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Era uma tarde ensolarada no Rio de Janeiro. O Papo de Cinema foi gentilmente convidado para visitar o set de Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano, sequência direta de Detetives do Prédio Azul: O Filme (2017). O rápido sinal verde para o segundo longa-metragem se deu pelo sucesso comercial do primeiro, que conseguiu atingir mais de 1,3 milhão de espectadores. Número excelente. Baseados na série homônima, que vai ao ar na TV a cabo pelo canal Gloob, os filmes são uma possibilidade de angariar novos públicos e, de quebra, oferecer circunstâncias maiores aos fãs. Na chegada, parecia que estávamos diante de uma verdadeira convenção de feiticeiros. Muitos figurantes e coadjuvantes aguardavam do lado de fora do estúdio, devidamente paramentados com figurinos vistosos. Já nesse contato inicial, deu para perceber que o êxito do antecessor tinha garantido um considerável aumento no valor de produção. A estrutura montada, portanto, condiz com a pretensão de atingir mais gente.

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Antes que pudéssemos acompanhar um pouco dos trabalhos, conversamos com a cineasta Vivianne Jundi, veterana da série de TV, mas que com Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano faz sua estreia cinematográfica. E a primeira coisa que abordamos foi a pressão decorrente do sucesso que precede a sua empreitada: “Há uma responsabilidade maior, claro. Quando feito o primeiro filme, todo mundo sabia que a marca era sucesso,  mas não imaginavam a febre que foi. Enquanto era lançado, eu estava na temporada nove. Acompanhei isso com as crianças me contando como estavam sendo as pré-estreias. Isso traz um peso, realmente. Mas é um peso bom, pois se converte em desafio. Também há muito mais ferramentas para trabalhar. Partindo de um êxito, os produtores operam de uma forma bem mais positiva, sabendo que vai haver retorno. Fruto disso, o roteiro do dois é mais ousado. Todo mundo foi colocando mais lenha. Tenho de saber como usar isso tudo“, disse Vivianne.

Perguntada sobre as atuais demandas por mulheres à frente dos projetos e como sua escalação para Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano é importante nesse sentido, a cineasta foi categórica: “Vivi isso muito intensamente na última década, fazendo produtos na televisão. Fui a primeira diretora na emissora em que estava. Então, teve isso de quebrar barreira, depois me estabelecer e seguir com outros produtos. Quando saí de lá, o Gloob prontamente me pegou para fazer o DPA. Eles buscavam o olhar feminino. Foi me colocado isso de forma direta. Eles queriam o cuidado e a delicadeza necessários naquele momento. Depois, isso alavancou as coisas para eu assumir o filme dois. É um desafio enorme, até por se tratar da minha estreia no cinema. Conheço e admiro todas as cineastas que trabalham há anos nisso, estou tentando me cercar de pessoas com tarimba, especialmente mulheres, para estar comigo nessa luta. De qualquer maneira, por ser o primeiro longa, é uma grande tarefa”.

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OS PERSONAGENS

E claro que a alma dos Detetives do Prédio Azul são….os detetives. Letícia Braga, Anderson Lima e Pedro Henriques Motta estão acostumados a interpretar Sol, Bento e Pipo, mas quisemos saber deles como os personagens estão em Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano. “A Sol é uma menina muito animada, louca e aventureira, gosta de pular, brincar e curtir com os amigos. Uma coisa muito importante dela é a fidelidade. Neste filme, quando descobrimos que precisamos ir à Itália, pegamos a vassoura da Berenice e partimos para lá. A Sol fica ansiosa para desvendar os enigmas. O Pipo tem medo de altura, vamos descobrir isso no filme. A Sol dá muito apoio para ele embarcar na aventura, para resolver as confusões, disse Letícia. Já Anderson, que tem um olhar curioso para os meandros da produção – ele disse que sonha em ser diretor de cinema – se atém à experiência do voo de vassoura, que levará os protagonistas literalmente à Itália: “O Bento curte o momento do voo com a vassoura, permanece focado em controla-la. Inicialmente, ele tem um problema para entender isso porque é nada científico, embora já tenha se acostumado com a ideia da existência da magia”. Mas e o intrépido Pipo? Como ele estará nessa nova aventura? “Ele foi o personagem que mais mudou. Na verdade não foram bem mudanças, mas descobertas. Neste filme a gente não apenas vê alguns defeitos do Pipo como, por exemplo, o medo de altura, como também percebemos um lado mais emocional. Sabemos que na série é tudo alto astral, as tramas começam e acabam no mesmo episódio. Já o filme é algo muito maior, podemos explorar mais coisas dos nossos personagens”.

