Nos últimos dez anos, cinco dos vencedores do prêmio do American Cinema Editors – também conhecido apenas por Eddie Awards – acabaram ganhando também nessa mesma categoria no Oscar. Ou seja, há uma chance de 50% do vencedor do sindicato se dar também na festa da Academia. Por outro lado, existe também uma boa chance do mesmo efeito não se repetir – está meio a meio, certo? Portanto, é bom estar atento ao favorito dessa premiação, sem esquecer-se, no entanto, de observar o que outras disputas semelhantes apontaram como os melhores da temporada. Pode-se comentar também da forte relação da categoria com a principal – todos os cinco concorrentes também estão na disputa para Melhor Filme – e como essa é uma sintonia história, que tem se repetido anualmente, e não apenas uma configuração de ocasião, é fácil perceber a relevância desse prêmio dentro de um contexto muito maior. Diante desse cenário, confira as nossas apostas para Melhor Montagem!

 

Indicados

 

FAVORITO
Mikkel E.G. Nielsen, por O Som do Silêncio
Estreante no Oscar pelo trabalho de edição em O Som do Silêncio, o dinamarquês Mikkel E.G. Nielsen vem colecionando vitórias, como as conquistadas no Bafta, no Critics Choice (empatado com Os 7 de Chicago) e junto aos críticos de Las Vegas e do Online Film & Television Awards. Ainda que tenha concorrido ao Eddie – e perdido – tem tudo para surpreender no Oscar e levar a estatueta para casa. Afinal, no filme de Darius Marder essa expertise faz toda a diferença, não apenas na montagem das imagens, mas também na sincronia do som – e, principalmente, na ausência deste. Além de estar completamente em consonância com o desenrolar dos acontecimentos vistos em cena, é resultado de um exercício minucioso que contribui decisivamente para o retorno positivo de toda a empreitada ficcional. Peça fundamental de um conjunto que reflete muitos êxitos, esta é uma vitória que merece ser aplaudida com entusiasmo!

 

AZARÃO
Alan Baumgarten, por Os 7 de Chicago
Neste ano, o grande vencedor do Eddie foi Os 7 de Chicago – superando concorrentes como Nomadland e O Som do Silêncio – mas Alan Baumgarten, que está em sua segunda indicação ao Oscar (concorreu antes por Trapaça, 2013), teve aqui uma das suas poucas vitórias de peso nessa temporada (ganhou ainda o Critics Choice, mas num empate – como citado acima). Foi premiado também pelos críticos de Chicago (Indie), Columbus, Havaí, Phoenix, Utah, no Satellite no Music City Film Critics Association e no Hollywood Critics Association. Além disso, foi indicado ao Bafta, no Alliance of Women Film Jounalists e nas premiações dos críticos de Chicago, San Diego, São Francisco, Seattle, St. Louis e Washington. Ou seja, não é um concorrente qualquer. E o trabalho visto em cena, combinando diferentes núcleos narrativos, tanto em tempo como em espaço, é suficientemente bem-sucedido para merecer o prêmio. A questão, pelo que se percebe, não é falta de mérito – é, sim, uma competição muito acirrada.

 

SEM CHANCES
Frédéric Thoraval, por Bela Vingança
Dos cinco indicados, Meu Pai não conseguiu a indicação ao Eddie Award, mas por uma razão muito simples: Yorgos Lamprinos, o editor, não é sindicalizado nos EUA – ou seja, não era elegível. E como foi indicado ao Bafta, ao Critics Choice, ao Satellite e ganhou o British Independent Film Awards, certamente estava no páreo. Ao contrário de Bela Vingança, que foi o único dos quatro finalistas restantes que concorreu ao Eddie na categoria de Melhor Edição em Filme de Comédia (e não em Filme de Drama, como os restantes) – e, mesmo assim, perdeu para Palm Springs (2020). Essa é a primeira indicação ao Oscar do francês Frédéric Thoraval – que, até então, havia trabalhado em filmes de ação como A Justiceira (2018) e O Franco-Atirador (2015) – e nesta temporada chegou a ser indicado ainda ao Bafta, ao Hollywood Critics Association, no International Online Cinema Awards e na premiação dos críticos de North Dakota – e em absolutamente mais nenhum lugar. Não é necessário dizer, também, que perdeu todas essas disputas. Como foi parar no Oscar, portanto, é quase uma surpresa.

 

ESQUECIDO
Kirk Baxter, por Mank
Vencedor de dois Oscars, por A Rede Social (2010) e Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011) – e indicado ainda por O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) – Kirk Baxter é um parceiro de longa data do diretor David Fincher e um dos grandes injustiçados no Oscar deste ano. Afinal, como assim o filme campeão de indicações, concorrendo em 10 categorias, ficou de fora da de Melhor Montagem, uma das principais da premiação? Tanto é que, por Mank, foi indicado na premiação do sindicato dos montadores, ao Critics Choice, no Online Film & Television Association, Online Film Critics Society, Satellite e junto aos críticos de Austin, Columbus, Havaí, North Dakota, São Francisco, St. Louis e Washington. Tudo bem que não ganhou em nenhuma – e nem era para tanto mesmo – mas merecia estar colocado entre os cinco melhores do ano.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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