Foram divulgados na noite do último sábado, dia 18 de janeiro, os vencedores do Screen Actors Guild Award, a premiação do Sindicato dos Atores de Hollywood. E os vitoriosos deste ano, além de não surpreenderem em nenhuma categoria, confirmaram também os favoritos ao Oscar 2014, que será entregue somente no dia 02 de março. Neste período de mais de um mês até a cerimônia, os eleitores certamente são influenciados por resultados como o do SAG Awards, um dos mais decisivos da temporada. Mas qual o motivo de sua destacada importância?
Se o vencedor do PGA – Producers Guild Award – se torna forte concorrente ao prêmio de Melhor Filme no Oscar, e o do DGA – Directors Guild Award – sai na frente na disputa de Direção (e o mesmo ocorrendo em quase todas as outras categorias que possuem sindicatos próprios, como o WGA – Writers Guild Awards – para os roteiristas, ou o ADG – Art Directors Guild – para os Diretores de Arte), o impacto dos vencedores do SAG é muito maior. E isso se dá por uma simples questão numérica. Se no PGA votam apenas produtores, e no DGA são os cineastas (e no WGA os roteiristas…), no SAG votam os atores. E, dos mais de 5 mil eleitores do Oscar, cerca de 50% deste contingente são formados por… intérpretes!
Não que os vencedores do SAG sejam necessariamente os mesmos do Oscar – nem sempre o repeteco é tão forte assim. Mas é um forte indicativo. Muito mais decisivo do que o do Globo de Ouro, por exemplo, cujo colégio eleitoral é completamente diverso – neste, votam somente jornalistas estrangeiros que trabalham em Hollywood, ou seja, nenhum deles parte do colegiado do Oscar. Mas como a maioria dos eleitores do Academy Awards não tem tempo para ver todos os filmes da disputa, acabam escolhendo suas prioridades entre aqueles apontados pelos críticos, jornalistas e – óbvio – pelos próprios colegas. É por isso que são determinantes as premiações como o Globo de Ouro e o SAG, mas não somente estes. Há ainda o Spirit Awards (focado no cinema independente, longe dos grandes estúdios e com orçamentos reduzidos), o Festival de Berlim (que acontece em fevereiro), o BAFTA (o Oscar da Inglaterra, também em fevereiro), o Critics Choice Award (o principal prêmio da crítica norte-americana) e outros. É o conjunto destes premiados que determina os favoritos ao Oscar. E é também por isso que os vencedores do SAG apenas confirmam uma tendência já pré-estabelecida.
Matthew McConaughey e Jared Leto (ator e ator coadjuvante de Clube de Compras Dallas) e Cate Blanchett (atriz de Blue Jasmine), portanto, estão praticamente imbatíveis na disputa deste ano. A dúvida, em última análise, está apenas na categoria de atriz coadjuvante, entre duas superestimadas concorrentes, ambas em filmes bastante elogiados: a estrela Jennifer Lawrence, de Trapaça, ou a novata Lupita Nyong’o, de 12 Anos de Escravidão. A primeira, uma escolha equivocada para o papel, se tornou a nova queridinha do momento, principalmente pelo sucesso de público da série Jogos Vorazes. Já a segunda está muito bem em seu personagem, ainda que se trate de uma participação de cerca de 10 minutos num filme de mais de duas horas. Pouco para tanto alarde.
McConaughey, além do SAG e do Globo de Ouro, ganhou também o Critics Choice, o Hollywood Film Festival, o Festival de Roma e os prêmios dos críticos de Central Ohio, Dallas-Fort Worth, Las Vegas, Palm Springs e Phoenix. Leto, por sua vez, ganhou também no SAG, no Critics Choice e no Globo, além dos críticos de Austin, Chicago, Dallas-Fort Worth, Florida, Las Vegas, Los Angeles, New York, Phoenix, San Diego, Santa Barbara, Southeastern, Toronto, Vancouver e Washington. Os dois são os mais premiados deste ano em suas respectivas categorias e praticamente não possuem concorrentes que possam lhes fazer frente.
O mesmo pode ser dito de Cate Blanchett, imbatível como a musa deste ano de Woody Allen. Como a protagonista Jasmine, ela já ganhou o SAG, o Globo, o Critics Choice e os prêmios dos críticos de Boston, Chicago, Dallas-Fort Worth, Florida, Los Angeles, New York, Phoenix, San Diego, São Francisco, Santa Barbara, Southeastern, Toronto, Vancouver e Washington, além do Online Film Critics e na Sociedade Nacional dos Críticos dos EUA. Tal retrospecto mostra sua superioridade evidente perante às demais concorrentes.
Se há alguma dúvida entre os intérpretes indicados ao Oscar 2014, portanto, está na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Lupita Nyong’o, premiada no SAG, foi a melhor do ano no Critics Choice e pelos críticos de Austin, Chicago, Dallas-Fort Worth, Florida, Kansas, Las Vegas, Los Angeles, Phoenix, Southeastern e Washington. Já Jennifer Lawrence, premiada no Globo de Ouro, levou ainda o troféu dos críticos de Central Ohio, New York, São Francisco, Toronto, Vancouver e da Sociedade Nacional dos Críticos. No entanto, contra ela pesa o fato de recém ter ganho um Oscar, no ano passado, como Melhor Atriz por O Lado Bom da Vida (2012), isso sem mencionar que estamos falando de uma moça de apenas 23 anos. Ou seja, uma segunda vitória agora para muitos pode significar um reconhecimento um pouco exagerado em tão pouco tempo.
Entre as demais indicadas ao Oscar 2014 como Atriz Coadjuvante, temos June Squibb, por Nebraska, que foi premiada pelos críticos de Boston, Sally Hawkins, de Blue Jasmine, que apesar das várias indicações ainda não ganhou nenhum prêmio por este trabalho, e Julia Roberts, por Álbum de Família, premiada apenas no Hollywood Film Festival. Como se pode perceber, estas três estão apenas fazendo figuração numa disputa que deverá ser vencida pela mesma premiada no Screen Actors Guild Award. Um resultado de 100% de acerto entre o SAG e o Oscar não é raro, e em 2014 esta mesma ‘coincidência’ tem tudo para acontecer mais uma vez.
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