Com locações no Rio de Janeiro, Niterói e Nova Iorque, Diários de Intercâmbio é a mais nova aposta da Paris Filmes para fisgar uma parcela jovem do publico. A história dá conta de duas amigas que acabaram de sair da adolescência. A inquieta Bárbara precisa adequar suas expectativas de intercambista ao cotidiano pacato da pequena cidade de Woodstock, distante duas horas de Nova Iorque. Sua amiga, Thaila, descrita na sinopse divulgada pela assessoria de imprensa como uma “contestadora de espírito livre”, se vê trabalhando como babá no seio de uma família norte-americana conservadora e tradicional. Como bem dá para notar por essa simples descrição, é um filme que toca na atualmente tão delicada relação entre pessoas que pensam e agem de maneiras distintas, mas que encontram uma forma de conviver. O Papo de Cinema foi convidado a conferir uma das últimas diárias cariocas. O cenário foi o Aeroporto Antônio Carlos Jobim, conhecido como Galeão, ora numa área em obras, ora no fervo da rotina do local.
Aproximadamente 100 figurantes e 75 pessoas da equipe estavam presentes. Estrutura privilegiada à disposição do cineasta Bruno Garotti, responsável por êxitos comerciais recentes, tais como Eu Fico Loko (2017), Tudo por um Pop Star (2018) e Cinderela Pop (2019). Como é possível notar, nos últimos anos ele se ocupou com longas voltados a um público infanto-juvenil, transitando pelo universo dos amores aparentemente eternos, das dúvidas que sobrevém à saída da infância e o turbilhão de possibilidades que se avizinham. Em Diários de Intercâmbio, porém, Bruno se depara com protagonistas de uma faixa etária diferente, as que tateiam as possibilidades da vida adulta na tentativa de encontrar um rumo satisfatório nesse terreno marcado por autonomia e responsabilidades se avolumando.
“Adoro filme sobre jovens. São aqueles assistidos justamente quando estamos decidindo o que faremos da vida. Alguns deles me inspiraram a querer fazer cinema. Foi um pouco desse universo que busquei para dirigir quando estava correndo atrás da primeira direção. E um projeto acabou puxando o outro. Tive a sorte de trabalhar com adaptações de livros infanto-juvenis. O Diários de Intercâmbio já pega os atores um pouco mais velhos, lida com esse mundo de quem saiu da escola. As protagonistas tentam definir os próprios caminhos. São conflitos parecidos com o que vemos nas histórias para adolescentes, mas um pouco mais urgentes, pois se avizinha a última chance de acertar. Pelo menos essa é a sensação que temos quando estamos nessa idade”, comentou o diretor.
Larissa Manoela e Thati Lopes, respectivamente as intérpretes de Bárbara e Taila, falaram com o Papo de Cinema sobre suas colaborações com Bruno: “Queria muito trabalhar com ele. Meu namorado (Victor Lamoglia) falava maravilhas a respeito do Bruno. Eu buscava essa possibilidade. Ele é muito tranquilo, deixa a gente super à vontade. Tudo que eu e a Larissa propomos é levado em consideração. Nossa, ele é um ótimo diretor. Tenho certeza que nossa temporada em Nova Iorque vai ser tranquila”. Larissa foi numa direção parecida: “É muito especial colaborar com ele. Já tinha referências de amigos que tinham trabalhado com ele. Bruno é fofo, querido e calmo. Você ouve pouco a voz dele no set. Estou confiante no sucesso desse filme, inclusive porque ele é dirigido pelo Bruno. Tenho certeza que vai ser lindo”.
Acompanhando um pouco do processo de trabalho de Bruno, dá para entender o porquê ele suscita esse bem-querer em suas protagonistas famosas. A principal cena a ser rodada no dia de nossa visita ao set se tratava de um diálogo entre elas e o amigo estrangeiro Brad (David James), comissário de voo gringo apaixonado pelo Brasil. Antes do trio se encontrar, ambas tentam convencer os passageiros do desembarque a pegarem um táxi para deslocamento imediato. A função envolvia um número enorme de figurantes, várias tomadas e, ainda por cima, a complexidade inerente ao fato das atividades se desenvolverem numa parte em pleno funcionamento do maior aeroporto do Rio de Janeiro. Mesmo com toda a responsabilidade, Bruno permanecia sereno, dando instruções à sua equipe de maneira cordata, ao menos aparentando ter amplo controle sobre aquela estrutura gigante à sua disposição para o filme.
Pela falta de tempo e a necessidade de cumprir o cronograma, pois toda a produção se transferiria nos dias seguintes para os Estados Unidos, demoramos para conseguir conversar com as protagonistas e, também, mais detidamente com o diretor, numa espera que, entremeada, começou após o almoço e se estendeu até as primeiras horas da noite.
QUAIS OS ATRATIVOS DAS PERSONAGENS?
Em momentos distintos, entrevistamos Larissa Manoela e Thati Lopes sobre o que as motivou a aceitar os papeis em Diários de Intercâmbio. “Primeiro, a vontade de interpretar uma menina muito jovem, amiga da personagem da Larissa Manoela. E a possibilidade de fazer um filme lá fora, de rodar em Nova Iorque. Quando me mandaram o roteiro já estava definido que haveria filmagens nos Estados Unidos, então falei na hora que queria. O roteiro é legal, divertido, leve, tudo que eu queria naquele momento”, afirmou Thati. “Tenho muita vontade de fazer intercâmbio, mas com a minha vida corrida é quase impossível arrumar tempo. Quando recebi o roteiro, me parecia uma boa viver uma intercambista e realizar, de certa forma, meu sonho, ainda que atuando. Logo de cara me identifiquei muito, o roteiro é dinâmico, bacana, as histórias se entrelaçam de maneira gostosa. Tenho certeza que muita gente vai se identificar com isso de sair de casa para crescer como pessoa e profissionalmente”, completou Larissa adiante.
