Thor, o herdeiro do trono de Asgard, um dos personagens com mais potencial trágico do UCM, estava sofrendo para conseguir um sucesso a fim de chamar apenas de seu. Seu primeiro filme solo se beneficiou da pegada shakespeariana, muito adequada, diga-se, do diretor Kenneth Branagh. Todavia, não chegou a empolgar. O segundo longa-metragem do Deus do Trovão foi pior. Capitaneado pelo cineasta Alan Taylor, é uma coisa sem muito pé nem cabeça, mas, essencialmente insosso. Como, então, não “matar” o personagem e, ainda por cima, configurá-lo novamente? A aposta da Marvel foi bastante ousada, pois a contratação do cineasta neozelandês Taika Waititi – do engraçadíssimo O Que Fazemos nas Sombras (2014) – obviamente apontava para uma mudança drástica de tom. Muitos não gostaram, é verdade, acharam a pegada engraçadinha demais, especialmente se tratando do dramático e solene filho de Odin. Mas, como as produções de super-heróis são guiadas pelo entretenimento, em suas mais diversas possibilidades, Ragnarok acabou sendo uma gratíssima surpresa, exatamente por ter uma sucessão absurda de piadas, praticamente uma atrás da outra, que permite essa repaginação que Thor precisava para finalmente ter destaque no UCM. Não é por fazer graça de quase tudo que ele deixa para trás a sua dimensão fatalista, afinal estamos no momento dos eventos que podem culminar com a extinção de seu lar. A vilã, Hela (Cate Blanchett) é um acerto e tanto, bem como a adição de uma coadjuvante forte (e empoderada) como a Valquíria de Tessa Thompson. Hulk (Mark Ruffalo) vira uma espécie de side kick de luxo, com direito a batalhas em arena e sequências hilariantes. E o Thor de Chris Hemsworth já não é aquele deus emburrado, até porque, como permanecer assim depois de conhecer o Homem de Ferro de Robert Downey Jr., o Homem Formiga de Paul Rudd e o Homem-Aranha de Tom Holland?
:: Média 6,6 ::
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