Dos cinco finalistas desta categoria, apenas três foram indicados também ao Writers Guild of America Awards, a premiação do Sindicato dos Roteiristas de Hollywood. Ficaram de fora justamente dois dos favoritos, mas não por que não sejam bons o suficiente, mas, sim, por que eram inelegíveis – é preciso que o autor do texto seja sindicalizado para seu trabalho ser indicado. Tanto Nomadland quanto Meu Pai, assim como outros possíveis candidatos, como Rosa e Momo, Emma. ou A História Pessoal de David Copperfield, estavam todos descartados da competição no WGA. Assim, o que foi premiado por lá até ganhou algum destaque, mas dificilmente o bastante para assumir a condição de favorito à cobiçada estatueta dourada. Desse modo, confira as nossas apostas para Melhor Roteiro Adaptado.
Indicados
Chloé Zhao, por Nomadland
Este é o filme do ano e dificilmente Chloé Zhao sairá da festa sem ao menos três das quatro estatuetas que disputa: Melhor Filme, Direção e Roteiro Adaptado (Montagem parece ser a única dúvida). Baseado no livro não ficcional de Jessica Bruder, o texto de Zhao foi indicado também ao Globo de Ouro, ao Satellite e ao Bafta, além de ter sido escolhido como o melhor do ano pela Associação de Mulheres Jornalistas de Cinema e pelos críticos de Austin, Chicago, Columbus, Detroit, Georgia, Greater Western New York, Havaí, Indiana, Kansas, Londres, Carolina do Norte, Oklahoma, Southeastern e Washington, além do Critics Choice. E o fato de ter ficado de fora do WGA pouco deverá importar. Afinal, apenas para critérios de comparação, Quentin Tarantino já ganhou dois Oscars como roteirista… e até hoje não é membro do Writers Guild of America!
Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Baynham, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman, Lee Kern e Nina Pedrad, por Borat: Fita de Cinema Seguinte
Na disputa do WGA, quem se saiu melhor – por mais surpreendente que possa ter sido – foi justamente o time por trás de Borat: Fita de Cinema Seguinte, superando não apenas O Tigre Branco e Uma Noite em Miami, como também A Voz Suprema do Blues e Relatos do Mundo. Quem acompanha de perto o trabalho de Sacha Baron Cohen, no entanto, não foi pego desprevenido. Afinal, o longa anterior – Borat: O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América (2006) – também fora indicado nessa mesma categoria (perdeu, na ocasião, para ninguém menos do que Os Infiltrados, premiado também como Melhor Filme naquele ano). Ou seja, é bem provável que a mesma sina se repita e mais uma vez o intrépido Borat veja o ouro hollywoodiano passar pela sua frente e ir parar nas mãos do grande vencedor da temporada! Mas, como não tá morto quem peleia e a esperança é a última que morre, quem sabe o inesperado não acontece? E se for a vez de uma reviravolta de última hora, esse aqui é o melhor dos candidatos – contando, para tanto, com o belo empurrão recebido pelo Sindicato dos Roteiristas.
Ramin Bahrani, por O Tigre Branco
Diretor de filmes como 99 Casas (2014) e o remake Fahrenheit 451 (2018) – além de ter produzido o brasileiro Sócrates (2018), premiado no Independent Spirit Awards – Ramin Bahrani tem com O Tigre Branco sua primeira indicação ao Oscar – e também ao Bafta e ao WGA! Ou seja, para quem nunca havia transitado por premiações de tamanho destaque, parece que já está bom demais, não é mesmo? Aliás, essa é também a única indicação que o filme recebeu na festa da Academia deste ano, e o fato de ter sido lembrado dentre tantos outros concorrentes que aparentavam ter mais peso é também uma quase vitória – foco na palavra “quase”. O fato de ter sido produzido pela Netflix e já estar disponível na plataforma da gigante de streaming certamente favoreceu que o longa estrelado por Adarsh Gourav (num desempenho indicado ao Bafta e ao Spirit) e Priyanka Chopra tenha sido bastante visto, a ponto de alcançar esse merecido reconhecimento. E já está de bom tamanho!
Ruben Santiago-Hudson, por A Voz Suprema do Blues
Muito tem se falado neste ano como a vez da diversidade no Oscar. E essa categoria é um bom reflexo disso: ainda que dos cinco concorrentes três sejam histórias majoritariamente a respeito de personagens brancos, há dois que apontam para esse olhar mais amplo, digamos. Mas, se esse compromisso fosse ainda mais convicto, certamente teriam encontrado espaço para A Voz Suprema do Blues, que não só conta com um elenco de maioria negra, como também foi filmado a partir do texto de um roteirista afro-americano. E, por fim, trata-se de uma história baseada numa peça de August Wilson, um dos mais renomados dramaturgos negros do século XX – e cuja peça anterior levada às telas, o drama Um Limite Entre Nós (2016), lhe rendeu uma justa indicação pela Academia. Indicado ao WGA, ao Critics Choice e ao Satellite, o roteiro adaptado por Ruben Santiago-Hudson foi considerado o melhor do ano pelo Círculo de Críticos Negros de Cinema dos EUA e pelos críticos de Chicago (indie). Caso tivesse aparecido também por aqui, de forma alguma teria sido uma injustiça.
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