâneo, em ambas superando concorrentes que fizeram bonito nas indicações ao Oscar, como Bela Vingança ou Borat: Fita de Cinema Seguinte. Entre os profissionais que mereciam essa indicação estão Adruitha Lee, oscarizada por Clube de Compras Dallas (2013), e Deborah La Mia Denaver, indicada por Fantasmas do Mississippi (1996). Juntos, foram indicados dessa vez na premiação dos críticos de Chicago, no CinEuphoria Awards, no Gold Derby, na Hollywood Critics Association, na Associação dos Críticos Latinos e no International Online Cinema Awards, tendo sido premiados também no Online Film & Television Association. Uma ausência, como se percebe, bastante sentida.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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