Em Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano, Sol, Pippo e Bento têm um novo caso para investigar: o sumiço da feiticeira Berenice (Nicole Orsini), que participava de um concurso musical quando desapareceu. Para o resgate, o trio se aventura numa vassoura mágica voadora que os leva até a casa do Nonno de Pippo, na Itália. E o cenário da convenção Expobruxo, construído totalmente em estúdio, corroborou a sensação inicial de uma produção maior, acrescida de recursos. Pentagrama gigante no palco, dezenas de partícipes de um convescote de seres extraordinários e uma evidente atenção aos detalhes. Realmente, um cenário de encher os olhos, sintoma da aposta dos produtores na resposta positiva nas bilheterias. Mas, um elemento específico gerou curiosidade desde o anúncio do indício da produção, a nova Dona Leocádia. Não mais interpretada por Tamara Taxman, que também se desligou da série de televisão, a personagem foi assumida por Cláudia Netto, atriz experiente e escolada em musicais.

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A NOVA DONA LEOCÁDIA

“Minha inspiração maior para fazer a Leocádia é o seriado A Feiticeira. Fui lá buscar a essência. Eu era louca pela Endora e por Samanta. Estou muita inspirada em A Feiticeira. Acho isso lindo porque tem a ver. Ao mesmo tempo o filme tem um quê de Harry Potter. É um grande desafio, primeiro, fazer um programa infantil, no qual tenho de me desconstruir. Queria viver uma vilã carismática, pois as crianças não podem ficar com medo de mim, de jeito nenhum. É uma honra substituir a Tamara, que fez um trabalho incrível. Preciso manter o padrão. A minha Leocádia tem um lado engraçado. Ela é uma menina mimada, a dona do prédio, a dona da bola. Vou até dar um spoiler da 11ª temporada (risos). O que a faz mudar de corpo é um feitiço. Leocádia fica muito má, louca ao ponto de transformar gente em vassoura (risos). Estou adorando, é um texto que não imbeciliza a criança. O elenco e equipe são bem família. Mais cedo estava no cenário da Expobruxo e me sentia em Game of Thrones (risos)”. 

Mas e o que os intérpretes dos detetives têm a dizer sobre a nova Dona Leocádia? “Olha, adoro a Cláudia, ela é muito legal. Não a conhecia antes. Tive a grande oportunidade, esse privilégio. É uma mulher super simpática, divertida, engraçada. É uma inspiração, pois nos dá conselhos maravilhosos, nos ajuda na hora da atuação, sabe? Quando está fraco, ela avisa, aí a gente coloca mais energia. Nós amávamos a Tamara, mas tudo pode acontecer, as coisas mudam de uma hora para outra. Não é porque a Tamara saiu que devemos tratar a Cláudia mal. Assim como fomos muito bem tratados quando chegamos ao DPA, estamos tratando muito bem a Cláudia, até para ela entrar na personagem, porque a Dona Leocádia é uma menina bem mimada. Ela agora faz parte da grande família DPA. Tenho certeza que ela nunca vai nos esquecer, assim como nunca vamos nos esquecer dela. Virou um amor, mesmo, um laço”, disse Letícia. E os colegas confirmaram essa sintonia que já parece fina: “A Cláudia Netto é sensacional. Ela tem muito carinho por nós e é uma atriz espetacular. Sentimos o amor que ela tem por essa personagem. Nós a recebemos de braços abertos, e ela aceitou prontamente o nosso carinho”, afirmou Anderson. “A Claudia é uma atriz incrível, super completa, veio de teatro musical. Ela oferece uma leitura nova da Dona Leocádia. Está muito preparada para o filme. Gravar com ela é excelente, pois podemos trocar experiências. Ela tem uma grande bagagem como atriz e nós temos uma bagagem do DPA, completou Pedro.