AFINAL, SOBRE O QUE FALA DIÁRIOS DE INTERCÂMBIO?
“O filme fala sobre correr atrás de sonhos. As personagens são de Niterói, sou de São Gonçalo, um município vizinho. É muito próximo ao que vivi bem no inicio, quando vinha para o Rio de Janeiro em busca da realização de meus sonhos. A Bárbara é focada, a Thaila é um espírito livre”, afirmou Thati. “Fala da vontade de enfrentar novos desafios em relação a sair da sua zona de conforto para encarar um novo país, com outros idioma e afazeres. Admiro muito os intercambistas. O enredo faz com que as pessoas tenham um olhar sobre outro país, com parte do elenco estrangeira e um cenário norte-americano. Espero, de verdade, que o público se interesse por essa história”, disse uma empolgada Larissa Manoela após uma jornada estafante de filmagens que contou com muitos deslocamentos e trocas de roupa.
THATI E LARISSA, ESCOLAS DE ATUAÇÃO DIFERENTES
De cara, quando pensamos num filme em que Larissa Manoela e Thati Lopes contracenam, sobressai o fato de que ambas são de escolas de atuação bastante distintas. A paranaense Larissa é cantora e atriz, está embaixo dos holofotes desde cedo. Debutou nos cinemas em O Palhaço (2011) e ganhou notoriedade nacional ao viver Maria Joaquina na versão brasileira de Carrossel. Sua carreira ascendeu, fazendo dela uma verdadeira estrela que arregimenta uma horda de admiradores. A fluminense Thati começou no teatro, ganhou destaque ao viver a personagem Gabi no musical Tudo por um Popstar. Depois de passagens por novelas da Rede Globo, foi contratada pelo grupo humorístico Porta dos Fundos. Integrar a trupe de sucesso na internet lhe deu visibilidade sem precedentes. A partir disso, é associada à comédia. Mas, então, como fazê-las “funcionar” juntas? “Essa heterogeneidade é oportuna. Elas são de ambientes diferentes, mas são prodígios. Incorporam personagens muito diferentes. Para mim o intercâmbio é algo muito maior do que a própria viagem. Ele pode acontecer na troca com qualquer pessoa que pensa diferente. O choque entre essas duas meninas as leva a crescer”, afirmou Bruno.
“Cara, a interação com a Larissa está maravilhosa, melhor impossível. Combinamos bastante o que fazer. Nos divertimos juntas. Já imaginava que seria assim, até por conta do que nossos amigos em comum falavam sobre ela. Apenas confirmei isso e está sendo ótimo” disse Thati. Já Larissa, destacou a parceria desenvolvida a partir dos bastidores: “Já era fã da Thati, via os vídeos dela, seguia, assistia aos filmes. Ela é muito divertida e generosa. Criamos um vínculo bem legal. Temos uma distância grande de idade, mas olhando a gente juntas, filmando, parece que estou mais velha (risos). Thati é muito jovial, tem um astral ótimo, uma cabeça bem dinâmica. Espero que as pessoas acreditem que nossas personagens são amigas, pois eu e ela somos mesmo, falamos sobre tudo”.
FILMAGENS NOS ESTADOS UNIDOS
Boa parte da trama de Diários de Intercâmbio transcorre nos Estados Unidos. Pela previsão meteorológica, a equipe teria um inverno rigoroso pela frente. E Bruno mencionou os desafios da rodagem noutro país: “A gente sempre está pensando numa forma de complicar a própria vida, só pode (risos). Os recursos são quase iguais. Mesmo a galera que trabalha em Hollywood, ao dar entrevistas, vai dizer que gostaria de mais estrutura. Claro. Sempre queremos mais. Essa é uma história que pede alguns recursos mais complexos, por exemplo, a viagem a Nova Iorque. Nos Estados Unidos constantemente lidaremos com a imprevisibilidade. Desde a concepção do filme, pensava numa forma mais livre de filmar, numa decupagem mais fluida, inclusive porque isso, na minha cabeça, se adaptaria melhor a essa imprevisibilidade. O desafio é um monstro. À noite vou dormir rezando para que dê tudo certo (risos). Tenho uma equipe incrível, uma estrutura legal, e a gente encara o desafio como algo interessante”.
Já próximo às 20h (chegamos ao set às 13h), foi necessário apressar o passo, exatamente num horário complicado, de grande circulação no local. Em meio a essa movimentação coordenada, às vezes ficava difícil diferenciar figurantes de transeuntes comuns. Mesmo correndo contra o tempo, Larissa Manoela foi muito solícita quando abordada por fãs mirins que pleiteavam tirar fotos com ela. Aliás, algo curioso em Diários de Intercâmbio é que a atriz desempenha um papel adulto, novidade em sua carreira repleta de figuras então equivalentes à sua meninice. “Tentei estar preparada para crescer, evoluir, estar disponível para fazer personagens maduros e tocar em outros temas. Consigo me identificar com minha personagem e injetar nela coisas minhas. É a primeira vez que interpreto alguém mais velha que eu. A Bárbara tem 21 anos, tenho 19. É uma baita experiência falar sobre amadurecimento e responsabilidade”, disse Larissa, esbanjando simpatia mesmo após um dia tão estafante.
Diários de Intercâmbio deve chegar ainda em 2020 aos cinemas. Aproveitamos para agradecer à equipe da Atômica.Lab, assessoria de imprensa que nos acompanhou na ocasião, e à Paris Filmes pelo convite. Fique ligado no Papo de Cinema para mais informações a respeito dessa produção que promete dar o que falar.
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