20190219 oscar melhor roteiro adaptado papo de cinema

Dos cinco finalistas desta categoria, apenas três foram indicados também ao Writers Guild of America Awards, a premiação do Sindicato dos Roteiristas de Hollywood. Ficaram de fora justamente dois dos favoritos, mas não por que não sejam bons o suficiente, mas, sim, por que eram inelegíveis – é preciso que o autor do texto seja sindicalizado para seu trabalho ser indicado. Tanto Nomadland quanto Meu Pai, assim como outros possíveis candidatos, como Rosa e Momo, Emma. ou A História Pessoal de David Copperfield, estavam todos descartados da competição no WGA. Assim, o que foi premiado por lá até ganhou algum destaque, mas dificilmente o bastante para assumir a condição de favorito à cobiçada estatueta dourada. Desse modo, confira as nossas apostas para Melhor Roteiro Adaptado.

 

Indicados

 

20210408 apostas roteiro adaptado papo de cinema 2FAVORITO
Chloé Zhao, por Nomadland
Este é o filme do ano e dificilmente Chloé Zhao sairá da festa sem ao menos três das quatro estatuetas que disputa: Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado (Montagem parece ser a única dúvida). Baseado no livro não ficcional de Jessica Bruder, o texto de Zhao foi indicado também ao Globo de Ouro, ao Satellite e ao Bafta, além de ter sido escolhido como o melhor do ano pela Associação de Mulheres Jornalistas de Cinema e pelos críticos de Austin, Chicago, Columbus, Detroit, Georgia, Greater Western New York, Havaí, Indiana, Kansas, Londres, Carolina do Norte, Oklahoma, Southeastern e Washington, além do Critics Choice. E o fato de ter ficado de fora do WGA pouco deverá importar. Afinal, apenas para critérios de comparação, Quentin Tarantino já ganhou dois Oscars como roteirista… e até hoje não é membro do Writers Guild of America!

 

20210408 apostas roteiro adaptado papo de cinema 3AZARÃO
Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Baynham, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman, Lee Kern e Nina Pedrad, por Borat: Fita de Cinema Seguinte
Na disputa do WGA, quem se saiu melhor – por mais surpreendente que possa ter sido – foi justamente o time por trás de Borat: Fita de Cinema Seguinte, superando não apenas O Tigre Branco e Uma Noite em Miami, como também A Voz Suprema do Blues e Relatos do Mundo. Quem acompanha de perto o trabalho de Sacha Baron Cohen, no entanto, não foi pego desprevenido. Afinal, o longa anterior – Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (2006) – também fora indicado nessa mesma categoria (perdeu, na ocasião, para ninguém menos do que Os Infiltrados, premiado também como Melhor Filme naquele ano). Ou seja, é bem provável que a mesma sina se repita e mais uma vez o intrépido Borat veja o ouro hollywoodiano passar pela sua frente e ir parar nas mãos do grande vencedor da temporada! Mas, como não tá morto quem peleia e a esperança é a última que morre, quem sabe o inesperado não acontece? E se for a vez de uma reviravolta de última hora, esse aqui é o melhor dos candidatos – contando, para tanto, com o belo empurrão recebido pelo Sindicato dos Roteiristas.

 

20210408 apostas roteiro adaptado papo de cinema 4SEM CHANCES
Ramin Bahrani, por O Tigre Branco
Diretor de filmes como 99 Casas (2014) e o remake Fahrenheit 451 (2018) – além de ter produzido o brasileiro Sócrates (2018), premiado no Independent Spirit Awards – Ramin Bahrani tem com O Tigre Branco sua primeira indicação ao Oscar – e também ao Bafta e ao WGA! Ou seja, para quem nunca havia transitado por premiações de tamanho destaque, parece que já está bom demais, não é mesmo? Aliás, essa é também a única indicação que o filme recebeu na festa da Academia deste ano, e o fato de ter sido lembrado dentre tantos outros concorrentes que aparentavam ter mais peso é também uma quase vitória – foco na palavra “quase”. O fato de ter sido produzido pela Netflix e já estar disponível na plataforma da gigante de streaming certamente favoreceu que o longa estrelado por Adarsh Gourav (num desempenho indicado ao Bafta e ao Spirit) e Priyanka Chopra tenha sido bastante visto, a ponto de alcançar esse merecido reconhecimento. E já está de bom tamanho!

 

20210408 apostas roteiro adaptado papo de cinema 1ESQUECIDO
Ruben Santiago-Hudson, por A Voz Suprema do Blues
Muito tem se falado neste ano como a vez da diversidade no Oscar. E essa categoria é um bom reflexo disso: ainda que dos cinco concorrentes três sejam histórias majoritariamente a respeito de personagens brancos, há dois que apontam para esse olhar mais amplo, digamos. Mas, se esse compromisso fosse ainda mais convicto, certamente teriam encontrado espaço para A Voz Suprema do Blues, que não só conta com um elenco de maioria negra, como também foi filmado a partir do texto de um roteirista afro-americano. E, por fim, trata-se de uma história baseada numa peça de August Wilson, um dos mais renomados dramaturgos negros do século XX – e cuja peça anterior levada às telas, o drama Um Limite Entre Nós (2016), lhe rendeu uma justa indicação pela Academia. Indicado ao WGA, ao Critics Choice e ao Satellite, o roteiro adaptado por Ruben Santiago-Hudson foi considerado o melhor do ano pelo Círculo de Críticos Negros de Cinema dos EUA e pelos críticos de Chicago (indie). Caso tivesse aparecido também por aqui, de forma alguma teria sido uma injustiça.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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