Responsável pela maior mudança na premiação da Academia em 2021 – em termos de quantidades de categorias, ao menos – a de Melhor Som está combinando em uma só as antigas “Melhor Edição de Som” e “Melhor Mixagem de Som”, que atuavam em separado desde 1980 (nesse meio tempo, chegou a haver uma categoria chamada apenas de “Melhor Som”, mas em conjunto com a de “Melhores Efeitos Sonoros”. Agora é tudo uma coisa só). Com essa unificação, as premiações dos sindicatos – que continuam divididas – tiveram suas importâncias diminuídas, ainda mais que há três a serem levadas em consideração nesse assunto: a Association of Motion Picture Sound (AMPS), a Cinema Audio Society (CAS) e a Motion Picture Sound Editors (MPSE). Na primeira delas, os cinco concorrentes foram os mesmos selecionados pelo Oscar, e o escolhido deles deu um passo à frente na preferência dos votantes, já tendo meio caminho garantido para o ouro hollywoodiano. E os demais, quais as chances de cada um? E quem ficou de fora? Confira as nossas apostas em Melhor Som!
Indicados
Nicholas Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés Navarrete e Phillip Bladh, por O Som do Silêncio
Assim como em Soul, este é um quesito de suma importância na trama de O Som do Silêncio – tanto é que está até no título do longa. Mas, se na animação da Pixar o foco está mais na trilha sonora, aqui as atenções estão todas voltadas aos pequenos ruídos, ao mínimo barulho, a qualquer estalo que possa ser percebido. Afinal, o protagonista, um baterista de uma dupla de heavy metal, está passando pelo maior dos seus pesadelos: sua audição foi gravemente afetada e está progressivamente desaparecendo. Como se vê, portanto, o som nessa história é tão relevante quando presente como, ainda mais, nos momentos de sua ausência. E saber dosar esses dois momentos faz toda a diferença, algo que o quinteto de estreantes – todos concorrendo ao Oscar pela primeira vez – fez com impressionante habilidade. Premiado pela AMPS (e derrotando junto aos profissionais da área os mesmos quatro concorrentes vistos aqui), no Satellite, na DiscussingFilm Critics, na International Cinephile Society, na International Online Cinema Awards, pela Online Film Critics Society, pela Associação de Críticos Latinos de Cinema e pelos críticos do Havaí, este filme está indicado também ao Bafta, na Cinema Audio Society e em três categorias da MPSE (Diálogos, Efeitos Sonoros e Trilha Ambiente). É, portanto, aquele a ser derrotado.
Coya Elliott, Ren Klyce e David Parker, por Soul
A produção da Pixar já tem praticamente duas estatuetas garantidas: Melhor Longa de Animação e Trilha Sonora. Se a paixão dos membros da Academia for ainda maior, é possível que saia premiado também nessa disputa. Isso porque a jornada do pianista de jazz que, às vésperas da sua grande chance, morre em um acidente e passa a lutar para voltar à Terra, é indiscutivelmente bela e repleta de momentos em que muito mais do que o que é visto, é aquilo ouvido que faz a diferença. Indicados ao Bafta, ao AMPS, ao CAS e ao MPSE, está em todas as listas quando o assunto é o Som, ainda que pareça ser aquele que está sempre por perto, quase lá, mas nunca no altar. Ainda assim, não pode ser desconsiderado, ainda mais pelas credenciais dos indicados: David Parker conta com 11 indicações e 2 vitórias (O Paciente Inglês, 1996, e O Ultimato Bourne, 2007), enquanto que Ren Klyce tem aqui sua nona indicação. Coya Elliott pode estar sendo indicado pela primeira vez apenas, mas tem no currículo filmes como Transformers (2007), Star Wars: Os Últimos Jedi (2017) e Toy Story 4 (2019).
Warren Shaw, David Wyman, Beau Borders e Michael Winkler, por Greyhound: Na Mira do Inimigo
Apesar de contar com Michael Winkler entre os indicados (esta é a décima terceira indicação dele, já premiado por Falcão Negro em Perigo, 2001, Chicago, 2002 e Dreamgirls, 2006), o épico marítimo estrelado por Tom Hanks (protagonista também de Relatos do Mundo, outro sem muitas chances de vitória) foi lançado no meio da pandemia apenas na AppleTV+ e é de se surpreender que uma quantidade suficiente de pessoas o tenha assistido para ter lhe rendido ao menos essa indicação – a única recebida no Oscar! Apesar de ter sido indicado também ao Bafta, pela AMPS, pela CAS e pela MPSE (Diálogos e Efeitos Sonoros), não levou a melhor em nenhuma dessas disputas. A conclusão mais provável é que tal reconhecimento seja mais em homenagem aos profissionais envolvidos do que pela qualidade em si do trabalho apresentado.
Willie D. Burton, Richard King, Kevin O’Connell e Gary A. Rizzo, por Tenet
Um quarteto de peso – todos já foram premiados no Oscar! Burton tem duas estatuetas (Bird, 1988, e Dreamgirls, 2006), King tem quatro (Mestre dos Mares, 2003, Batman: O Cavaleiro das Trevas, 2008, A Origem, 2010, e Dunkirk, 2017), O’Connell tem uma vitória (Até o Último Homem, 2016) – e um total de 21 indicações! – e Rizzo já ganhou em duas ocasiões (A Origem, 2010, e Dunkirk, 2017). Como se vê, apenas veteranos com talentos mais do que comprovados. Mesmo assim, foram ignorados nessa temporada. Mas, a culpa é mais do filme do que deles, que entregam um resultado espetacular em cena – muitas das qualidades do longa são potencializadas pelo som da produção. Apontado como o título mais aguardado durante a quarentena provocada pela pandemia do Covid-19, quando finalmente chegou às telas Tenet provocou mais decepções do que demonstrações de ânimo. Nem tanto por ser confuso, mas por ter prometido muito mais do que acabou entregando. Mesmo assim, conquistou duas indicações ao Oscar – Efeitos Visuais e Design de Produção – e faria bonito se tivesse levado também essa aqui. Afinal, o mesmo reconhecimento surgiu em indicações ao Satellite, Associação de Críticos Online, Music City Film Critics’ Association, Associação de Críticos Latinos de Cinema, International Online Cinema Awards, International Cinephile Society, Gold Derby Awards, DiscussingFilm Critics, CinEuphoria Awards e ainda duas indicações na premiação da Motion Picture Sound Editors (Efeitos Sonoros e Trilha Ambiente).
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