Nesta segunda-feira, 15, à convite da Paramount Pictures, conferimos cerca de 16 minutos de cenas aleatórias de Rocketman (2019), cinebiografia do astro Elton John que chega aos cinemas brasileiros no dia 30 de maio cercada de muitas expectativas. Talvez uma das grandes dúvidas dos que aguardam ansiosos pela estreia desse grandioso projeto seja o desempenho de Taron Egerton, encarregado de viver o londrino nascido nos anos 40 que se tornou um dos maiores nomes da música. Embora os trailers dessem uma ideia do que esperar nesse sentido, os vislumbres mais demorados de algumas passagens e, sobretudo, a variação emocional das apresentações deixou uma ótima impressão. Egerton, a priori, sai-se muito bem como os vários Eltons, partindo das incertezas diante da carreira tão árdua quanto gloriosa, chegando às dificuldades para lidar com turbulências afetivas e vício em drogas. Ao que tudo indica, o ator está à altura do desafio, inclusive fazendo bonito ao entoar sucessos marcantes como Tiny Dancer.
Nos quase 20 minutos vislumbrados, Rocketman surgiu como exemplar abertamente musical, no qual as letras auxiliam sobremaneira a contar a história. Os personagens se expressam, às vezes, efetivamente cantando. Nesse sentido, chamou a atenção uma belíssima cena de desavença entre Egerton e Jamie Bell, o intérprete de Bernie Taupin, compositor que colaborou com Elton John em várias canções emblemáticas. Se valendo de uma delas, a conhecida Goodbye Yellow Brick Road, o parceiro confronta a estrela e seu comportamento destrutivo, deixando-o para trás ao som da balada que menciona a tristeza de alguém diante da intransigência de outrem e a saudade dos lugares de origem. Não faltam, também, menções à diferença entre Reginald Kenneth Dwight e seu alterego que, com figurinos espalhafatosos e óculos estilosos, se distancia muito do menino tímido e discreto de outrora.
Em diversos instantes, o cineasta Dexter Fletcher, e mesmo a própria Paramount Pictures, mencionou que Rocketman é uma cinebiografia fantasiosa, inclinada a utilizar o verniz da fábula para melhor contar uma trajetória que, afora os percalços, parece saída de um conto de fadas. Esse descolamento circunstancial do estrito realismo pode ser visto no primeiro grande show que Elton faz nos Estados Unidos, em que a plateia literalmente flutua ao ouvi-lo cantar. O inglês igualmente flana, estabelecendo, assim, uma ponte metafórica com aqueles que asseveram seu talento e se deleitam diante da singularidade de sua voz. Pelo que deu para perceber, essa comunicação entre fantasia e realidade será constante, até como modo de dar outras camadas à já mencionada discrepância entre o cidadão e sua persona dos pacos, uma distância que tende a ser diminuída com o tempo, ocasionando uma evidente fusão simbólica. A displicência paterna é citada de relance, mas parece ser importante no contexto.
Na sequência em que Elton e a banda conversam com um empresário, Rocketman se assemelha bastante a Bohemian Rhapsody (2018), produção que possui excertos bem parecidos. Basta dizer que Dexter Fletcher, aqui integralmente responsável pelo resultado como diretor, foi contratado na ocasião para terminar a cinebiografia de Freddy Mercury tão logo houve a demissão de Bryan Singer. As comparações, então, parecem inevitáveis. Por fim, a figura de John Reid (Richard Madden), primeiro empresário de Elton, com quem ele entrou em severo atrito, apareceu frequentemente nesses minutos de degustação, apontando a uma importância, provavelmente, equivalente ao do manager da vida real. Tudo isso e mais um pouco a gente vai ver, e talvez confirmar, a partir do dia 30 de maio, quando estreia Rocketman nos cinemas brasileiros. Agradecemos a Paramount Pictures pelo convite à sessão.
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