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Claudia Netto, a nova Dona Leocádia – Reprodução Instagram

DIFERENÇAS ENTRE A SÉRIE DE TV, O PRIMEIRO E O SEGUNDO FILME

“A diferenças dizem respeito a abrir lente, mesmo. A parte divertida é ir às externas. Na série ficamos limitados aos cenários. Agora vamos aos ambientes da cidade, partimos à Itália, vai ter voo de vassoura. O desafio é adaptar à linguagem do cinema, ao tamanho do cinema”, afirmou Vivianne, ciente da responsabilidade. “A série é muito diferente do filme porque na TV tudo é fechado, os problemas são solucionados num episódio e tudo ocorre no prédio azul. No filme temos uma equipe muito maior, e as gravações mudaram por conta das externas. Aliás, elas são as coisas mais legais. No primeiro, tivemos a oportunidade de mostrar que os personagens também são crianças que vão à escola e saem para brincar. Como o filme original fez muito sucesso, vamos viajar à Itália. Foi incrível quando soubemos dessa notícia super irada”, disse Letícia com um largo sorriso no rosto. E o aspecto do tamanho da produção também sobressaiu na visão de Anderson: “É muito maior que a do primeiro filme. Até por conta do orçamento, nosso leque de possibilidades aumentou. Acredito que a ideia seja também buscar novos públicos. Vamos ver os detetives com mais gás, um sentido de emergência maior. Vai ter um voo de vassoura que, querendo ou não, é muito perigoso”.

 

TRABALHANDO COM AS CRIANÇAS

Durante as pouco mais de quatro horas em que ficamos no set de Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano, deu para perceber que a equipe faz de tudo para deixar as crianças à vontade. Para começo de conversa, há uma sala reservada aos pais e/ou acompanhantes, que podem confortavelmente acompanhar o cotidiano laboral dos filhos. Nesse dia, especificamente, Pedro não tinha gravações, mas veio ao set especialmente para conversar com a imprensa. Letícia, a serelepe da turma, papeou conosco fazendo o cabelo, exibindo aquele ar pueril e sapeca que lhe é inerente, mesmo ao analisar questões sérias. E Anderson, o tímido dos três, demonstra um curioso processo de observação às etapas da produção. “Comento muito que enquanto eles tiverem prazer de estar aqui no set com a gente, o jogo está ganho. Então, é manter a alegria e a energia em alta. Isso vai da nossa relação pessoal, de criar vínculos, uma intimidade grande, e, ao mesmo tempo, trazer a aventura do script para dentro do coraçãozinho deles. Há, claro, desafios. Eles estão na transição da pré-adolescência, então é importante atenção.“, disse Vivianne. “Às vezes percebo que eles não estão compreendendo o texto ou a continuidade. Gente, é criança. Eles estudam e normalmente tem horas em que ficam dispersos. Natural. E aí, estou do lado e dou um toque. Eles sacam muito rápido, não à toa fazem o programa há tanto tempo. Isso é uma coisa de coleguismo. Já trabalhei muito com criança e sou meio mãezona. Tenho essa linguagem com eles. Inúmeras vezes os três contribuem com meu trabalho. Absorvo. Isso é troca, mesmo. Ver a alegria que eles têm de transformar o trabalho em brincadeira é inspirador, completa Cláudia.

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Já era noite lá fora quando acabou a nossa visita ao set de Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano. O longa, que será distribuído pela Downtown Filmes, estreia no dia 10 de janeiro de 2019.  

 

(Nossos agradecimentos à Palavra Assessoria, à Paris Entretenimento, ao Gloob e à Globo Filmes pelo convite para esta visita ao set)

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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