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Nos últimos dez anos, cinco dos vencedores do prêmio do American Cinema Editors – também conhecido apenas por Eddie Awards – acabaram ganhando também nessa mesma categoria no Oscar. Ou seja, há uma chance de 50% do vencedor do sindicato se dar também na festa da Academia. Por outro lado, existe também uma boa chance do mesmo efeito não se repetir – está meio a meio, certo? Portanto, é bom estar atento ao favorito dessa premiação, sem esquecer-se, no entanto, de observar o que outras disputas semelhantes apontaram como os melhores da temporada. Pode-se comentar também da forte relação da categoria com a principal – todos os cinco concorrentes também estão na disputa para Melhor Filme – e como essa é uma sintonia história, que tem se repetido anualmente, e não apenas uma configuração de ocasião, é fácil perceber a relevância desse prêmio dentro de um contexto muito maior. Diante desse cenário, confira as nossas apostas para Melhor Montagem!

 

Indicados

 

20210330 oscar 2021 melhor filme apostas papo de cinema 7FAVORITO
Mikkel E.G. Nielsen, por O Som do Silêncio
Estreante no Oscar pelo trabalho de edição em O Som do Silêncio, o dinamarquês Mikkel E.G. Nielsen vem colecionando vitórias, como as conquistadas no Bafta, no Critics Choice (empatado com Os 7 de Chicago) e junto aos críticos de Las Vegas e do Online Film & Television Awards. Ainda que tenha concorrido ao Eddie – e perdido – tem tudo para surpreender no Oscar e levar a estatueta para casa. Afinal, no filme de Darius Marder essa expertise faz toda a diferença, não apenas na montagem das imagens, mas também na sincronia do som – e, principalmente, na ausência deste. Além de estar completamente em consonância com o desenrolar dos acontecimentos vistos em cena, é resultado de um exercício minucioso que contribui decisivamente para o retorno positivo de toda a empreitada ficcional. Peça fundamental de um conjunto que reflete muitos êxitos, esta é uma vitória que merece ser aplaudida com entusiasmo!

 

20210331 apostas oscar 2021 papo de cinema 1AZARÃO
Alan Baumgarten, por Os 7 de Chicago
Neste ano, o grande vencedor do Eddie foi Os 7 de Chicago – superando concorrentes como Nomadland e O Som do Silêncio – mas Alan Baumgarten, que está em sua segunda indicação ao Oscar (concorreu antes por Trapaça, 2013), teve aqui uma das suas poucas vitórias de peso nessa temporada (ganhou ainda o Critics Choice, mas num empate – como citado acima). Foi premiado também pelos críticos de Chicago (Indie), Columbus, Havaí, Phoenix, Utah, no Satellite no Music City Film Critics Association e no Hollywood Critics Association. Além disso, foi indicado ao Bafta, no Alliance of Women Film Jounalists e nas premiações dos críticos de Chicago, San Diego, São Francisco, Seattle, St. Louis e Washington. Ou seja, não é um concorrente qualquer. E o trabalho visto em cena, combinando diferentes núcleos narrativos, tanto em tempo como em espaço, é suficientemente bem-sucedido para merecer o prêmio. A questão, pelo que se percebe, não é falta de mérito – é, sim, uma competição muito acirrada.

 

20210330 oscar 2021 melhor filme apostas papo de cinema 6SEM CHANCES
Frédéric Thoraval, por Bela Vingança
Dos cinco indicados, Meu Pai não conseguiu a indicação ao Eddie Award, mas por uma razão muito simples: Yorgos Lamprinos, o editor, não é sindicalizado nos EUA – ou seja, não era elegível. E como foi indicado ao Bafta, ao Critics Choice, ao Satellite e ganhou o British Independent Film Awards, certamente estava no páreo. Ao contrário de Bela Vingança, que foi o único dos quatro finalistas restantes que concorreu ao Eddie na categoria de Melhor Edição em Filme de Comédia (e não em Filme de Drama, como os restantes) – e, mesmo assim, perdeu para Palm Springs (2020). Essa é a primeira indicação ao Oscar do francês Frédéric Thoraval – que, até então, havia trabalhado em filmes de ação como A Justiceira (2018) e O Franco-Atirador (2015) – e nesta temporada chegou a ser indicado ainda ao Bafta, ao Hollywood Critics Association, no International Online Cinema Awards e na premiação dos críticos de North Dakota – e em absolutamente mais nenhum lugar. Não é necessário dizer, também, que perdeu todas essas disputas. Como foi parar no Oscar, portanto, é quase uma surpresa.

 

20210330 oscar 2021 melhor filme apostas papo de cinema 4ESQUECIDO
Kirk Baxter, por Mank
Vencedor de dois Oscars, por A Rede Social (2010) e Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011) – e indicado ainda por O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) – Kirk Baxter é um parceiro de longa data do diretor David Fincher e um dos grandes injustiçados no Oscar deste ano. Afinal, como assim o filme campeão de indicações, concorrendo em 10 categorias, ficou de fora da de Melhor Montagem, uma das principais da premiação? Tanto é que, por Mank, foi indicado na premiação do sindicato dos montadores, ao Critics Choice, no Online Film & Television Association, Online Film Critics Society, Satellite e junto aos críticos de Austin, Columbus, Havaí, North Dakota, São Francisco, St. Louis e Washington. Tudo bem que não ganhou em nenhuma – e nem era para tanto mesmo – mas merecia estar colocado entre os cinco melhores do ano.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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