Um dos mais célebres suspenses de Agatha Christie ganhou uma versão para as telonas pelas mãos de ninguém mais, ninguém menos que Sidney Lumet, a cabeça por trás de 12 Homens e Uma Sentença (1957), Serpico (1973), Um Dia de Cão (1975) e Rede de Intrigas (1976). Entretanto, o romance de escritora acarretava um problema óbvio: enquanto nas páginas há tempo e espaço suficientes para estabelecer cada um dos 12 suspeitos a bordo do Expresso Oriente, da vítima e dos auxiliares do detetive Hercule Poirot (Albert Finney, vivendo de forma caricata um dos personagens mais famosos da Dama do Crime), nas telas era preciso fazer esse reconhecimento de forma mais direta. Logo, entra em cena um festival de nomes que, à época do lançamento, estavam em alta com o grande público: Lauren Bacall, Ingrid Bergman, Sean Connery, Anthony Perkins e Vanessa Redgrave, para citar alguns. A trama é simples, e envolve um dos conceitos favoritos na literatura de Christie: o quarto impossível. Um crime é cometido de uma maneira que, aparentemente, não pode o ter sido por algum dos suspeitos e, entretanto, alguém tem de ser o culpado. Aqui, durante uma longa de viagem de trem pelo velho continente, um ricaço de moral dúbia é assassinado em sua cabine, fazendo com que todos os passageiros do vagão sejam considerados suspeitos. E que o filme funcione é incrível, pois se trata de uma trama basicamente focada em diálogos expositivos entre pessoas sentadas em compartimentos fechados – e o clímax, que tem mais de vinte minutos, é incrivelmente magnético. Claro que, para isso, foi preciso um Sidney Lumet e um elenco de ponta.
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