Estrondoso sucesso no início dos anos 90 com elenco encabeçado pela veterana Eva Todor e sob a direção de Wolf Maya, a peça Como se tornar uma supermãe em dez lições é inspirada no best seller Manual da Mãe Judia, de Dan Greenburg. Quase duas décadas depois, o espetáculo reestreia em São Paulo, agora com o festejado Alexandre Reinecke (um especialista em comédias de sucesso) e com a queridíssima Ana Lúcia Torre no papel principal.
A história é bem simples e de fácil identificação, sendo sua mãe judia ou não. Impossível não se lembrar das respectivas nos momentos de superproteção. Daniel vive sufocado pela mãe em todas as áreas da sua vida, e após ser atrapalhado mais uma vez por ela num momento importante de sua carreira, resolve então contar um pouco da infância no seio de uma família de judeus. O pai que não tem voz ativa, uma irmã meio destrambelhada e outros personagens que surgem no decorrer da história. Um texto que deixa a nítida sensação de repetição, de que já vimos isso em tantas outras produções, situações cômicas – de mães exageradas – já exploradas a exaustão. Até é divertido, mas não foge da impressão de “comida requentada”.
O elenco parece entrosado e se diverte junto com o público, mas estão em sua maioria longe de bons trabalhos. Luciano Gatti e Flávia Garrafa pecam pela caricatura exagerada, Ary França consegue fazer rir sem dar uma única palavra e Danton Mello, vindo de um ótimo trabalho em 39 Degraus, se atrapalha um pouco na composição da personagem, mas o ator tem tamanha empatia com os espectadores que acaba conquistando. Mas como não poderia deixar de ser, a “super mãe” do título é o papel mais importante. E como ele é feito por uma “super atriz”, ela carrega o espetáculo nas costas e o salva. Atriz de longa carreira, Ana Lúcia Torre parece que foi descoberta recentemente. Começou a ganhar papéis de destaques na tv (Amor Eterno Amor) e no cinema (Reflexões de um Liquidificador, por este vencedora de vários prêmios , inclusive o de Melhor Atriz no XVI Guarani), apesar da demora, o reconhecimento veio e a intérprete está à frente nos três veículos, dominando a comédia como poucos. Ana Lucia nos faz gargalhar e ter raiva dessa mãe , numa atuação a ser lembrada.
Uma direção ágil e que dá liberdade para os atores brilharem e se divertirem em cena, um cenário funcional que consegue dar vida aos diversos locais citados no texto e figurinos simples completam o espetáculo. A fácil similaridade do tema arrebatará as pessoas que querem se divertir, e enquanto simples diversão o papel é cumprido. Mas, a mim, como já disse, fica um cheiro de mofo no ar.
Cotação: (**) Regular